O calor do fim de tarde filtrava-se suavemente pelas cortinas de linho do quarto de Eveline. Ela estava sentada em sua poltrona preferida da varanda, vestindo um vestido de algodão florido, com os cabelos presos em uma trança frouxa que caía sobre o ombro. A barriga, agora grande e firme, denunciava que o sétimo mês de gestação havia chegado com toda a plenitude de uma nova vida crescendo dentro dela.Daniel a observava de longe com ternura. Estava no jardim, conversando com Marta, a governanta, que discretamente coordenava os últimos detalhes daquilo que ele planejava há semanas: o chá de fraldas surpresa para Eveline.Clara e seu namorado, André — um jovem médico residente em ortopedia, gentil e bem-humorado — haviam chegado mais cedo para ajudar com a decoração. Os funcionários da mansão, que haviam criado um laço sincero com Eveline ao longo dos meses, também se engajaram com alegria.O salão de festas da mansão foi transformado em um espaço encantado, decorado com balões em tons
O som do ar-condicionado da recepção era quase imperceptível. A decoração da clínica Avelar, moderna e acolhedora, exalava tranquilidade. Quadros de paisagens suaves nas paredes, vasos com orquídeas brancas, luzes amareladas e música instrumental suave. Mas nada disso apaziguava a tempestade dentro de Marcus Castelão.Sentado, vestindo camisa preta e calça de alfaiataria escura, com o maxilar travado e as mãos fechadas em punhos sobre os joelhos, ele aguardava ser chamado.— Senhor Castelão? — disse a recepcionista com um leve sorriso. — Doutor Daniel já pode recebê-lo.Marcus levantou-se devagar, como se carregasse chumbo nos ombros. Caminhou pelo corredor até o consultório onde a porta de madeira clara já estava entreaberta.Lá dentro, Daniel Avelar organizava prontuários sobre a mesa. Vestia jaleco branco sobre uma camisa social azul clara. Quando viu Marcus, ergueu o olhar com surpresa controlada.— Marcus... — disse ele, fechando a pasta com calma. — Achei que fosse um paciente.
Na manhã seguinte, Daniel chegou em casa e encontrou Eveline na varanda, tomando um chá.— Eveline — disse ele com voz calma —, precisamos conversar. Pode vir comigo até o escritório?Ela assentiu, preocupada com a expressão dele. Sentou-se em frente à mesa de trabalho, onde Daniel já aguardava com o semblante sério.— Marcus me procurou ontem. Ele já sabe onde você está.Eveline ficou em silêncio. Um segundo depois, desviou o olhar para a janela.— Eu imaginava que não duraria muito...— A decisão é sua — continuou Daniel. — Eu jamais vou forçar nada. Se quiser falar com ele, se quiser vê-lo, se quiser voltar... eu vou respeitar. Mas se quiser seguir aqui, comigo, com as crianças... eu também vou estar aqui.Ela assentiu, pensativa, o coração apertado. Não respondeu de imediato, apenas se levantou com um leve suspiro e saiu do escritório em silêncio.Horas depois, Eveline assistia a um programa de TV enquanto organizava algumas roupas do bebê. Uma matéria especial sobre os bilionário
O sol já se punha quando Marcus acordou no flat da família, com a cabeça latejando e a boca seca. O quarto ainda exalava o perfume adocicado de Giovana, mas ela já não estava ali. A garrafa de uísque aberta sobre a mesa de canto era a única testemunha da noite anterior.Ele se levantou devagar, sentindo o peso de cada passo. No espelho, o reflexo de um homem abatido o encarava. Olhos vermelhos, barba por fazer, camisa amassada. Um completo contraste daquele herdeiro bilionário que figurava nas capas de revista.Ao ligar a televisão para se distrair, sua imagem tomou conta da tela em um programa de fofocas matinal:"Marcus Castelão é flagrado em clima de romance com nova companhia. O bilionário foi visto em um bar luxuoso da capital acompanhado da bela Giovana Arrais, Curadora, colunista da revista Estilo & Alma.A reportagem seguia, mostrando os dois se beijando, rindo e trocando carícias. O barulho da sua própria risada gravada ecoou pela sala como um tapa. Ele desligou a TV com raiv
O sol da tarde filtrava-se pelas janelas da mansão Castelão quando Helena terminou de revisar pela quinta vez o endereço escrito com a caligrafia apressada do filho. Ela o guardou cuidadosamente dentro da bolsa, como se carregasse algo frágil e valioso.Na sala, Marcus estava sentado diante da lareira apagada, ainda com o mesmo copo de uísque na mão, quase intocado desde a última conversa com os pais. Seus olhos estavam vermelhos, a barba por fazer e a camisa ainda amarrotada da noite anterior. O peso de suas escolhas finalmente parecia tê-lo alcançado por completo.Helena observou o filho por um instante, com aquele olhar de mãe que enxerga muito além do visível. Ela se aproximou devagar e colocou uma mão suave sobre o ombro dele.— Não beba mais hoje, meu filho. Já chega de dor.Marcus apenas balbuciou:— Eu estraguei tudo, mãe.Helena suspirou, beijando o topo da cabeça dele como fazia quando ele ainda era um menino. Não disse mais nada. Apanhou as chaves do carro e saiu. A mansão
O envelope estava sobre a mesa do escritório como uma sentença. O nome "Eveline Rocha" impresso em letras oficiais parecia gritar contra o silêncio sepulcral da sala. Marcus não conseguia desviar os olhos daquele pedaço de papel que, mais do que selar o fim do seu casamento, parecia encerrar toda uma fase da sua vida.Por horas, ele permaneceu sentado ali, encarando o envelope fechado. As palavras do advogado ecoavam em sua mente como um martelo: “Pedido de Divórcio. Irreversível.”A mansão, normalmente cheia de movimento, agora parecia vazia, como se refletisse o vazio que se instalava dentro dele. Finalmente, com um suspiro pesado, Marcus estendeu a mão e rasgou o envelope, sentindo como se estivesse rasgando o último fio que o ligava a Eveline.As linhas do documento eram objetivas, frias, sem espaço para interpretações emocionais. No entanto, um detalhe chamou sua atenção imediatamente: Eveline não solicitava pensão alimentícia para si mesma, nem partilha de bens, nem qualquer com
O sol atravessava as grandes janelas da mansão Avelar, trazendo um calor suave e iluminando o ambiente com uma luz dourada. Eveline, vestindo um vestido fluido de algodão bege e sapatilhas confortáveis, descia as escadas com uma mão apoiada em sua barriga arredondada. Estava no sétimo mês de gestação, e cada passo parecia carregado de esperança e de medo. O vestido acompanhava suavemente os movimentos do seu corpo, e o brilho natural em seu rosto era realçado pela felicidade tímida que crescia a cada dia. Daniel a aguardava na sala, acompanhado das crianças, Beatriz e Lucas, que pulavam animados sobre os tapetes. Clara também estava presente, com uma sacola repleta de decorações para o quarto do bebê. A atmosfera era de alegria e expectativa. — Vamos começar? — perguntou Clara, sorrindo. — Claro! — respondeu Eveline, sentindo uma empolgação sincera que há muito tempo não experimentava. O quartinho escolhido ficava no segundo andar, ao lado dos quartos das crianças. A parede já esta
O sol da tarde entrava pelas grandes janelas da mansão Avelar, tingindo o ambiente com tons dourados e quentes. Eveline, agora com oito meses de gestação, movia-se com calma pela casa, usando um vestido de malha macia na cor lavanda e sandálias baixas. Seu rosto, iluminado por uma serenidade contida, exibia traços de cansaço, mas também um brilho discreto que apenas a esperança poderia trazer. No andar de cima, Daniel terminava de montar um pequeno móvel novo no quarto do bebê, enquanto as crianças, Beatriz e Lucas, ajudavam Clara a organizar as últimas roupinhas na cômoda. Cada peça era cuidadosamente dobrada e guardada, com uma mistura de ansiedade e empolgação. — Você viu este macacão, tia Clara? Tem desenhinhos de carrinho! — exclamou Lucas, erguendo a roupinha no ar. — Vai ficar um charme! — respondeu Clara, sorrindo, com os olhos cheios de ternura. Eveline se aproximou e passou a mão carinhosamente sobre os cabelos de Lucas, sentindo o coração aquecido. Ela estava construindo