Na hora do almoço, voltei para a minha mesa para arrumar minhas coisas.
O objeto de decoração em forma de asteroide na minha mesa foi um presente de Cláudio no ano da nossa formatura. Naquela época, ele me disse, com a maior convicção, que eu era o seu universo.
Eu ri ironicamente, olhei para o objeto uma última vez, e o coloquei na caixa.
Quando estava saindo, segurando a caixa, Gabriela entrou de repente no escritório, com uma expressão aflita.
— Pessoal, desculpa, mas acho que perdi meu colar. Será que vocês podem me ajudar a procurar?
Os outros colegas começaram a cochichar entre si.
— Eu vi o colar da diretora Gabriela hoje. Aquele diamante é enorme, brilha demais!
— Acho que ela está sendo boazinha. Provavelmente alguém viu o colar e a ganância falou mais alto.
— Meu Deus! Tem um ladrão no nosso escritório! Agora entendo por que os biscoitos na minha mesa sempre sumiam!
Cláudio acompanhou Gabriela e pediu para os seguranças da empresa bloquearem a porta e revistarem todo mundo.
Quando chegou a minha vez, larguei a caixa no chão para que ele pudesse revistá-la.
Ele viu imediatamente o asteroide em cima das minhas coisas. Ele parou por um segundo, e depois pediu para o segurança virar a caixa no chão.
Com o barulho, o objeto se espatifou, virando lixo. Assim como meu relacionamento de seis anos, que, uma vez rachado, não pôde mais ser consertado.
Alguns seguranças reviraram minhas coisas, e de repente, Gabriela colocou a mão na boca, assustada. — Meu colar!
Todos no escritório foram atraídos pelo grito. Eles me encararam, apontando e cochichando pelas minhas costas.
— Não acredito! A Letícia roubou o colar da nova diretora! Se o vice-presidente não tivesse mandado trancar a porta, ela já teria fugido com o colar, não é?
— Nunca pensei que Letícia fosse esse tipo de pessoa. Você realmente não conhece ninguém. A diretora nova só roubou o cargo dela e ela já foi mesquinha assim!
— Ela é muito vingativa! Que tipo de pessoa rouba desse jeito... Sorte que ela está se demitindo, senão eu teria medo de ficar no mesmo ambiente que ela.
Meu rosto ficou pálido. Eu jamais pegaria o colar de Gabriela. Enquanto eu estava no escritório de Cláudio, alguém mexeu nas minhas coisas.
O rosto de Cláudio ficou lívido. Ele pegou o colar de diamante no meio da bagunça.
Ele segurou o colar e me olhou como se estivesse completamente decepcionado. — Letícia!
Ele gritou meu nome com raiva, enquanto eu olhava para os meus pertences sendo pisoteados. Ele pisou com força nos pedaços do meu asteroide.
Quando levantei a cabeça, ele, sem hesitar, me deu um tapa na cara. — Peça desculpas à Gabriela. Por que você roubou o colar que dei a ela?
Naquele momento, eu desisti de vez.
Ele segurava o colar de um milhão de reais que deu para Gabriela, enquanto pisoteava o meu presente barato, que não custava nem um décimo daquele valor.
Num instante, as lágrimas escorreram. Ser mal interpretada por todos os meus colegas não doeu tanto quanto o tapa de Cláudio, meu namorado por seis anos.
Ele realmente não acreditava em mim?
Vendo que eu não dizia nada, ele me arrastou como se eu fosse um lixo e me jogou na frente de Gabriela, gritando: — Eu mandei você pedir desculpas! Explique por que você roubou!
Um brilho de satisfação passou pelos olhos de Gabriela, que logo agiu como se estivesse preocupada. Ela estendeu a mão para me levantar do chão gelado.
Eu afastei a mão dela. Reuni o que me restava de dignidade e me levantei sozinha.
Com os olhos cheios de lágrimas, levantei a cabeça e disse: — Eu não peguei! Há câmeras no escritório. Quero ver as imagens para provar minha inocência!
— Além disso, um colar de diamante é algo que eu nem me daria o trabalho de pegar! — Encarei Gabriela e disse cada palavra com clareza.