O copo de whisky estilhaçou contra a parede com um estrondo que ecoou pelo apartamento silencioso. Os cacos escorriam pelo chão como os pedaços da sanidade de João, espalhados, sem volta. O líquido dourado escorria pela pintura branca da parede, criando um rastro sujo, disforme — a imagem perfeita daquilo que ele sentia por dentro: devastação.
João andava de um lado para o outro na sala, a respiração pesada, o peito arfando como um animal ferido. Suas mãos trêmulas apertavam os cabelos grisalhos, puxando com força, como se quisesse arrancar aquele sentimento pela raiz, como se quisesse arrancar Alicia de dentro dele.
Mas não podia. Não conseguia.
Ela estava ali. Em cada canto daquela casa. Nos sonhos. Na pele. No cheiro que ele ainda podia sentir quando fechava os olhos. E agora… ela também estava no sobrenome.
Assunção.
O mesmo que ele carregava com orgulho, agora era dela também. Dela.
A mulher que fez seu coração bater fora de ritmo naquela noite quente na Grécia, a mulher por quem