POV CATARINA
Eu sentia um frio na barriga, uma reviravolta no peito.Parecia até que o olhar do José Eduardo não era mais o mesmo.Não havia mais aquele brilho toda vez que me via.Não que eu o notasse sempre na feição dele, mas, quando deixou de me olhar com esse brilho, percebi logo a ausência.— Oi, será que a gente pode conversar?Ele já estava com a mão na maçaneta.Acho que o peguei mesmo de surpresa.Mas, de maneira seca, ele olhou para o relógio de pulso, talvez impaciente.— Já está um pouco tarde, Catarina. É urgente?Ainda não era um “não”, mas era algo bem próximo disso. Meu corpo tremia de angústia.— É importante. Serei rápida.— Tá bem. O que tá rolando?Eu havia sido tomada por coragem minutos antes de fazer aquilo, mas, estando ali na frente do José, meu corpo travava.Será que eu estaria pronta para escutar qualquer tipo de resposta?