Os dias seguintes foram um campo minado para Alicia. Cada gesto de Roberto, por menor que fosse, parecia carregar um peso diferente, um olhar mais longo, um beijo mais demorado, como se ele estivesse procurando algo ali, nas entrelinhas do comportamento dela.
Alicia tentava disfarçar, tentava sorrir, tentava ser a esposa que ele merecia, mas era como vestir uma roupa apertada demais, sufocante, impossível de manter por muito tempo.
Naquela noite, Roberto chegou mais cedo do trabalho. Não avisou. Apenas entrou, deixando as chaves na bancada e os olhos fixos nela, que estava deitada no sofá, tentando ler um livro que não conseguia entender uma linha sequer.
O clima no apartamento era denso, pesado, quase irrespirável.
— A gente precisa conversar. — A voz dele veio baixa, mas cortante. Sem rodeios, sem subterfúgios.
O coração de Alicia disparou. Ela fechou o livro devagar e o colocou de lado, sentando-se devagar. Não conseguia encará-lo direito.
— Claro… — murmurou, tentando manter a voz