A saudade deles não tinha tradução. Dario não se lembrava de ter ficado tão excitado por qualquer outra mulher. O cheiro de Helena lhe sequestrava a ração. Helena, atada ao corpo dele, se deliciava com o beijo poderoso, mas gentil, que lhe aquecia a pele. Pressionava-se contra ele, afundando-se em um desejo inexplicável. Ele se sentou na cama, Helena o libertava, jogando a camiseta longe, debruçando o peito, em pele, sobre ele. Dario sentia que explodiria a qualquer momento, antes mesmo que ela o tocasse. Gemia sob o comando exigente dela. Ele a sentia beijar seu pescoço, provocava-o, movendo os quadris, obscena, ardente. Seu corpo chamava o corpo dele, autoritário, imponente. Dario a rolou sob si, colocando-a deitada, abaixo de seu peso. Ele se deteve por um instante. Helena estava ruborizada, os lábios carnudos, entreabertos. Tinha o olhar brilhante, lânguida. Encarando-a, hipnotizando a mulher, lhe deslizando a mão sobre a pele, libertando-a da última peça de roupa sobre seu
— Pode me arrumar umas roupas? - Helena pediu, mastigando, como se aquelas últimas palavras não tivessem acontecido, olhando para Dario, que flutuava em algum lugar entre surpresa e desconforto. — Eu não reconheço você. - Dario disse, impressionado. — Mas a gente se divertiu. - Ela ironizou, apontando a colher para ele, em seguida, tirando uma porção do iogurte e levando à boca. - Pode me ajudar ou eu dar uma de louca, tanto faz. - Ele se surpreendia com a acidez dela, era irritante e "Sexy?" Dario se pegava em um turbilhão de emoções, memórias, sentimentos e pensamentos. - Escuta: para com o drama. Me encara como só mais uma que se divertiu por uma noite, sem compromisso. Não precisa tornar isso em u. relacionamento. Agradeço pelas vezes que me salvou e cuidou de mim, mas espero que tenha consciência de que não pedi isso. Fez porque quis. Quando minha identidade ficou clara para você? Se não tivesse me dito, eu jamais ia desconfiar. — Quando invadi seu apartamento e peguei sua
— Por quanto tempo vamos ficar parados? - Dario, nu, ao lado de Helena, perguntava, faminto e fraco depois daquela manhã infernal e deliciosa com ela. — Até amanhã. O protocolo fala em até vinte e quatro horas para a captura do inimigo. Depois, vira investigação, é mais fácil de interceptar. - Ela rolou, afastando-se dele e indo direto para a geladeira. Olhava o que tinham ali. - Certo, é o que temos. - Ela fechou o eletrodoméstico, vestindo a calcinha e a regata, para ele, era a visão do paraíso. — Escuta. Você queria mesmo ser mãe? - Dario disparava a pergunta absolutamente aleatória. Helena se ressentia, visivelmente. — Não era o que queríamos quando éramos casados? - Ela retrucou. Havia algo perigoso na voz dela, estava irritada. — Naquela época, foi. - Dario se sentou, vestindo a cueca e indo até ela. Preparava algo. - Hoje, não sei. Depois que foi embora, nunca mais quis. Percebi que não queria filhos por querer amar alguém e toda aquela coisa sobre família. Eu os queria
Dulce hospedou Dario e Helena numo depósito da padaria, a pedido de Helena. Colchonetes no chão, água, cigarros e travesseiros, tudo o que ela pediu e como pediu. — O que vai ser amanhã? - Dario perguntou, ajeitando o corpo ao chão, desconfortável, nunca teve o traquejo que ela tinha de suportar coisas impensáveis. — Como chegamos ao abrigo onde me prestou socorro? - Helena considerava. Raciocinava na pouca luz que vinha de uma janela alta, do lado de fora. Dario a olhava, os olhos claros refletiam aquela iluminação parca, ela parecia uma feiticeira de conto de fadas. — Não é simples, mas dá pra chegar. - Ele disse. - Como quer fazer? — Vou dar meu jeito. Temos que esperar o filho da Dulce voltar. Ele tem instruções específicas. Não é uma alternativa voltar para os Estados Unidos agora. Toma. - Ela entregava seu colchonete para ele. - Estou acostumada a falta de conforto, durmo até em pé. Você está desconfortável demais, está me incomodando. — Cabe dois. - Dario disse, aceit
Dario e Helena passaram algum tempo juntos depois do jantar, em silêncio, no sofá. Helena se aninhou ao abraço dele, apenas para ouvir seu coração. De modo inexplicável, aquele som, ritmado e baixo, o calor morno da pele, o cheiro. Tudo a acalmava nele. Nem em suas melhores bebedeiras se sentiu tão relaxada e livre das contendas íntimas que seu coração a encurralava constantemente. Ele a sentiu suspirar, suave e longamente. — Amor, o que vai ser de nós quando isso tudo acabar? - Ele perguntou, apreensivo, acariciando as costas dela, levou a mão ao cabelo e percebia uma cicatriz, uma falha, alongada e grosseira. "Eu não consegui." Ele arregalou os olhos, lembrando do pranto doloroso dela e, naquele instante, se surpreendendo com a verdade: ela realmente tentou. — Você realmente está ansioso com o futuro, não está? - Ela perguntou, baixinho, com a paz imperando sobre ela. — Estou. - Dario confirmava, se sentia ansioso sem aquela visão de futuro. — Olha, vai ser o que tiver que ser
— Amor, assim, como pensa em entrar em Monterrey? - Dario se interessava. — Silenciosa. - Ela sorriu para o alto. - Ainda sou boa com algumas coisas fora da vida militar. Cozinheiras, boleiras, cabeleireira, barbeiro, tem profissões que são universalmente preenchidas de gente invisível. É uma ação longa, não nego, mas tempo significa redução de riscos. Eu ainda sou um fantasma. - Ela suspirou. - Sabe? De repente, eu me vi livre, de verdade. Sem rumo. Não tinha ordens, nem contas, nem metas, nem identidade, sem propósito, sem destino. - Ela se expunha aos ossos. - Até ser atacada pelos "meus". - Ela gesticulou as aspas, ironizando a situação. - Não entendo o que me torna tão peculiar a ponto de ser um risco. Eu só.... - Ela se acanhava. - Eu só queria morrer, mas não assim, não como morri, ficando desamparada. — O que a machucou tanto ao ponto de a morte ser uma opção viável, meu coração? - Ele se virava para ela. Era difícil entender como uma pessoa tão vigorosa e intensa consider
— Estrategicamente falando? - Dario ponderou, segurando a toalha diante do corpo. O olhar faminto de Helena o intimidava. "Não era tão fogosa." Ele pensou, tentando manter a postura de confiança. — Pode ser. - Ela respondeu, cobrindo o rosto com as mãos, percebia Dario desconfortável. — Subúrbio. Se estou livre e vivo, isso indica que sou bom em me esconder. - Ele afirmou, Helena reconhecia isso. — Ok. - Ela respondeu, a voz abafada pelas mãos diante do rosto. — Está desconfortável, Maria? - Ele entrava na brincadeira, se forçando, apesar do dilema. Priorizava aquele momento que, eventualmente, poderia não se repetir. Ele a sentia nebulosa, não conseguia decifrar aquela nova mulher. — Não, mas acho que estou fazendo cara de lambisgoia. - Ela riu, divertida. — Fato. - Dario se aproximou dela, pegando a roupa sobre a cama, perto demais. - Só que, se começarmos, nenhum de nós dois come até amanhã cedo. Não é um hotel com serviço de quarto. - Ele informou. Haviam escolhido um
— Coração, qual sua relação com Gregory Stuart? - Dario perguntou, lavando a louça. — Antes ou agora? - Ela perguntou, enxugando os utensílios. — Ambas. Temos tempo para nos reconhecer. - Ele disse, precisava ouvir-la. — Ele foi meu instrutor na academia, era amigo meu e do meu finado esposo. Depois que fiquei viúva, se tornou um grande amigo e apoiador, uma das poucas pessoas que eu podia chamar de família. Sempre cuidou de mim, foi meu médico, meu comandante. - Ela respondeu, tranquila, se esticando na ponta dos pés para guardar algo. — Amantes? - Dario tentava conter os ciúmes. Helena o olhou de canto de olhos, sorria, travessa. — É, tivemos um lance, mas ele se emocionou e eu, bom, preferi ir embora. Estava lá quando levei Scarlet para abortar. - Ela disse, como quem conversa com uma amiga confiável. — Qual a relação? - Dario investigava, ajudando-a. — Filha dele. O pai a quem ela referia que eu não amava era Gregory. - Helena respondeu, saindo debaixo de Dario e ganh