Diana
Eu estava no meio da rua de novo. Sempre no mesmo lugar. Sempre com o mesmo peso no peito.
O céu estava cinza, carregado, como se estivesse prestes a chover. Tudo ao meu redor parecia morto, sem vida. Nenhuma pessoa, nenhum som. Apenas eu, com uma sacola na mão. Não sei o que tem dentro, nunca consigo ver. Tento olhar, mas meus dedos não se mexem. Como se o saco estivesse colado na minha pele.
Dou um passo para frente e ouço o som dos meus saltos ecoando no asfalto vazio. É assustador como cada passo parece um estrondo naquele silêncio. Olho para os dois lados antes de atravessar. Nada. Absolutamente nada. Então começo a andar, respirando fundo para espantar a sensação estranha que sempre me acompanha nesse sonho.
Quando chego ao meio da faixa de pedestres, o vento muda. Ele fica gelado, cortante, como se algo tivesse aberto uma porta invisível para um lugar sombrio. É aí que acontece. Sempre acontece. O som surge do nada: um motor acelerando. Primeiro distante, depois perto. Mu