(Ponto de Vista de Serena)Eu olhava em silêncio pela janela, observando o mundo seguir seu curso sem mim. O céu estava cinza, uma cor opaca que parecia refletir o vazio dentro de mim.A vida do lado de fora seguia, as pessoas passavam por seus dias, mas ali estava eu, presa nesse vácuo, incapaz de sentir qualquer coisa além de um entorpecimento sufocante.— Serena, por favor. — A voz suave, mas insistente, de Stevie me arrancou dos meus pensamentos. Ela estava sentada ao meu lado, segurando uma colher de sopa, com seus olhos cheios de preocupação. — Por favor, coma alguma coisa. Seu corpo precisa de energia.Olhei para a colher, mas o simples pensamento de comida fez meu estômago revirar.— Não estou com fome. — Murmurei, com minha voz vazia, como se não fosse minha.Stevie colocou a colher de lado e pegou minha mão, apertando-a suavemente. Seu toque era quente, mas era pouco para derreter o frio dentro de mim.— Você precisa cuidar de si mesma, Serena. Por favor.As palavras dela mal
(Ponto de Vista de Bill)A escuridão me envolvia, mas havia algo mais, algo além disso. Vozes. No início, distantes, como ecos vindos do fundo de um poço, mas estavam ali, ficando cada vez mais altas e nítidas. Eu não conseguia me mover, não conseguia falar, mas as ouvia claramente.— Os sinais vitais dele estão estáveis, mas não saberemos mais até que ele acorde. — A voz de uma mulher soou, calma, mas firme. Provavelmente uma enfermeira ou médica, alguém acostumado a dar esse tipo de notícia.Logo, ouvi outra voz - fina, mas familiar - era da minha mãe. Ela estava ao celular, com seu tom abafado, mas firme.— Nathan, você precisa manter isso em sigilo. A imprensa não pode saber disso. Bloqueie os jornalistas, e faça o que for preciso.Mesmo nesse estado, reconheci aquele tom. Não era apenas preocupação comigo - era sobre a imagem da família, a reputação que ela sempre fora tão obcecada.Parte de mim sentiu frustração, mas outra parte sabia que ela estava certa. A última coisa que eu p
(Ponto de Vista de Serena)A mansão de Taylor era ainda mais impressionante pessoalmente do que eu imaginava. Os portões imponentes se abriram suavemente, revelando uma propriedade vastíssima que mais parecia ter saído de um filme.A entrada estava ladeada por sebes meticulosamente aparadas, e as enormes portas da frente eram emolduradas por pilares grandiosos. Tudo ali era elegante, moderno e impecavelmente projetado - uma verdadeira casa de celebridade.Saí do táxi e respirei fundo, tentando me acalmar. O ar estava quente, carregado com o perfume das flores que brotavam dos jardins perfeitamente cuidados.Enquanto me aproximava da entrada, não pude evitar de me sentir deslocada. Aquela mansão, com seus pisos de mármore polido e janelas imponentes, era um mundo completamente diferente do caos e da dor em que eu estava mergulhada.Quando estava prestes a bater na porta, ela se abriu, e Taylor apareceu na varanda. Ela me viu instantaneamente, e seu rosto suavizou. Sem dizer uma palavra,
(Ponto de Vista de Bill)Apoiei-me na beirada da cama do hospital, sentindo a mão firme da enfermeira segurar meu braço enquanto ela me ajudava a me levantar.As pernas mal me sustentavam, trêmulas como gelatina, enquanto cada músculo gritava em dor. Me agarrei ao andador como se minha vida dependesse disso, tentando sufocar os tremores que ameaçavam me derrubar.— Devagar e com calma, Bill. — Disse a enfermeira, com sua voz suave e encorajadora. — Você está indo muito bem. Apenas dê um passo de cada vez.Assenti, concentrando-me nos pequenos passos à minha frente. O chão parecia distante, e meus pés se arrastavam a cada movimento.— Lembre-se de respirar. — Ela me lembrou. Respirei fundo, lutando para controlar os nervos e encontrar algum ritmo dentro desse novo - e estranho - normal.Cada passo parecia uma luta, mas eu não iria desistir.— Isso mesmo, Bill. Só continue movendo. — Disse a enfermeira.Dei um passo, depois outro. No início, minhas pernas pareciam feitas de chumbo - pesa
(Ponto de Vista de Serena)No momento em que entrei, soube que aquele lugar não estava para brincadeiras.O ar estava carregado com o cheiro de metal e polido, quase como se eu tivesse acabado de entrar em uma oficina no centro de uma cidade. Ao longo das paredes, enormes fotos de joias incríveis estavam expostas - peças que pareciam valer milhões de reais.Senti os nervos borbulharem dentro de mim. Mas, sinceramente? Eu preferia aquilo à imensa sensação de vazio que vinha carregando nos últimos tempos.Pelo menos ali, eu tinha algo para me concentrar, algo que fazia meu coração acelerar por uma boa razão.À frente, vi a mesa preta e elegante onde uma mulher estava fazendo o registro das pessoas. Sua joia era sutil, mas claramente cara.— Nome? — Ela perguntou, mal levantando os olhos do computador.— Serena Nixon. — Respondi.Ela digitou meu nome no computador, e o som suave das teclas fez meu coração bater mais rápido.Depois de um momento, ela olhou para cima e assentiu.— Estúdio 3
(Ponto de Vista de Serena)No momento em que Madame Amélie terminou de falar, eu me levantei rapidamente, indo direto para a minha bancada de trabalho.Minha mente já estava a mil, cheia de ideias, e senti aquele fogo familiar percorrendo minhas veias.Uma fênix. A imagem me atingiu como um raio: renascida das cinzas, orgulhosa e indomável. Era exatamente assim que eu me sentia, depois de tudo o que passei.Mas não seria apenas uma peça… Eu criaria uma coleção inteira: incendiária e sem arrependimentos - ousada como a fênixPeguei meu caderno de esboços e comecei a desenhar rapidamente.— Uma fênix. — Murmurei para mim mesma, com o lápis se movendo quase sozinho. — As asas abertas, as chamas em plena flor. Um colar, brincos e uma pulseira.Colette olhou por cima, com curiosidade nos olhos.— Está indo com tudo, certo?— Por que não? — Respondi, com um sorriso se formando nos meus lábios. — Se for para fazer isso, vou dar o meu melhor.Terminei o esboço rústico e o deixei de lado. Meus
(Ponto de Vista de Bill)Finalmente estava fora daquele maldito hospital, mas ainda longe de me sentir como eu mesmo.Cada passo era um lembrete de que não estava 100% recuperado ainda.Minhas pernas estavam fracas, e os pontos na lateral do meu corpo doíam a cada movimento, embora o ferimento de bala, ao menos, estivesse cicatrizado.Cerrei os dentes e passei pela dor, porque, neste momento, nada importava mais do que encontrar Serena.O sol parecia forte demais quando pisei na calçada, e o mundo ao meu redor parecia se mover rápido demais. No entanto, tentei me estabilizar.Eu tinha um destino em mente: a joalheria de Serena. Se alguém soubesse onde ela poderia estar, seria Stevie.Quando cheguei à loja, tudo estava assustadoramente silencioso. A campainha acima da porta soou quando entrei, e o cheiro familiar de madeira polida e metal me atingiu.Era estranho estar ali sem ela. O lugar parecia vazio, como se estivesse faltando seu coração.Antes que eu pudesse dar outro passo, Stevi
(Ponto de Vista de Bill)Tudo ao meu redor pareceu congelar no instante em que as palavras saíram da boca de Stevie."Collin não sobreviveu…"Senti como se o chão tivesse sido arrancado debaixo de mim. Meu coração batia com força no peito, a cada batida mais forte e dolorosa que a anterior. Fiquei ali parado, entorpecido, enquanto o mundo ao meu redor parecia girar, me deixando tonto e perdido.Como isso aconteceu? Como eu deixei isso acontecer?— Mas o médico disse... Eles disseram que a Serena e o Collin estavam bem. — Gaguejei, com minha voz trêmula enquanto tentava, de qualquer forma, entender o que estava acontecendo. — Eu não entendo…Stevie balançou a cabeça, com as lágrimas ainda escorrendo por seu rosto.— Eu não sei, Bill. Às vezes, as coisas simplesmente... Não saem como deveriam. Os médicos fizeram tudo o que podiam, mas já era tarde demais. — Respondeu ela, com a voz tremendo enquanto lutava para se manter firme. — Sinto muito.Meu peito se apertou, e o ar parecia não vir.