Capítulo II

Após algum tempo de filme, Cris já estava apertando as pernas e contraindo a musculatura do quadril. Ela estava louca de tesão e a calcinha molhada, não conseguia conter seu desejo. Há meses não transava com alguém que não fosse seu vibrador e as cenas protagonizadas a sua frente lhe causavam desespero.

— Se não parar de se esfregar assim, vai acabar ficando com câimbra na boceta Cris. – Duda sussurrou no ouvido da amiga que se sobressaltou com o comentário.

— Deixa de ser boba Duda, não é nada disso.

— Sei, estou vendo que realmente não é. Você precisa ser fodida com força menina. Essa sua vida vai acabar te matando.

— Podemos resolver isso depois do filme. – Amélia se envolveu na conversa, deixando Cris, que estava entre as duas, muito desconfortável.

— Não vamos resolver nada e parem de falar da minha vida sexual assim.

— Que vida Cris! Gozar mais ou menos com um vibrador meia boca, não é vida sexual. – Duda arqueou a sobrancelha olhando para a amiga, esperando que ela dissesse algo contra.

— Olha Cris. Sabe que eu acho fofinho e tal esse seu jeito com esse monte de livros aí que você lê – Amélia falava baixinho, apertando a mão da amiga quase com compaixão – Mas você precisa mesmo dar uma transadinha com alguém de verdade. Olha o seu estado.

Cris não conseguiu responder. Choveu um monte de “quietas”, “parem de falar”, “shiuuu” e elas se calaram, voltando a atenção para o filme, mas deixando clara a promessa de uma noite no mínimo interessante.

Elas estavam paradas em frente ao grande espelho do banheiro do shopping. Após lavarem as mãos, retocavam a maquiagem e arrumavam os cabelos, ajeitando a roupa para a segunda parte da noite.

— Aonde vamos? – Cris perguntou pelo que parecia ser a décima vez.

— Já dissemos que é surpresa.

Eduarda e Amélia se olharam com cumplicidade e um leve tremor percorreu a espinha da Cris.

— Por favor, só não me levem para um puteiro feminino. Não quero pagar por sexo e nem que vocês paguem.

As duas amigas se olharam confusas e voltaram sua atenção para Cris.

— Primeiro, nem sabíamos que existia um puteiro para mulheres. Segundo não há problema algum em pagar por sexo, terceiro...

— Pare de ser louca e relaxa. Vamos aproveitar a noite. – Completou Amélia e as três riram alto, saindo do banheiro.

Eduarda estava ao volante, com Amélia ao seu lado e Cris no banco de trás. As duas foram de metrô para o encontro e como seria uma surpresa para Cris, não teria sentido ensinar o caminho a amiga. O rádio estava ligado e o sertanejo baixo tomava conta do carro. A conversa fluía sobre o tema do filme e as opiniões eram infinitas.

— Amiga, se um cara rico e lindo como aquele me quisesse, deixava ele me chicotear até esfolar a alma. – Eduarda disse rindo enquanto Amélia a olhava com repulsa.

— Jamais. Eu que não quero ficar apanhando para o cara tratar as neuras dele.

Amélia e Eduarda travaram uma disputa. Debatiam sobre ter ou não prazer com a dor. Cris estava perdida em seus pensamentos no banco de trás, olhava para fora, vendo a paisagem da sua cidade passar. As ruas lotadas de gente buscando o mesmo: bebida e sexo fácil. Casas pichadas, paredes sujas e prédios, muitos prédios. Sentia pena da cidade que tanto amava. Era estranho ver como o ser humano era capaz de destruir tudo ao seu redor. Não entendia como aquele monte de rabiscos nas paredes poderia ser considerado algo bom. Deixava a cidade ainda mais sombria. Por alguns segundos permitiu-se fugir de sua realidade, da sua vida corrida e sem graça. Imaginou-se longe da loucura da cidade grande, refugiada em um lugar no interior, em um casa ampla, com grandes janelas e o sol aquecendo todo o ambiente, sendo amada e desejada. Seu corpo sendo tomado à força. Suas mãos espalmadas contra a parede gelada. Mãos quentes subindo sem delicadeza seu vestido, expondo seu corpo que latejava pedindo por prazer. Sentindo a cabeça de um pau quente, pulsante, brincar em sua entrada molhada e com uma estocada forte ser comida bruscamente até gritar alto em meio ao gozo.

— Cris, você está bem? – Eduarda perguntou olhando-a de lado.

— Cris? – Amélia chamou mais alto – Cris!

Amélia soltou o cinto e se colocou de joelhos no banco, levando as mãos ao corpo de Cris, sacudindo-a com força. Olhou assustada para Amélia. Suas bochechas estavam vermelhas, queimando em fogo puro e a respiração acelerada. Seus olhos enfim focaram a amiga. Tentou sorrir sem sucesso, deixando o rosto quase deformado.

— Menina, você precisa dar para alguém agora! – Decretou Eduarda – Tá sonhando acordada já a pobrezinha.

Cris ainda estava tentando sair do transe que sua mente a levou, quando a porta do carro se abriu. Um homem bonito e bem-vestido estendeu a mão para ajudá-la descer. Aceitou a ajuda sem entender onde estava. Assim que ele a soltou, viu seu carro se afastando sendo levado por um manobrista. Seus olhos percorreram o local a sua frente e de imediato lembrou-se da morada de um dos seus livros. Parecia uma combinação entre castelo e igreja, dando ao local um ar misterioso e intenso. Voltou a atenção para as amigas que a olhavam esperando uma reação.

— Achei que íamos a um barzinho. – Disse baixo, arrancando risadas das duas que a tomaram, uma em cada braço e começaram a andar em direção a entrada.

— E nós achamos que já passou da hora de você sair dos livros, aniversários de criança, barzinho e pina colada – Eduarda a olhou com um ar diabólico – Hoje minha querida amiga, vamos te apresentar uma nova vida, pense nisso como... hum...

— Como o armário daquele livro lá... que a menina entra e vai para outro mundo – Amélia veio ao socorro.

— Sim, uma porta para outro mundo. – Eduarda concordou.

— Mas eu não quero ir para Nárnia. – A voz da Cris não passava de um sussurro.

— Nárnia? – Eduarda riu alto, jogando a cabeça para trás de forma exagerada – Amiga, aqui está mais para a “gozolandia”.

Seguiram rindo e tendo uma amiga amedrontada entre elas. Assim que cruzaram a grande porta de madeira, foram recebidas por um homem. Ele era alto, com o corpo totalmente exposto, exceto por uma minúscula cueca preta, que deixava o biquíni de Cris parecendo com a calcinha de sua vó. Ele era perfeito. O corpo esculpido, forte e cheio de gomos que o dividiam de forma quase gloriosa. Cris foi subindo o olhar, após ter ficado um bom tempo tentando imaginar o tamanho do pau daquele cara, pois se mole ele estava daquele jeito dentro daquela cueca, ele ereto deveria ser assustador. Assim que o olhar alcançou o rosto do homem a sua frente, Cris perdeu o folego e assustou-se vergonhosamente, dando dois passos para trás. Sobre toda a cabeça dele, havia uma espécie de touca de couro, que deixava somente os olhos e dois pequenos buracos em seu nariz. Era assustador e sensual na mesma proporção.

— Ao menos finja que você não voltou a ser virgem nesses últimos meses. – Eduarda falava em seu ouvido, enquanto segurava Cris em seus braços, com medo que a amiga saísse correndo.

Ela não era tímida. Cris era uma mulher decidida, ao menos sempre achou isso. Só não sabia que algumas coisas lidas em seus livros fossem assim, tão reais e o pior, ainda fosse cruzar sua vida daquela forma. Elas voltaram a caminhar, ainda entrelaçadas umas às outras. A casa se mostrou ser infinitamente mais intensa por dentro. Havia um imenso salão, com três pequenos palcos espalhados. Sobre cada um deles havia pessoas se apresentando na mais profunda luxuria. O local estava mergulhado na penumbra, somente com as luzes que focavam as pessoas sobre os três palcos. Uma luz fraca azul brilhava no canto em torno de um bar que tomava toda a parede do lado direito. O lugar não estava cheio, como estaria um barzinho em uma sexta à noite. Havia um número considerável de pessoas caminhando, outras sentadas em poltronas confortáveis ao redor dos palcos. Algumas sentadas no bar conversando enquanto bebiam. Uma porta dupla no fim do salão chamou a atenção de Cris. As pessoas passavam por aquelas portas e a forma como se olhavam, deixava claro suas intenções. Ela se virou para as amigas, parando de súbito.

— Me trouxeram para um puteiro de luxo? – Disse um pouco mais alto do que o necessário. Amélia rapidamente se prontificou a tapar a boca de Cris com as duas mãos, enquanto Eduarda a olhava furiosa.

— Fale baixo sua barraqueira, que coisa feia. Deixou a educação em alguma página? – A forma como Eduarda a repreendia sempre lhe lembrava a mãe já falecida.

— Não – Disse baixo se recuperando – Mas não acredito que me trouxeram em um puteiro!!!

— Isso não é um puteiro Cris – Amélia parecia procurar palavras para descrever o local, mas falhou na missão.

— Vamos beber alguma coisa e explicamos.

Assim que se acomodaram, sentando-se uma ao lado da outra. Cris já estava pronta para pedir sua bebida doce favorita, mas foi interrompida por Amélia. Ela sorria descaradamente para o barman, que retribuía o flerte de uma forma ainda mais descarada.

— Tequila. – Disse decidida.

— Três doses? – Perguntou o cara.

— A garrafa. – Eduarda anunciou piscando para ele, que após poucos minutos, colocava diante delas uma garrafa de tequila, copos, sal e limão.

— E qual é a comemoração garotas? – Perguntou enquanto servia a primeira dose.

— Nossa amiga vai perder a virgindade. – Anunciou Eduarda seriamente, fazendo Cris engasgar com a própria saliva.

— Está louca? – Disse mais alto que o esperado, arrancando gargalhadas de todos os próximos a elas.

— Já não conversamos sobre seus modos? Fale baixo.

Cris se virou para o barman, querendo explicar a brincadeira de mal gosto da amiga. Deparou-se com um homem loiro e lindo. Olhava com um sorriso safado, devorando seu corpo por cima da roupa, parando de forma depravada sobre seus seios.

— Tenho certeza de que não será uma tarefa difícil. Saio daqui 20 minutos, se quiser me esperar – A voz rouca e carregada de safadeza daquele cara fez o ar faltar aos pulmões de Cris e sua calcinha molhar.

— Está vendo por que precisa foder gostoso? – Amélia falou para a amiga – Está arfando novamente.

O cara do outro lado do balcão piscou para Cris, deixando claro que o convite estava em aberto. Ela virou o pequeno copo de uma vez, sem nem se dar ao tralhado do ritual de sal e limão. Em menos tempo que ela achou ser possível, as três haviam secado a garrafa de tequila. Com muito mais coragem do que sentiam quando chegaram àquele lugar, atravessaram as portas duplas, deparando-se com um mundo completamente novo.

A escuridão ainda envolvia o lugar. Era um salão maior que o primeiro, completamente escuro. O que diferenciava do outro era que naquele havia portas. Algumas estavam fechadas com uma luz vermelha acesa na parte de cima. Outras estavam completamente escancaradas, de onde pessoas entravam e saiam de forma muito casual.

— Tente só... relaxar...- Eduarda sussurrou ao ouvido de Cris, que concordou sem dizer uma palavra.

Elas passavam pelas portas abertas e as cenas em cada quarto eram perfeitas para levar qualquer um ao extremo da loucura. Somente sexo e luxuria. Casais nus, tomando posse do corpo um do outro, gemiam e gritavam em meio a estocadas fortes. Em outro quarto duas mulheres se entregavam ao prazer. Uma ruiva estava esticada nua sobre a cama e uma pequena loira estava entre suas pernas. Os dedos pequenos e delicados abriam os lábios da boceta que parecia estar incrivelmente molhada. Ela brincava com a língua, se deliciando, fazendo a ruiva se contorcer de prazer e gemer cada vez mais. Cris nunca pensou em ficar com outra mulher, mas a forma como aquela ruiva se contorcia sobre a cama estava quase fazendo ela mudar de ideia. Com cuidado Eduarda pegou a amiga pela mão e puxou ela para fora. Pararam em frente a outra porta dupla.

— Daqui para frente precisa estar muito aberta a tudo. – Disse seriamente.

— Mais aberta? – Perguntou espantada.

— Sim amiga, bem mais – Disse Amélia de uma forma um pouco otimista demais – Daqui para frente nosso corpo não nos pertence mais, todo mundo que está lá dentro se pertence.

— Como assim? – Aquele lugar estava começando a assustar Cris.

— A única coisa que pode negar é ser fodida, fora isso, tudo pode.

— Explica isso melhor. – Cris pediu enquanto puxava as amigas para o lado, liberando a passagem, já que estavam paradas na frente da porta de entrada.

— Pode beijos, toques, passadas de mãos, puxões de cabelos, vale tudo. Transar no meio de todo mundo, ser fodida contra a parede, sexo em grupo. Tudo – Deixou bem claro a última palavra.

— Mas se não quiser dar pra valer, isso você pode negar – Amélia completou.

— Ok...- Cris respirou fundo – Toques, beijos, passadas de mãos e eu posso falar “não obrigada” para alguém que quiser me comer.

— Isso aí. Vamos? – Eduarda perguntou a olhando.

— Vamos. – Cris falou decidida.

— Aeee – Amélia batia palmas e pulava como criança em frente a doceira.

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