MOLLY
Indignado por meus gritos, Alexander parecia a ponto de explodir enquanto me encarava cheio de raiva e suado pela adrenalina que vivíamos no momento com Melany gritando de dor a nossa frente.
— Como assim, o que estou fazendo aqui? Não vê que estou ajudando a sua filha, por acaso? A menina precisa de um hospital agora! — Mel continuava gritando alto e chorando muito enquanto eu e o secretário discutíamos fervorosamente. O tal sequer esperou minha resposta, logo se adiantou a conversar com Melany — Calma, pequena Mel, venha cá! Passe o braça em meu pescoço. Tudo bem, eu sei que dói, mas preciso te levantar sem mexer a sua perna... Pode ser?
— Mas está doendo muito... — Mel choramingou alto, com o rosto vermelho e molhado. Gritou mais — Não consigo me mexer...
— O que pensa que está fazendo? Largue a minha filha antes que eu chame a policia para te tirar daqui! — Gritei a ele enquanto pensava em algo — Alice! Chame a ambulância!
— A ambulância vai demorar, senhorita. Temos que levá-la logo para o hospital! Tem ideia de como ela está sofrendo? — Alexander disse tomado pela raiva e mais gritos de Melany atravessaram em mim como facas. Ao mesmo tempo em que queria pegá-la para socorrê-la, tinha em contrapartida muito medo de machucá-la.
— Mamãe... — Mel sussurrou em meio aos gritos. Quase desmaiei também chorando, nervosa e sem saber o que fazer!
Aquele homem parecia ser meu único norte em uma situação absurda, que jamais enfrentei.
— Já disse, temos que levá-la para o hospital imediatamente! — Alexander, com cuidado, passou o braço de Mel em seu pescoço e a ergueu no colo. Ela seguia gritando e chorando, ao passo em que me chamava. Não tive escolha, a não ser segui-lo com muita raiva e certa de que a minha única opção plausível agora era ir para onde ele mandava.
ALEXANDER
Toda a arrogância de Molly era mesmo uma capa e isso ficou evidente quando notei que a pequena Mel era a fraqueza daquela mulher que se mostrava aos outros como imbatível e implacável.
Como toda mãe, Molly sofria vendo a filha se esvaindo em dor e isso deixava claro que era também humana, mesmo que dosse forjada para ser sempre inalcansável.
— Para onde vamos levá-la? — Molly questionou quando abriu a porta do carro dela para que eu colocasse a menina em prantos no banco traseiro.
— Creio que você é quem deveria dizer, afinal é a mãe dela! — Molly me encarou com o rosto nervoso, mas estava frágil demais para brigar. A face linda parecia desesperada e tomada por lágrimas de aflição.
Rapidamente entrou no carro na parte de trás e ficou com a garotinha. Assim que me acomodei no banco do motorista, logo foi me passando as chaves e as coordenadas do hospital que iríamos em total desespero. Não podia sequer imaginar o pânico que assolava o coração daquela mulher em tal instante, mas senti pena por vê-la enfrentando a situação totalmente sozinha e sem saber como agir.
Molly parecia ter um coração, afinal.