Mudanças

♡❦♡❦

Dominic chegou em casa cansado, mau-humorado, irritado e batendo a porta com muita, muita força. Naquele dia fora submetido a uma traição que, apesar de não estar aceitando bem, ele já esperava por algo assim.

— Como ela pôde fazer isso comigo? COMO AQUELA PUTA TEVE CORAGEM DE ME TRAIR DESSE JEITO? - Dominic havia pego uma garrafa de uísque para jogar contra a parede, mas sua mão foi segurada com firmeza, impedindo tal ato e o deixando mais bravo - Antony, solte!

— Dom, não! Por favor, não! - Antony Matarozza, além de ser seu consigliére, era seu melhor amigo.

Dominic havia chego sozinho em casa, Antony nem sabia o que havia despertado tal raiva e rancor no chefe, mas fora mandado para aquele quarto para acalmá-lo, já que era o único que conseguia segurá-lo e impedi-lo de quebrar tudo o que estava ali dentro.

— Antony, pare! - Dominic pegou a garrafa cara de uísque e jogou na parede do outro lado do quarto que estava sendo montado para si na nova residência Santoro - Não tome mais nada das minhas mãos. Quando eu estou bravo ou irritado, você sabe que o melhor é sair de perto e me deixar sozinho, nunca ninguém irá me tranquilizar, nem pense que por ser meu amigo eu não poderia te jogar no lugar desse uísque - os olhos de Dominic Santoro estavam vermelhos, além de serem perigosos, várias pessoas sentiam medo apenas em pensar em olhar para um Santoro, ainda mais se o dono desse sobrenome fosse ele, Dominic. Mas Antony não sentia medo do chefe, claro que não. Ele sabia que Dominic nunca faria nada consigo.

— Poderia ter feito isso! Poderia ter me lançado nessa parede, ao invés de ter jogado a garrafa que era do meu uísque preferido contra a parede, Dom - Antony resmungou, quase pulando no lugar, igual uma criança chateada — Mas me fale. O que rolou para você já chegar assim? Acabaram de se mudar, e já quer estragar o quarto?

— FODA-SE O QUARTO, ANTONY. FODA-SE ESSA CASA NOVA!

— Ei, calma!

— AQUELA VADIA…AQUELA PUTA DESGRAÇADA DA HAI RONG ME TRAIU - Dominic, andando de um lado para o outro, colocou a mão na testa e focava apenas em respirar fundo para não sair matando todos que entrassem em seu campo de visão — Ela trocou informações minhas com o filha da puta do Hidako!

— O líder do bando chinês? Eles estão na Itália? Desde quando?

— Estavam! Porque, nessa altura do campeonato, eles devem estar no quinto dos infernos que eles chamam de casa.

— O que foi que a Hai Rong disse para eles, afinal?

— Frederic disse que Hidako foi atrás dele, com ela ao lado, a exibindo como um troféu, sabe? Meu irmão falou que Hidako sabia o nosso endereço, por isso nos mudamos. Acabei de trocar a merda do meu número, porque ela entregou para ele, junto com e-mail pessoal e minhas localizações. Ela juntou tudo que poderia usar contra mim e entregou de bandejas para esse idiota! - Dom respirou fundo, mas estava difícil controlar aquela raiva toda. Queria sair e descontar essa raiva toda em alguém — Aquela vagabunda estava me usando de fantoche para ganhar os milhões de euros que ela almejava. AQUELA VADIA VAI ME PAGAR. É CLARO QUE VAI - o italiano chutou a mesa nova que havia sido colocada em seu quarto — Eu tenho certeza que esse filha da puta, mesmo estando longe, vai estar em cima de mim. Ele vai seguir cada fodido passo meu até conseguir me cercar.

— Com certeza vai - Antony foi sincero, chamando a atenção do chefe para si — Mas podemos mandar alguém ir atrás dele. Devemos matá-lo!

— É. Devemos sim - Dominic andou até a janela e afastou um pouco a cortina pesada e preta para olhar a rua. Não havia nada ali além dos homens da máfia Santoro, mas ele estava cismado com algo. E todos sabem que quando Dom Santoro cisma com alguma coisa, ele não para até matar o que, ou quem precisar — Ache outra casa.

— O que?

— Vamos nos mudar. De novo - disse já saindo do quarto, e o Antony o seguiu.

— Mas…acabamos de trazer tudo para cá.

— Isso não me interessa, Antony. Ache logo outra casa e avise aos meus pais que estou me mudando, de novo.

— Dom!

Antony parou de segui-lo quando viu o chefe colocar o capacete preto e sair de moto feito um louco.

— Cazzo! - Antony exclamou enquanto estragava os cabelos louros com as mãos.

Por que tudo sobrava para ele? Era sempre ele que se livrava das sujeiras que Dominic Santoro deixava para trás.

A família Santoro era, de longe, muito reconhecida não só na Itália, mas em todos os países.

Dominic Santoro - ou apenas Dom Santoro, como era conhecido e temido - era o filho mais novo de Paola e Riccardo Santoro. O primogênito da família era Frederic.

A famiglia Santoro era muito mais do que uma mega organização. Eles eram uma máfia, ou melhor, eles eram simplesmente A MAIOR. Se contava nos dedos quem não os temiam.

Todos eles carregavam medo apenas por carregar aquele sobrenome tão perigoso e tão temido.

Riccardo, apesar de já ter feito muito bem sua fama, agora com quase sessenta anos estava parado. Depois de um acidente de carro, que quase o levou à morte, ele sofre com Alzheimer há dois anos.

Paola, mais conhecida como Lola, era a matriarca daquela família. Com cinquenta e dois anos, dona de uma beleza encantadora e de uma pele jovial, era a Santoro que ainda mais colocava medo. Esse legado ela soube passar muito bem para o filho mais novo, Dominic, que aos trinta e dois anos, fazia jus ao sobrenome que carregava.

Já Frederic, com trinta e sete anos, se envolveu mais nos negócios burocráticos da famiglia, ao invés do brutal, como o irmão. Fred, como era chamado pelo marido Matteo, era conhecido como "o Santoro calmo", ou "o menos assassino", também havia quem o chamava de "o Santoro menos sanguinário ".

Ninguém queria atravessar o caminho de um Santoro, a fama impiedosa daquela família era real, muito real. Dos cinco, contando com Matteo De Luca Santoro, Dominic era o mais perigoso, era o mais mortal e impiedoso. E ai de quem duvidasse disso, porque ele adorava mostrar ao vivo do que era capaz.

Ninguém, exatamente ninguém, o controlava.

Depois de tentar descontar um pouco da raiva que estava sentindo em uma corrida de moto, e entrar em um rally com dois adolescentes um pouco alterados, Dominic chegou em frente a casa do irmão.

Sempre que aquele Santoro chegava, ele enlouquecia os seguranças do irmão. Dom era conhecido por não ter muita paciência e isso sempre assustava muitas pessoas, principalmente quem estava ao seu lado no cotidiano.

Dominic não parou ao chegar em frente ao portão principal da casa do seu irmão mais velho. Ele diminuiu um pouco a velocidade apenas para passar por um quebra-mola que havia ali, mas logo voltou a aumentar a velocidade da moto.

— Por que ele sempre faz isso? - um dos sete seguranças que estava de plantão naquela manhã, se apressou para apertar o botão a tempo de liberar a passagem antes que um desastre acontecesse. O segurança esperou a moto passar completamente pelo portão e o fechou quando o mesmo ainda estava pela metade. Dominic era assim, ele não esperava por ninguém, nem pelo tempo, porque era assim.

Para ele, era o tempo que deveria estar ao seu lado, e não o contrário.

— O que acontece se um dia a gente não conseguir abrir o portão a tempo para ele? - um segurança novato questionou, fazendo os mais velhos negarem e passarem ambas as mãos pelos pescoços diversas vezes — Credo! - ele engoliu em seco e apertou o próprio pescoço.

Com a moto estacionada em frente a residência do irmão, Dom se livrou do capacete, o deixando apoiado no retrovisor da moto, e antes de subir as escadas até a porta principal, se certificou de estar com os fios pretos de seu cabelo bem organizados. Seu cunhado odiava desorganização.

— A que devo à honra? - Fred abriu a porta sorrindo para o irmão caçula. Dom apenas sorriu e o abraçou. Fred retribuiu o abraço e negou com a cabeça quando viu a confusão dos seguranças em frente ao portão principal de sua residência — Sempre causando confusão, não é? O que custa se identificar e esperar a porra do portão abrir? - Fred estava calmo, era sempre assim. Ele sempre xingava calmo. Isso era de família.

— Me custa tempo - Dom soltou o irmão e entrou — Cadê o Matteo?

— No restaurante. Por quê?

— Está sozinho? - o mais novo perguntou olhando ao redor.

— No momento sim. Por quê? - Fred parou em frente à porta, que agora se encontrava fechada, e colocou as mãos nos bolsos da bermuda branca que usava. Ele estranhou o comportamento inquieto do irmão — Dominic?

— Por que eu não estou vendo nada empacotado? - ele continuou olhando ao redor.

— Porque Matteo e eu decidimos não nos mudar.

— O que? Por quê? - Dom arregalou os olhos — Fred, você sabe que aquele bastardo do Hidako está com os nossos endereços, não sabe?

— Sei.

— E por que não começou a se mudar?

— Porque Matteo e eu não achamos necessário, Dom - Fred caminhou até o canto da sala de estar, que fora decorada meses atrás por seu marido, e em um copo ele juntou 30 ml de gin, campari e vermute tinto, dando composição a um delicioso negroni. A mistura foi despejada em um copo on the rocks decorado com bastante gelo.

— E por que não?

— Dom, você se muda a cada ameaça que lhe cerca porque você é sozinho, meu irmão.

— Nossa, obrigado!

— Não, é sério! - Fred riu e ofereceu a bebida ao irmão — Matteo e eu não iremos conseguir sair daqui, fratello. Faz cerca de seis meses que nos casamos. Essa casa não foi escolhida à toa. Matteo e eu escolhemos uma casa pensando no nosso futuro. Pensamos no quintal grande para poder trazer os cachorros de Matteo pra cá, nos quartos grandes e espaçosos para acomodar toda a nossa família e também nos quartos ao lado do nosso, para poder, quem sabe futuramente, acomodar um ou dois Santoro De Lucca.

— Ou De Lucca Santoro.

— Eu não me importo com a ordem - Fred sorriu — Mas é isso, não podemos nos mudar assim.

— Eu entendo, mas se algo acontecer, se a segurança de vocês for colocada em risco, por favor, vá para a minha casa - Frederic apontou para o sofá e Dom se sentou ali, já o mais velho se acomodou em uma poltrona — Eu pedirei a Antony para lhe enviar o meu novo endereço.

— Matteo e eu não vamos nos mudar, mas isso não quer dizer que não estamos providenciando um novo lugar, caso seja preciso.

— Ah, é claro que estão - Dominic sorriu e deu o primeiro gole na bebida feita pelo irmão. O negroni estava perfeito, claro — Matteo, finalmente, conseguiu te ensinar a fazer um negroni de respeito.

— Sim. Eu até tenho conseguido ir muito bem na cozinha, quer provar os ovos mexidos que eu fiz para o café da manhã?

— Ovos mexidos? - Dominic gargalhou, quase derrubando a bebida de suas mãos — É isso que tem aprendido?

— Não, ele aprendeu a fazer um delicioso ravioli, também - aquela era a voz de Matteo. E foi assim que ele anunciou a sua chegada, defendendo o marido.

— Amore mio! - Fred sorriu e bateu na coxa direita, para que Matteo se sentasse ali, e foi assim que aconteceu, arrancando uma careta de Dominic — Como foi lá no restaurante?

— Bene! - Matteo sorriu e passou os braços por volta do pescoço do marido, dando-lhe um beijo — E a que devemos essa honra? - dessa vez o olhar direcionado do moreno foi direcionado ao cunhado.

— Vim saber se vocês já tinham se mudado, mas Fred me disse que não irão fazer isso.

— Mio caro, foi você quem foi explanado. No máximo a gente dobrou a segurança aqui - Matteo riu, vendo o cunhado virar o copo com a bebida vermelha — Mas me diga, como é olhar para a minha cara sabendo que eu estava certo sobre aquela mulherzinha? Eu te avisei, não avisei?

— É, avisou!

— Eu sei que avisei - Matteo sorriu e bateu na coxa do marido — Você já se encontrou com ela?

— Não! E para o bem dela, eu espero que ela nunca mais apareça na minha frente, ou eu juro que a matarei com as minhas próprias mãos.

— Não sei o que você havia visto em uma garota sem graça igual a Hai Rong. O que lhe atraiu nela? O fato dela ser chinesa, ou a pouca idade? Ela tinha quantos anos? Vinte?

— Vinte e dois. E foi o sexo - Dom respondeu — Ela era boa.

— Quando a esmola é grande…

— É, eu sei, Matteo - Dominic levantou e colocou o copo nas mãos do cunhado, que o xingou — Bom, eu só vim ver vocês. Já vou embora, então.

— Espera um pouco - Fred fez o irmão parar e o encarar. Ele ainda estava com o marido sentado em sua perna, então pegou o celular do mesmo, enviou uma mensagem para alguém e sorriu ao encarar o irmão — Agora pode ir. O portão já está aberto.

Dominic revirou os olhos, mas se despediu do irmão e do cunhado antes de subir na moto e voltar para a estrada.

Antony havia mandando uma mensagem para ele, dizendo que as coisas já estavam sendo transportadas para outra casa e logo em seguida enviou a localização do lugar. Era um condomínio, bem perto de onde Matteo e Frederic moravam, mas antes de passar por ali, ele iria fazer uma pausa em outro lugar.

♡❦♡❦

Capítulos gratis disponibles en la App >

Capítulos relacionados

Último capítulo