“Ele me machucou. De novo.” Capítulo 36
Era noite quando Isabella chegou em casa exausta, ela subiu direto para o quarto, a luz fria do espelho não perdoava. Isabella encarou o próprio reflexo, imóvel, os cotovelos apoiados na pia. O vapor morno da água quente ainda subia da torneira esquecida, embaçando parte do vidro, mas o rosto dela continuava nítido. Nítido demais.
A maquiagem ainda cobria a pele, o batom intacto. Mas havia algo nos olhos dela, um esvaziamento, como se a pessoa por trás da pintura tivesse saído há horas e deixado só o molde.
Ela piscou devagar, os cílios roçando a pele como se pesassem mais do que deveriam. Nenhuma lágrima, nenhum escândalo, só aquele silêncio colado nas paredes do banheiro, mais denso que o vapor.
“Merda!” Isabella afundou na beirada da banheira. O salto ainda preso machucava o calcanhar, mas ela não se deu ao trabalho de tirá-lo. Os pés doíam, a lombar latejava, o corpo inteiro parecia ter se transformado numa única tensão que não passava.
A lembrança veio sem aviso, a mão de Roberto