Ethan
A sala ainda estava impregnada com o perfume forte e enjoativo da Meredite. O gosto do batom dela ainda me incomodava nos lábios. Eu a empurrei com firmeza, limpando a boca com as costas da mão, com nojo, com raiva.
— Que merda você tá fazendo aqui, Meredite?
Ela ajeitou o cabelo loiro como se nada tivesse acontecido, sentou de novo na poltrona como se fosse dona do lugar e cruzou as pernas lentamente. Fez questão de fazer barulho com os saltos, como sempre gostou. Tudo nela era teatral.
— Seu prazo acabou, Ethan. Voltei pra gente se casar.
Eu dei uma gargalhada seca, debochada. Quase engasguei de tanto rir.
— Você só pode estar ficando completamente louca.
Ela sorriu. Fria. Sabe aquele sorriso que dá arrepio? O dela era assim.
— Cinco anos. Foi o que você me pediu. E agora o tempo acabou.
Me aproximei da mesa, encarei ela nos olhos.
— Você acha que é o quê? O diabo? — soltei, com sarcasmo. — Veio buscar minha alma, é isso?
Ela deu um risinho, tirou os óculos escuros e me encaro