Conrado Queiroz Fico parado ali por alguns minutos, pensando em tudo o que Martim disse. Eu sei que ele está certo, eu preciso tomar cuidado para não deixar meus sentimentos me consumirem, dou um suspiro profundo e começo a caminhar de volta para o meu carro. Eu preciso ir embora daqui e pensar em tudo o que está acontecendo. Entro no carro e começo a dirigir, sem saber exatamente para onde estou indo. Eu apenas sei que preciso sair daqui e encontrar um lugar para pensar. Depois de alguns minutos de dirigir, eu vejo um café à beira da estrada, paro o carro e entro no café, procurando por um lugar tranquilo para sentar e pensar.Encontro uma mesa no canto e me sento, pedindo um café ao garçom. Eu fico ali sentado, pensando em tudo o que está acontecendo e tentando encontrar uma maneira de resolver as coisas. Mas, enquanto estou sentado ali, eu não posso deixar de pensar em Marina, me pergunto o que ela está fazendo agora e se ela está bem, sinto um aperto no coração ao pensar nela
A vários dias meus pais tentam me ligar, mas com toda confusão do meu afastamento do hospital, minha mente está um caco.Somente hoje tive coragem de sair de casa, realmente preciso de um ar diferente. Mesmo com a minha amiga tentando de tudo pra me animar eu não tenho certeza se meu dia será melhor que ontem.Caminho em meio ao parque, mas tenho uma sensação esquisita! Tenho a impressão de que estou sendo observada. Apresso meus passos com medo, mas antes que consiga atravessar a rua sou agarrada pelo braço.Um pânico toma conta de mim.— Por onde você andou menina?O tom de voz me acerta em cheio. — olhando rapidamente, para quem acabou de me puxar. E logo quem eu não queria ver nesse momento.— Pai?— Posso saber porque você está ignorando minhas ligações?— Agora não é um... Um bom momento! — Você sabe que nós precisamos do seu dinheiro Marina.— Mas pai! Eu já disse que eu não posso dar dinheiro toda hora.— Não se faça de sonsa Marina. Minha respiração já está totalmente
Entro na casa dos meus pais com os arquivos da investigação de Marina, já conversei com o advogado e meu pai mais cedo. Acredito que teremos boas notícias em breve.Paço pelo hall de entrada, escuto a melodia do piano na sala da minha mãe, sigo som da música, mas ao parar a porta vejo que não é minha mãe tocando mas sim Marina.Meu coração acelera ao ver Marina sentada ao piano, seus dedos deslizando suavemente sobre as teclas. A música é uma melodia doce e sensual, que parece envolver todo o ambiente em uma atmosfera de intimidade. Eu me apoio na porta, observando-a, hipnotizado pela beleza e graça que emana dela. Marina parece perdida em seus pensamentos, e nem percebe que estou ali. Seus olhos fechados, seus lábios ligeiramente entreabertos, e eu sinto meu peito arder de desejo.Eu não quero interromper o momento, mas não posso evitar sentir a necessidade de estar mais perto dela. Eu dou um passo à frente e sem querer faço barulho. Ela para de tocar e se vira para mim, seus olho
Marina Salazar Eu sempre sonhei em se tornar uma médica, mas como filha de pais sem condições financeiras, me vi obrigada a se virar sozinha. Guardei cada centavo, estudava nas madrugadas, com muito esforço conseguiu uma bolsa integral no curso de medicina. Hoje, lembrando de toda a loucura que foram os anos em que estava estudando, cansaço, fome, muitas vezes não tinha dinheiro para o ônibus, minha vida só deu uma trégua quando conheci Nicolas, meu namorado há cinco anos. — Que foi, Marina? Está com uma carinha de quem está sonhando acordada. Eu desperto das minhas lembranças e olho para Mabel, que está sentada no tapete da minha sala, procurando em prego no site da cidade. Faz uma semana que ela está morando conosco, por ser despejada do apê onde morava com a mãe, pois o novo namorado dela não queria uma filha desempregada que não arca com as despesas. — Nada, não, Mabel, só estava me lembrando da época da faculdade, o quanto foi difícil, sei bem o que você está passando. Então,
Marina Salazar. Mabel está de quatro gemendo loucamente, enquanto é fodida pelo meu namorado. Realmente, eu não consigo acreditar no que estou vendo, minhas pernas estão travadas, com a mão na boca pelo susto, as lágrimas começam a escapar dos meus olhos. Ver o homem que amo com as mãos presas ao quadril daquela que se dizia minha amiga irmã de alma, em movimentos frenéticos das estocadas, totalmente envolvidos em seus prazeres, que nem notaram minha presença entre a fresta aberta da porta. Tudo que posso pensar é em matar esses dois, o nojo e a raiva me fazem sair da onde estava. E entrar com tudo no quarto dessa traíra que até segundos atrás ainda era minha amiga, e pensar que esse escroto nojento dizia que me amava olhando dentro dos meus olhos. — Posso saber o que é isso aqui? Mas, que depressa, Mabel puxa o lençol e se cobre, e Nicolas me olha apavorado e vem em minha direção sem se tocar de que está completamente sem roupa. Quanto mais perto ele chega, maior é a raiva
Marina Salazar. Estou devastada mais ainda, além de tudo o que aqueles dois me fizeram, agora meu nome está estampado no boletim de negligência médica. Isso pode acabar com a minha carreira, mas como pode? Tenho certeza de que não aconteceu nada. Não pode ser verdade, meu sonho de médica não pode terminar dessa maneira, ser acusada da morte de um paciente por erro médico é grave demais. Estou sentada há algum tempo aqui no sofá da sala dos médicos sem saber o que fazer, não tenho para onde ir, para casa dos meus pais, com toda a certeza eu não voltaria. Chorando sem parar, algumas enfermeiras passam e ficam me olhando com pena, meu telefone toca insistentemente e, como se estivesse chamando a desgraça final, olho a tela e é minha mãe que está ligando. Ele toca mais uma vez, então, atendo. — Alô? — Até que em fim você atendeu Marina! Estava quase chamando a polícia, meu Deus, menina. — Não é para tanto, mãe! Só estava descansando, não passei muito bem a noite, como vocês
Conrado Queiroz. Voltei à cidade há três dias, meu pai há mais de um ano vem questionando, quando finalmente assumirei os negócios da família, toda vez que me ligava era a mesma ladainha. Que eu só herdaria o hospital, se tivesse experiência como diretor ou nada feito, como ele sempre fala: — Meu filho, você precisa entender que você precisa estar no comando como eu, os Queiroz são homens importantes, você precisa cuidar de tudo, não se esqueça, trabalhei minha vida toda por esse hospital, não estrague tudo, Conrado vou deixar sua herança para sua prima Virgínia, não me teste, garoto. Nunca que aquela enxerida da Virgínia ficará com o que é meu, antes que tudo vá para a puxa saco, juntei tudo o que é meu, me despedi dos amigos aqui em São Paulo e deixei a terra da Garoa para trás e voltei para Minas Gerais. Mais ou menos um mês depois que fechei negócio da compra do meu apê, o tempo para que ele fosse mobiliado e decorado foi o suficiente para que eu resolvesse as pendências da c
Capítulo 5 Conrado Queiroz Após ter ficado naquele quarto de hotel sem ao menos intender o que ouve, sentindo ardência no rosto, caminhei até o banheiro e vi alguns arranhões do lado esquerdo da bochecha. — Mas que filha da mãe essa garota. Se ela não conseguiu me deixar estéril com a joelhada lá em baixo, com toda certeza ela fez um belo estrago no meu rosto. Sai do hotel e fui procurar uma farmácia 24 horas para comprar um remédio anti-inflamatório para evitar uma inflamação devido aos arranhões. Sem falar que precisava de um remédio para dor, não tinha nada disso em casa ainda, devido à minha recém-chegada, e eu não iria essa hora para o hospital para pegar medicação. Custei a dormir pensando na doida de olhos verdes. Mesmo depois de toda a loucura que foi o nosso encontro, a lembrança da linda mulher desconhecida não sai da minha mente. O gosto dos seus lábios continua colado nos meus, o seu corpo tinha o encaixe perfeito no meu, isso eu não posso negar. O bipe do despertador