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Eu, estava, com, saudade

Ele se levantou olhando pela janela, o incrível dele era um quarto com uma cama de casal uma mesinha de canto e uma arara de latão, belas janelas e uma cortina que balança levemente com a brisa.

Me senti na cama apoiando na guarda absorvendo o contraste entre nós dois, Oliver elegantemente arrumado, ele tinha tirado a jaqueta, mas continuava impecável e eu que estava com uma calça xadrez e uma dólmã suja de molho de tomate e uma blusa branca.

- E mesmo você tentando me comprar com sua obra aqui, quero saber porque não tem dormido.

Oliver passou a mão pelo cabelo e se sentou ao meu lado, não resisti de bagunça-lo

- Seu cabelo cresceu bastante desde última vez que te vi.

- Não desvie do assunto Amelia – ali estava o olhar que parecia enxergar minha alma,

Soltei a respiração com força aceitando a derrota.

-  A casa estava parecendo mais silenciosa do que me lembrava, tanto que passou a me incomodar, então tentei deixar ela mais cheia. – Que desculpa esfarrapada pensei comigo mesmo.

- Esse é seu jeito de dizer que estava com saudade?

 Sem pestanejar suas mãos foram pra minha cintura onde ele começou a fazer cócegas, eu comecei a rir descontroladamente e pedindo para ele parar enquanto me debatia pra tentar me soltar, lágrimas estavam escorrendo do meu rosto e ele estava rindo como um vilão de desenho animado, em uma de suas investidas consegui soltar minha mão e alcançar a lateral de seu corpo, porém antes que conseguisse fazer algo ele prendeu meus dois pulsos na cama ficou pairando sobre mim como havia feito mais cedo.

- Agora vai admitir?  

Ele disse próximo de mim,  seu hálito fresco batendo em meu rosto e seu perfume bagunçando meu sistema, em seus olhos um brilho que não tinha visto antes surgiu, meu coração martelava dentro de meu peito como se tivesse corrido uma maratona

- Eu. Estava. Com. Saudade. - Falei a frase pausadamente seu olhar desceu para meus lábios e por um instante pensei que talvez ele quisesse me beijar.

- Eu também estava com saudade, Hermosa. – Ele se afastou me puxando consigo – Agora pro banho vou fazer um chá e espero que na sua geladeira tenha alguma coisa além de sobras do restaurante.

- Acho lindo como você tem fé mim  - dei risada tentando acalmar meu coração

Que porra tinha sido aquilo.

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— Você ainda não aceitou meu convite para assistir a uma corrida de verdade — ele disse de repente.

Suspirei, fingindo desinteresse.

Estávamos sentados no sofá, com as minhas pernas apoiadas sobre as dele, comendo meu doce afetivo, tinha usado minha última lata de leite condessado para fazer brigadeiro, pois não acreditava que ele nunca havia provado.

— Não sei se é meu ambiente. – disse com a colher apoiada da boca

— Você disse isso sobre o treino e no fim amou.

Ele estava certo. Oliver me conhecia melhor do que eu mesma às vezes.

— Vou pensar no caso — provoquei.

Ele sorriu.

— Vou considerar isso um ‘sim’.

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Na manhã seguinte acordei com sol que passava através da janela batendo em meus olhos, levantei me espreguiçando, fazia um bom tempo que não dormir tão bem, peguei meu celular era um pouco mais de 8 da manhã, me levantei com um sorriso involuntário sabia que não estava sozinha, mas ao descer as escadas eu esperava tudo menos Oliver batendo claras em neve ao som de Smooth Operator. Me escorei na porta de braços cruzados assistindo ao show que estava acontecendo a minha frente, ele estava tão concentrado que só percebeu minha presença quando a música acabou, com o susto o fermento que estava em sua mão caiu quase todo dentro da vasilha.

- Dios mio mujer! – ele levou a mão no peito – Quase me mata do coração.

Eu comecei a gargalhar andando até a bancada da cozinha onde me sentei na banqueta.

- Me desculpe – eu ainda estava rindo – Eu só não quis interromper.

Vi ele se movendo procurando uma colher para tirar parte do fermento que havia caído.

- Não aconteceu nada – ele puxou com a colherzinha jogando na pia.

- O que você está fazendo? – apoiei meus ombros na bancada pra espiar.

- Panquecas, fofinhas – Ele passou o dedo na massa e sujou meu nariz – Sua curiosa!

Me sentei no lugar de novo limpando meu nariz e provando a massa que estava realmente gostosa.

- Eu faço o café, seu chato – desci da bancada e fui até onde a cafeteira ficava, preparei café dele e meu chá.

Com a massa prona ele começou a fazer panquecas, jogando pra cima para virar, todo meu corpo resetava toda vez que ele fazia o movimento

- Por Deus Oliver, vai acabar com massa no teto – estava de volta ao meu lugar com nossas canecas.

- Chef Oliver, pra você senhorita – ele deu uma piscadinha colocando uma pronta no prato a minha frente.

Fiquei assistindo ao espetáculo dele até a massa acabar e assim ele vir se sentar ao meu lado, comemos até ficarmos os dois com dor no estômago.

- Eu comi demais, culpa sua.

- Por nada – ele falou convencido.

- Vai voltar hoje? – perguntei um partezinha do meu coração doendo pela resposta que viria.

- Tenho mais alguns dias de folga, então por hoje você terá que me aturar, depois vou visitar minha mãe.

Não consegui evitar o sorriso que felicidade, estar com Oliver recarregava minha bateria.

- Isso me fez lembrar – ele se levantou pegando a bolsa que estava ao lado da porta – Trouxe presentes.

- Caramba você comprou a loja toda? – franzi a testa

- Está reclamando? – ele fingiu guardar a bolsa

- Não! – dei um gritinho agudo – Me dê meus presentes.

E realmente eram muitos, um para casa semana que ele havia ficado longe, de cada país que ele havia passado.

- Gostou? – ele sorria ansioso pela minha reação

Eu ainda estava em choque, minha mesa estava coberta de itens desde imãs de geladeiras até um vestido azul marinho lindíssimo.

- Oliver não tenho palavras pra agradecer – me joguei sobre ele o abraçando e dando um beijo estalado na bochecha – Não precisava de tudo isso.

- Eu via algo lembrava de você e dizia, porque não?

- Você é bobo sabia? – voltei pra minha cadeira.

Estávamos sentados na sacada de casa.

- Por que?  - Ele estava me encarando com aqueles olhos lindos e o meio sorriso que me quebrava.

- Você poderia não ter comprado nada e estaria feliz igual, por que você está aqui.

Pela primeira vez vi meu amigo sem graça e parar disfarçar ele bebeu o restante do café em sua xícara.

- Como estão as coisas no restaurante? – ele decidiu mudar de assunto – Sei que você sempre falava que estava um caos.

- A parte boa tivemos muito movimento esses últimos dias da temporada, a parte ruim muitos clientes que se acham deuses.

- Cuspiu no prato de alguém Amélia? – um sorriso perverso surgiu em seu rosto.

- Apesar de querer muito! Não, preciso dos clientes, mesmo dos chatos.

- As finanças vão bem? 

- Sim, tivemos algumas dificuldades no final do ano passado por conta dos nosso freezer que resolveu que não queria funcionar mais, mas esses últimos meses apesar do caos foram incríveis pra gente.

- Fico feliz, imagino como deve ser difícil pra vocês.

- Nem me fale mais de uma vez pensamos em desistir.

- Está aí algo que nunca me contou, como conheceu eles?

- Ah é uma longa e doida história.

- Meu tipo preferido – ele se recostou na cadeira – E pra sua sorte tenho tempo hoje.

 - Bom, George foi o primeiro. Eu já tinha reformado o restaurante, mas faltava uma equipe. Então saí distribuindo panfletos em tudo quanto era canto e anunciando nas redes sociais. Um dia, um cara apareceram na porta, sem marcar entrevista, com um currículo meio amassado e uma cara de sono, ele me olhou e disse: ‘Sou um ótimo cozinheiro, mas sou péssimo em entrevistas. Se quiser testar minha comida, me dê uma hora na cozinha e verá que não estou mentindo’.

- Que processo seletivo criterioso  - Oliver brincou.

- Ei! não me culpe eu estava desesperada e sem dinheiro dormindo no meu estoque.

- Tudo bem,  justificado.

- Joana praticamente se contratou, eu tinha colado algumas placas de contrata-se mas no dia da inauguração ela chegou dizendo em português “Esse lugar tem potencial, mas você precisa de uma boa garçonete e eu sou a melhor que você vai encontrar”.

- Joana é brasileira? – ele parecia incrédulo.

- Sim e podre de rica, mas decidiu que teria uma vida simples, porém mora numa puta mansão no centro.

Nós dois demos risada, minhas palavras seguintes foram interrompidas pelo celular de Oliver que começou a tocar, ele olhou o visor e franziu a testa.

- Me desculpe, preciso atender. – Seu tom era doce como sempre

- Tudo bem, vou lavar a louça logo meu turno começa

Peguei as poucas louças que haviam ficados sujas e lavei, subi para meu quarto passando pela sacada, Oliver ainda estava ao telefone falando em inglês, só fiz um sinal para ele e fui para meu banho, slguns minutos mais tarde eu já estava pronta acabando de prender meu cabelo, quando ele bateu na porta.

- Pode entrar Oliver! – gritei pra ele – Só estou acabando de me arrumar.

Ele parecia desanimado quando o observei pelo reflexo

- Aconteceu alguma coisa? – me virei para encara-lo.

- Vou ter que ir a Fiorano.

De repente também fiquei triste, não estava preparada pra dizer adeus  de novo.

- Tudo bem– me sentei ao lado dele na minha cama – Teremos outras oportunidades pra mim te encher com mais histórias da minha vida doida aqui.

- Eu sei, apesar que ouvir sobre o seu passado só me faz admirá-la mais e me fazer acreditar que você não tem senso de segurança.

- Falou o homem que veio dormir numa casa meio abandonada de uma estranha.

- E você permitiu um homem estranho na sua casa. – Ele arqueou a sobrancelha.

- Foi uma das decisões mais inteligentes que já tomei – me levantei pegando minha mochila – E eu tinha faca embaixo do travesseiro.

A expressão de Oliver foi cômica.

Meu amigo insistiu em me deixar no restaurante antes de ir, enquanto ele foi tomar banho e se aprontar fui guardar meu presentes, estava com a pilha de caixinhas na mão quando passei na frente de sua porta ele estava acabando de fechar os botões da camisa branca, eu parei sem nem perceber, passei tanto tempo longe dele que por algum motivo e filho da mãe tinha ficado mais bonito, Oliver tinha um porte físico de atleta, mas com músculos na medida certa, sem sombra de dúvidas era um deleite para olhos, com aquele cabelo preto que dava vontade de enviar os dedos.

- Amelia! – ele estava rindo – Gostou da vista?.

Fiz minha melhor atuação de indignada.

- Já vi  melhores! – corri para meu quarto.

10 minutos mais tarde estávamos na frente do restaurante.

- Obrigada por me trazer – o encarei tentando memorizar cada detalhe.

- Compensação por não poder ficar, mas prometo que volto ainda hoje.

- Não se preocupe, trabalho é trabalho e de qualquer forma sabe onde me encontrar.

Sem dizer nada Oliver me abraçou e deu um beijo no topo de minha cabeça, gesto que estava se tornando comum.

- Até a volta Oliver – disse saindo do carro.

- Até Amelia.

Ele arrancou com o carro e eu fiquei por mais alguns momento vendo o carro desaparecer.

- Só queria saber quando vocês vão assumir isso aí – Simon falou atrás de mim com o sotaque italiano arrastado.

- Ah, olha só  - falei olhando para meu relógio – Hora de você cuidar da sua vida!

Ele deu risada o filho de uma cabra deu risada

- Você sabe que estou certo.

Não, ele não estava, éramos amigos, grandes amigos e nada além disso, pelo menos era o que repetia pra mim mesmo.

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