03 - Helena Lira

Helena Lira

Nosso voo foi muito, muito, muito longo, no meio da viagem resolvi pegar meu tablet e começar a olhar algumas das minhas matérias para o próximo semestre, Laís decidiu fazer faculdade de turismo já que não queria seguir os passos da mãe que foi uma enfermeira e nem de CEO como o tio Bruno, mas ela estava quase dando orgulho para a tia Bonnie que durante muitos anos administra o museu que ela tanto ama.

Vejo que terei umas matérias, bem complicada. Diferente da minha amiga, seguirei os passos do meu pai, com o tio Augusto e a tia Vanessa, eles me treinarão com a Alisson para assumir a empresa deles.

Já que o Henrique, reviro os olhos só de me lembrar dele.

Bom o Henrique por motivos óbvios não assumirá a empresa que eles tanto se empenharam em fazer crescer e a transformar no que é hoje.

Estou olhando as matérias e fazendo algumas anotações em um bloquinho, vejo quando o Petter sentar na minha frente, ele tira o fone do ouvido e afrouxa um pouco a sua gravata, ele realmente é um homem muito bonito, tem os olhos azuis e fico impressionada em como se parece com a mesma tonalidade do mar em Santorini, ele tem um olhar penetrante e algo me fazia ter pensamentos com ele me imprensando no banheiro da aeronave, sacudo a cabeça e afasto esses pensamentos para beeeem longe, ele é o segurança da minha melhor amiga.

— Helena está com quantos anos? — Largo o meu tablet e tento entender o motivo da sua pergunta, mas o respondo com outra.

— Por que o interesse, vai me levar para a Disney? — Ele me dá um sorriso e vejo que seus dentes são lindos também.

— Perguntei primeiro, pode responder à pergunta por favor? — Posso ter crescido, mas continuo a mesma sapeca.

— Idade suficiente para não ter de responder, se me der licença estava estudando um pouco. — Ele se inclina na mesinha e pega o tablet da minha mão, tento pegar o tablet, mas ele o afasta do seu corpo.

Temos um pequeno embate, acabo sentada no colo dele e sinto seu carinho em minha costa, tento manter a minha mente no agora e não nos sentimentos que me levam para a noite na praia.

— Meu irmão é uma criança, ele não tem envolvimento com isso. — Saio do seu colo e vou para dentro do banheiro e me sento um pouco no sanitário e deixo minhas lágrimas saírem.

Consigo me lembrar do Henrique gritando comigo durante o aniversário da Laís, isso me magoou tanto, foi como se todo aquele sentimento que ele sempre alegava dizer que tinha por mim, tivesse sumido, por isso não nos falamos mais.

Evito até hoje qualquer contato com ele e não me arrependo, mas a minha mãe ficou muito magoada com o nosso afastamento. Mesmo assim não conseguia olhar para ele e não me lembrar da forma como ele me olhou com raiva e falou comigo como se eu fosse alguém que devia obedecer às suas ordens.

Sei o quanto ele sofreu quando a sua noiva sofreu o “acidente”, ele se fechou para o mundo e não quis mais contato com ninguém, ainda quis ir até o velório, mas a tia Carol fez questão que fosse passar as férias com a Laís na Grécia, meus pais concordaram, então acabei não indo, e isso só nos afastou mais ainda.

Ouço uma leve batida na porta.

— Amiga, está tudo bem? — Era a Laís preocupada comigo, devo ter demorado mais que devia aqui dentro.

— Está, sim, estou saindo… — Lavo minhas mãos e tento melhorar um pouco o meu rosto

Saio do banheiro e pego o meu tablet, me sento de frente para minha amiga que tinha um sorriso no rosto e o Petter estava um pouco mais afastado e tinha sua aparência novamente impecável.

— Vai me dizer o que ouve enquanto eu cochilava. — Ela me pergunta baixinho.

— Não aconteceu nada, deixe de ser curiosa e se acontecer algo pode ter certeza que será a primeira a saber. — Ela senta na poltrona ao meu lado e levanta o meu rosto.

— Helena, por mais que sempre tenha ouvido as regras impostas a mim, nada disso se aplica a você, então minha amiga se gosta de alguém pode ir fundo e se entregue a paixão, mais faça o que o tio Edu falou, use preservativo. — Ela é tão sacana que fala mais alto e tenho certeza que o Petter ouviu o que essa engraçadinha falou.

Sinto as minhas bochechas queimarem com a vergonha que sinto e olho com discrição em direção do nosso segurança.

— Não sei Laís, ainda penso nele, acho que se o procurar, talvez ele podemos conversar… — Nem termino de falar com a careta que ela fazia.

Mesmo que tenha me afogado naquela noite, depois que ele terminou o nosso namoro, às vezes ainda me pego pensando na possibilidade de haver uma segunda chance para nos dois. Mesmo entendendo que algo deve ter acontecido para ele chegar na decisão de terminar.

Tenho certeza que algo aconteceu, porque Tanaka demonstrava que me amava, não seria apenas o fato de que ele assumiria o seu lugar de nascença o suficiente para nos fazer separar, algo aconteceu e um dia ainda descobrirei.

Depois que pousamos, Petter nos levou para o hotel que havíamos reservado, iriamos sair para turistar apenas no dia seguinte, já era de madrugada e estávamos todos cansados. Entrei para o meu quarto carregando a minha mala e a coloquei próxima à cama, abri e procurei uma peça mais confortável para dormir. Escolhi uma camisola de seda, tomei um banho rápido e logo cai na cama exausta.

Pela manhã, acordei com a minha mãe mandando mensagem querendo saber como estava, respondi e levantei para tomar um banho, já amanhece quente aqui. Escolho uma bermudinha e uma camiseta amarela, faço duas tranças lateral de cada lado e uso um lenço na cabeça para completar o look.

Estava pronta para passar o dia andando por algumas cidades próximas e museus, sabia que Laís me puxou para esse mochilão na esperança de que saísse dessa tristeza que ainda sentia. Antes de sair do quarto coloco a minha máscara para esconder a depressão que convivo desde meus dezoito anos, saio para a sala que dividia o meu quarto e o da Laís, percebo que o Petter estava usando algo um pouco mais com cara de turista. Estava na cara que a Laís o forçou a trocar de roupa, apenas ri da situação.

Tomamos café tranquilamente na varanda olhando o Coliseu e sei que a Laís fará de tudo para ir e passar o máximo de tempo nos pontos turísticos que havíamos escolhidos.

— Venha Petter, tome café conosco. — Minha amiga fala enquanto estou me servindo com café.

— Obrigado, mas já tomei assim que me levantei. — Ele fala e olho para o seu rosto.

Ele pisca na minha direção e reviro os olhos, volto a minha atenção para arrumar meu café. Depois de muita insistência ele acaba sentando na cadeira vazia ao meu lado, ele coloca o seu óculos escuro e sinto seu olhar em cima de mim da mesma forma.

— Não faço ideia do que tem em mente, mas quero ir passear ali. — Ele suspira e apenas concorda.

Depois que terminamos o nosso café saímos em direção ao nosso primeiro dia de passeios e não posso negar que me diverti muito com a minha amiga, ela me carregava praticamente para todos os lugares que ela queria entrar, compramos várias lembranças que tenho certeza que vão apenas acumular poeira pelos cantos.

Mesmo que o Petter tenha se mantido afastado, percebia que ele se aproximava sempre que a Laís estava um pouco mais afastada ou simplesmente fingia dar atenção alguma coisa apenas para nos dar um pouco de privacidade, estava começando a gostar de tê-lo por perto, dos toques sutis que me dava, ou quando era simplesmente chamado para tirar uma foto comigo.

— Adoro o seu perfume. — Ele disse no momento de uma foto.

Ele estava com a sua mão passando por minha barriga e apertava contra o seu corpo, não pude deixar de notar que ele tinha uma ereção sutil, encostando na minha bunda.

Alguns dias depois, em uma manhã no quarto estava sozinha com a Laís, começo a sorrir lembrando do selinho que quase aconteceu no dia anterior quando chegamos no hotel.

— Por que não deixa rolar? — Olho em direção a minha amiga.

— Você sabe o porquê! — Volto a comer o meu lanche enquanto a ouço reclamar.

Os dias do nosso mochilão foram se passando e via como ele começava a se preocupar em não dar conta de nos proteger sozinho, quando ele decide ligar para o senhor Fritz explicando sobre o seu temor, ele consegue o aval para chamar um reforço.

Ele começou a ter mais oportunidades, creio que foi uma armação da Laís, então ele sempre tirava uma casquinha de mim, atualmente vive sentindo o meu cheiro, mas ele não teve realmente coragem de entrar no meu quarto. Minha mãe tem mandado mensagem diariamente querendo saber como estamos, se estou gostando do passeio e ainda não consegui conversar com ela sobre o Petter.

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