Em casa, peço a minha mãe pra ir pra casa da Sarah e ela deixa, eu aviso as meninas que eu vou pra lá e vou me arrumar para o trabalho.
Coloco uma calça jeans azul clara e meio rasgada, uma blusinha branca por baixo de um moletom em um tom bem clarinho de pêssego, prendo meu cabelo de qualquer jeito e coloco meu tênis branco.
Pego minha mochila e vou me despedir da minha mãe.
— Tchau, mãe!
— Tchau, filha. Você vai passar por aqui antes de ir pra casa das meninas?
— Não, já estou levando roupa pra ir direto pra lá.
— Tudo bem, se cuide viu? Juízo.
— Eu sou a mais ajuizada de nós quatro, mãe.
— Que continue assim. — Diz e ri.
— Bye. — Digo e saio.
A biblioteca não é tão longe daqui, eu vou andando e em dez minutos já estou lá. Eu abro o lugar e vou organizar alguns livros. Normalmente, o Henri – o dono da biblioteca (do morro não) – sempre chega meia hora, uma hora depois que eu chego, só que ele me surpreendeu dessa vez e chegou só quinze minutos depois.
— Henri, como você está? — Pergunto sorrindo e ele sorri de volta.
— Estou bem, e você? — Ele me abraça brevemente.
— Bem também, como foi a viagem?
— Foi… sensacional! — Ele fala pausadamente e eu rio. — Conseguiu dar conta disso aqui sem mim?
— Claro que sim, foi moleza.
— Que bom, estava pensando em viajar de novo e tal…
— Aí vou ser obrigada a te pedir um aumento. — Ele ri.
— Então acho que vou adiar mais um pouco meus planos de viajar novamente. — Ele tira o celular do bolso e começa a mexer. — Eu vou estar lá no escritório, qualquer coisa me chama, okay?
— Tudo bem, já virou a placa de aberto?
— Já, minha irmã vai trazer mais alguns exemplares dos livros do Stephen King mais tarde, você pode pegar pra mim?
— Claro.
— Obrigada, Rebeca.
Depois que meu turno acabou mandei mensagem para Sarah avisando que já estava a caminho e que só estava esperando o ônibus chegar.
Do meu trabalho até a casa das meninas é mais ou menos meia hora de ônibus, ou seja, consideravelmente longe, se não fosse, eu ia à pé mesmo.Sarah:
— A Daiana disse que vaisair de casa em cinco minutos,quer que eu peça a ela pra tebuscar já que é caminho?Rebeca Linor:
— Quero sim!Rebeca Linor:
— Vlw amiga.— E aí Beca, entra. — Ai Deus, tenha piedade de mim.
— Oi… — Falo meio desconfortável, mas a cara de pau dele é perfeitamente irritante.
Por que eu tenho a impressão de que esse embuste vai aparecer sempre na primeira oportunidade que tiver? Reclamo mentalmente e entro no carro.
— Tá ansiosa? — Diana fala. — Eu sei que eu tô, a Sarah disse que vai me passar o contato de um cara super gato da Flórida que está vindo morar aqui e… — O Elias a interrompe.
— Como assim? Vai pegar um número de um cara que você nem conhece?
— Sim ué, ele tem a nossa idade e vai estudar na nossa escola, não vejo porque não.
— Eu vejo. — Ele diz meio irritado e eu não consigo segurar a risada. — Qual é a graça, Beca? — Ele me olha pelo retrovisor.
— A graça é esse seu ciúme com sua irmã mais nova.
— Não é ciúme, só estou tento cuidado com a minha irmã.
— Tudo que eu entendi do que você falou foi: ciúme ciúme ciúme, ciúme ciúme ciúme. E você Rebeca?
— A mesma coisa. — Nós rimos, menos ele.
— Que coincidência… — Ele fala sem paciência e revira os olhos em seguida.
— Deixa de ser chato. — Ela diz e se estica para olhar para mim do banco da frente. — Elas não falaram só dele, aparentemente, ele tem um irmão mais velho, não tão velho, deve ter uns dezoito anos… interessada?
— Com certeza. — Olho para o retrovisor bem a tempo de ver o Elias desviar o olhar, uma satisfação estranha me invade.
— Uma péssima ideia. — Ele resmunga e a Diana revira os olhos.
Eu e a Diana conversamos o resto do caminho enquanto o Elias resmungava, eu percebia o olhar dele sobre mim de vez em quando, e eu sei o que você está pensando, se eu percebia o olhar, significa que eu também estava olhando pra ele, e você não está errado, não dá pra não olhar para o cara que te jogou contra a parede, te beijou e te apalpou descaradamente.
Quando finalmente chegamos na casa da Sarah e da Bella, descemos do carro e fomos correndo até a varanda, em seguida eu aperto a campainha.
— Finalmente! — Diz a Bella ao abrir a porta. — Entrem, meninas. — Ela vai pro lado para nos dar passagem e nós entramos.
— Oi meninas, quanto tempo!
— Oi tia. — Dizemos em uníssono.
— E o tio Hugh — Pergunto. Meredith e Hugh são os pais das meninas, eles são bem legais.
— Ele está em uma viagem à trabalho, só volta no final de semana. O que vão fazer agora?
— Nós vamos subir, conversar e talvez ver um filme. — Bella responde.
— Okay, mas daqui a pouco eu vou chamar vocês para o jantar.
— Tudo bem. — Subimos a escada correndo e entramos no quarto das meninas.
— Finalmente! — Diz a Sarah e nós rimos, ela e a Bella dizem a mesma coisa com frequência, deve ser aquele negócio de gêmeos que todo mundo fala.
— Sim, meninas, contem tudo, com detalhes! — A Diana diz empolgada e as meninas começam a contar o que aconteceu.
Depois de muito tempo de conversa a tia Meredith nos chama para o jantar, descemos, jantamos e logo depois voltamos para o quarto, conversamos mais e depois assistimos um filme de terror. No meio do filme, meu celular vibra e eu o pego para ver o que é.
Número desconhecido:
— O que estão fazendo agora?Tá repreendido em nome de Jesus!!! – minha consciência grita para mim.
Rebeca Linor:
— Quem é?Me fodi, agora essa peste vai me perturbar até pelo celular.
Rebeca Linor:
— Elias?— Quem te deu meunúmero???Rebeca Linor:
— Você sabe que perseguiçãoé crime né, seu retardado?Rebeca Linor:
— Sim, já que não somos amigos!Elias Wayne:
— Ai! Assim você vai acabar machucando meu coração.Rebeca Linor:
— Queria poder te darum chute no saco!Claro que não, nem se quer tenho tempo pra falar alguma coisa!
Elias Wayne:
— Mas se você estiverprecisando de mim agora,é só falar que eu vou te buscar.Rebeca Linor:
— Até parece né.Rebeca Linor:
— Sabemos?— Cuidado, querido, iludidoé pior que doido.Rebeca Linor:
— Eu vou te bloquear,fica com deus.______________________
|Contato bloqueado|— O que foi? — Pergunto um pouco ansiosa.
— Nada, é só que… — Diana começa a falar mas a Sarah a interrompe.
— Amiga, você tava resmungando alto e do nata tacou teu celular longe mulher, "o que foi?" Digo eu! — Diz fazendo aspas com os dedos.
— Não foi nada, só a merda do meu celular que não funciona direito.
— E você realmente espera que a gente acredite nisso? — A Bella pergunta com sua voz suave e seu sorriso inocente.
— É a verdade! — Falo indignada com a desconfiança mais que justificada.
— Então deixa a gente ver seu celular.
A Sarah diz e imediatamente leva uma cutucada repreensiva da própria irmã, mas eu gelo dos pés a cabeça e tento pensar em como vou explicar as mensagens com o irmão da Diana.
Nós nos entreolhamos e claramente pensamos a mesma coisa, o meu celular está a uma distância igual entre nós quatro, mas eu sei que a briga maior vai ser entre mim e a Sarah, e é dito e feito. Nos pulamos em cima da cama, é um pouco ridículo parando pra pensar.