Nicolo Moretti
Passar as semanas naquele hospital ao lado de Paula foi uma tortura lenta e meticulosa. Doloroso não apenas pela dor constante no meu pulmão ou pela agonia de cada respiração, mas pela visão diária que eu era forçado a encarar: o rosto da minha mulher, desfigurado pela violência que eu, em minha falha monumental, permiti que acontecesse.
Todas às vezes que olhava para ela e via aqueles olhos lindos, da cor de mel, inchados e reduzidos a fendas estreitas, uma culpa ácida queimava o meu estômago. Era um remorso tão profundo que rivalizava com a dor física. E eu, que jurei protegê-la com a minha própria vida, a havia deixado vulnerável. Nada daquilo teria acontecido se eu tivesse estado ao seu lado. Se eu tivesse sido mais esperto, mais rápido e menos cego para as traições que se armavam dentro da minha própria casa.
Quando o inchaço finalmente baixou, revelando gradualmente os traços delicados do seu rosto, os hematomas roxos e azuis começaram a clarear para um amarelo e