O Jantar com a Linete
Saí do escritório por volta das dezoito horas. O prédio já estava mais silencioso do que o normal, já que a maior parte dos funcionários havia ido embora. A Ava, como de costume, saiu mais cedo, às dezessete horas, acompanhada do pai e da irmã. Ainda vi quando o carro deles deixou a garagem, e um alívio tomou conta do meu peito, porque eu sabia que não correria o risco de cruzar olhares com ela justamente no dia em que eu precisava enfrentar meu passado de frente.Respirei fundo, ajeitei o paletó e segui para a garagem. O motorista abriu a porta do carro, mas dessa vez pedi que não fosse. Eu mesmo iria dirigir. Precisava desse momento só meu, desse percurso para organizar o que estava prestes a fazer.Dirigir até o bairro onde a Linete morava foi como voltar a uma estrada que eu jurava ter abandonado. O coração batia acelerado, não de ansiedade boa, mas de uma espécie de repulsa que eu já reconhecia como parte da minha cura. Será que