— Prefiro que me morda se for gritar, ok? - Johnson entregava a mão para Maria. - Ouvi a voz de Helena hoje. - Maria o mordia, dolorosamente. Johnson aguentava, firme. - Se puder respirar fundo e soltar, terá um homem agradecido aos seus pés. - Ela relaxou e o soltou. — Como, quando e onde? - Maria definia.— Maria, não são respostas fáceis. Não sou um exemplo de ética, querida. - Ele respirou fundo, massageava a mordida. — E isso quer dizer que? - Ela sentia algo estrangular a garganta.— Não é algo tão aberto ou necessário agora. Ela está envolvida com Mictlán. - O homem afirmou. - Eu só sei e está na linha de frente, mas do outro lado agora. — E o que fazemos com essa informação? - Maria, às vezes, surpreendia Johnson de forma inusitada.— São dois caminhos, informo e sou julgado por traição ou convido vidas de amigos a um banho de sangue. Ela não sabe brincar de caçar. Ou mata ou cala. - Ele respirou fundo. O vinho era servido. - Enfim, há uma terceira margem: informar o marido
— Preciso submeter o Gregory, sem que ele perceba. - Helena disparou no café da manhã, paralisando Dario no lugar. Ela tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo, usava roupas esportivas e tinha o rosto corado, com a xícara de café na mão. Parecia pensar. - Está aí. Vou sequestrar ele dele mesmo. - Ela se levantou. Dario sentia o frio percorrer suas entranhas. Ela iria brincar com uma vida a troco de nada. — Helena, pare! - Dario ordenou, sério. - Brincadeira tem hora. Vai caçar o cara à toa? Saudades? - Ele se enciumava. — Você acha que eu faria com você o mesmo que já ousou fazer comigo, Dario? - Ela respondeu, afiada. - Me poupe. — Helena! - Ele aumentou o tom. A mulher simplesmente o ignorou e seguiu para o quarto. Ele saiu em seu encalço. - Helena. - Ele a segurou pelo braço. - Estou... - Dario sentiu o tapa, pesado, no rosto. Ela retaliou, sem piedade.— Escuta. Me solta para não dar briga. - Ela ordenou. Dario a obedeceu, perplexo, ela não era tão reativa. - Eu vou atrás d
O celular de Gregory enlouquecia de notificações, sendo impossível abrir o aparelho, travado com a avalanche de mensagens. Helena passou a tarde dedicada a operações financeiras. Não houve conta que não fora esvaziada. Fosse dele, das empresas, da mãe ou dos irmãos, todas convergiam a uma única conta de Scarlet, de onde os fundos evaporavam, sem mais rastreabilidade, para algum lugar. Gregory, descrente, via a lista de saldos zerados e irrecuperáveis. No departamento de pessoal, Helena informava uma conta pessoal, na Jamaica, para onde seus fundos eram direcionados, ao mesmo tempo que ele recebia a documentação do divórcio, vindo de algum lugar no Alaska. Sua existência desmoronava em um prazo de quatro horas. Uma devassa acontecia em quatro horas. Um contato, no Havaí, fazia uma ligação. — Alô? - Gregory ouvia a voz de Helena, depois de meses. — Helena! Onde você está? O que significa isso? - Ele olhava, descrente, para z proposta de divórcio, simples, sem pedidos de nenhum tipo de
Jantar, filme sem fim, Helena apagada no colo. Dario não conseguia dormir. Fé, para ela, tudo se resumia a fé. Chegava ao cerne da mágoa: traição não passava da quebra da fé e tudo o que isso tocava ou sobre isso era construído. — Que vazio imenso isso representa... - Ele disse para si, acariciando o rosto dela, que dormia, segura, relaxada, mas não sem uma arma carregada e destravada ao alcance. Dario a incomodava, manhosa, carregando Helena para a cama, deixava-se ficar na cama, até que ela se acomodasse ao seu peito e a desculpa para ver ela acordar se instalasse. O mesmo ritual, toda manhã, disciplinada. Ele a espionava, passava a sair armada, com as lentes, começava a prevenir riscos. Tinham outro carro, em algum ponto que nem ele sabia onde estava, tinham os mesmos três conjuntos de malas: no carro principal, no carro secundário e um esconderijo, no centro, um bunker, preparado para um bombardeio que ele achava um exagero, mas não questionava. Ela chegou uma hora depois: pai
Helena não fez menção de recuar ou desistir do negócio, Johnson suava frio, nervoso com a presença dela. — Fui aconselhado a não entrar no fogo cruzado, Major. - Johnson tomava coragem para quebrar o silêncio. — É um conselho sábio. - Helena sorriu. Johnson interpretava aquilo como predação. "Sério que eu considerava esse animal como uma amiga?" Ele constatava algo que não desejava compreender, de verdade, ele estava sentindo medo de Helena. - Devo me preocupar com a qualidade dos documentos que solicitei? — Não, o padrão está mantido. - Ele respondeu, entre bocadas. - Mas, quando fiz as análises, que são inevitáveis nesse trabalho, tinha informações incongruentes. — Tipo? - Helena gostava da perspectiva de Johnson sobre as coisas. — Tipo que, consolidada, significaria que a unidade está corrompida e é perigosa. Papo bravo de envolvimento com o crime organizado de forma geral. - Johnson percebia a verdade, ainda que apenas uma sombra. — Tenho uma proposta, querido. - Helena most
"Vingativa!?" Dario ouvia as palavras serenas de Helena, que suavemente girou sobre si, para entrar. O vislumbre do olhar, de canto de olhos, daquele azul acinzentado, fez o homem sentir algum estremecimento, algo que congelava-o por dentro. — Vamos voltar! - Ela anunciou, voltando aos equipamentos. - Tenho tarefas que preciso resolver. Nós nos separamos em Nova York.— Para onde vai, Helena? - Dario se desesperava, segurando Helena pela mão. - A gente acabou de ser entender, vida. Não faz isso com a gente. - Ela parou de avançar. — Vou resolver pontas soltas, Dario. - Ela disse, friamente. Entendia o que precisava ser feito para garantir segurança e monopólio das operações e não seria simples. Dario havia se tornado Mictlán, era alguém a quem temer em toda a fronteira e, agora, ela tinha um explicação: ele nunca deteve a exclusividade da fronteira, como por anos, ela acreditou, mas era o gigante, sozinho, capaz de operar, fazendo frente a um conglomerado de um sem número de nomes,
— Meu vôo adiantou. Quer patinar? - Helena mandava para Rafael, de um número local. — Agora? - Rafael percebia o adiantado da hora, onze da noite. — Estou na pista. Joguei com a sorte, paixão. Quanto tempo será que tem? - Ela seduzia, enviando para ele um vídeo da pista, vazia. Estava em movimento. Rafael apenas saiu, gostava daquela imprevisibilidade. Ela era linda e, ao que parecia, intrigante. Militar, alta parente, treinamento de ponta, desenvolta. Causaria uma guerra, mas não seria tão ruim, especialmente, se o colocasse no comando. Ela era um desastre anunciado, para o qual ele corria, de coração acelerado, inexplicavelmente. A pista de patinação parecia fechada, mas tinha música e o foco de luz se deslocava lá dentro. Rafael entrou, sorrateiro, porta lateral entreaberta, da frente não conseguia ver o ringue. Armou-se e entrou, devagar. O tranco, de cima, montava em sua nuca, enfiando os pés em seus cotovelos, fazendo-o arremessar a arma longe, Helena estava sentada nas cost
Helena disparou, uma corrida frenética a qual Rafael acompanhava. Havia um complicador, a mulher praticava parkour, fisicamente, muito ágil e destemida. Sem perceber, ele se via frente a frente com a deusa de sonhos picantes da madrugada anterior, percebia um sem número de cicatrizes no peito arfante e no abdômen que o impressionavam. "É um demônio! Quem vive com esse tanto de perfuração?" Ele a notava armar a guarda, enfrentava-o.O plano dela era simples: perder. As paixões fulgazes eram informantes muito poderosas, mas não sem dar um bom tanto de trabalho, já que surgiam da supremacia física, nada relevante, em termos de relação, do instinto de superioridade e, por fim, proteção. Helena se servia da lógica da biologia para entrar naquela aventura. Rafael não se deu ao trabalho de parar, como corrida, entrava naquele combate, era rápido, forte e preciso. Helena defendeu o primeiro soco, lhe dando um tapa na mão, forçando o homem a desviar, expondo as costas. A joelhada, cruel, atin