Blossom se aproximou de Helena, via Martha cuidar da mulher, encolhida. — Martha, você é a babá dela? - A menina se sentou, levava a mão às costas de Helena. Não desgostava da mulher bonita de olhos claros. Não a conhecia para poder julgar. — Algo assim, Blossom. - Martha sorria. Helena sentia a pequena mão da menina em suas costas, afagava, relaxando-a. Tinha aquele quase toque que compartilhava com o pai. — Qual o seu nome, namorada do papai? - A menina se inclinou, dócil, com a expressão curiosa. — Helena. - Helena respondeu, engolindo a dor. — Tenta não ficar chateada com a Scar. - Blossom defendia a irmã. - Ela não gostou que o papai e a mamãe se separaram. Mamãe diz que foi por sua causa, mas eu acho que não. Eles brigavam muito. Eu vi. - A pequena confessava algo inimaginável para Helena. O casamento perfeito de Gregory não era tão maravilhoso assim. - Eles não eram mais amigos. Nenhuma de nós é culpada. Como eu ajudo, Martha? - A pequena se candidatava a servir.
— Um beijo por uma queixa? - Gregory disse, sobressaltando Helena, que o encarava, a beira de um colapso, parecia confusa. — Não é nada, Greg. - Ela suspirou, voltando a olhar para abaixo. — Se não somos amigos mais, não deveria se preocupar tanto, então. - Ele se aproximou, abaixando à frente dela. - Apenas faça o que quiser fazer. — Eu não sei. Me sinto como se tivesse invadido um lugar ao qual não pertenço e, de repente, sou uma impostora que se esgueira entre colunas sombrias. - Ela controlava suas emoções, respirava, ritmada. — Você não se sente mais em casa? Está desconfortável? - Helena concordou, com um gesto, à pergunta de Gregory. - Quer se isolar e ficar quieta, não quer?— Honestamente, sim. Desde a falha em campo, parece que tudo virou de pernas para o ar. - Ela se queixava.— O que a faria se sentir melhor, meu bem? - Paciente, ele pegou as mãos dela e as beijou, carinhoso. — Eu não sei. - Ela respondeu, a voz sumia, fraca. - Eu... não sei. - Sem dizer nada, ele a a
Scarlet estava chocada. Com um olhar mais atencioso e aquela víbora da Helena ameaçava seu segredo. Aquela mulher, de olhar de gelo, via o que não devia. — Vou conversar com ela. - Gregory disse, fazendo Scarlet congelar. — Não faça, Greg. - Helena a defendia, mesmo depois de tudo. - Se ela achou por bem não contar, pode estar considerando aborto ou doação para adoção. Isso, partindo da ideia de que, não só, não seja mais virgem, como que, também, esteja grávida. Não a force e nem pressione. Ela tem seus motivos e isso tem que bastar. Ela pode estar procurando o próprio norte, as próprias convicções. Se a gente não for porto seguro, em quem ela vai confiar? Katrina é, para mim, perfeita, mas, hoje, pode ser que eu me desiluda e ela está seguindo adiante. Será que a Scarlet quer mesmo ir com a mãe para onde for? Será que alguém perguntou o que ela quer? Do que precisa para ter paz? - Gregory considerava. Scarlet se emocionava. Nem sua mãe havia lhe dado tanto respaldo. - Seja discre
— Você está, realmente, grávida? - Helena perguntou a Scarlet.— Acho que sim. Eu..... - A menina se encabulava. - Eu fiz o teste de farmácia. — Não é um indicativo preciso, você não tem menstruado? - Helena era aberta. Parecia não julgar. Scarlet negou. - Tudo bem. Vamos partir de algum lugar. Você contou ao pai? - Scar negava outra vez a pergunta. - Quer contar? - Outra negativa. - Quer tirar? - Scar parou com a pergunta. — Isso é ilegal no Texas! - Ela se espantava.— Scarlet, é ilegal em todo lugar onde a decisão sobre o direito reprodutivo de uma mulher não pertence a ela, de fato. - Helena disse. - No Colorado, é absolutamente legal. Essa é a questão. Você quer ter um filho ou não? É o seu momento ou não? Entende isso? O fato de gerar um feto não quer dizer que gere um filho, querida. Isso é uma decisão sua. Você está preparada para a maternidade? - Ela era direta. — Não. - Scarlet tinha uma certeza. — Então, decida. Seu pai vai saber, de alguma forma. Mesmo que ele surte, s
— Helena. - Gregory rosnou, suavemente, beijando o pescoço dela, a mão que acariciava o busto, em toques e quase toques enlouquecedores. Aquele homem tinha seu manual na mente. Os lábios, gentilmente, lhe tocavam a pele. Helena se perdia, rolou o homem para baixo de si. Dominadora, exigente. Tinha o beijo feroz, intenso. Arrancava, dele, gemidos baixos e roucos, entre beijos e mordiscadas. Gregory subiu as mãos pela lateral das pernas dela, uma amazona voraz, que se impunha. "Selvagem. É essa a sensação." A pele dela contra a sua era levemente febril. Ela avançava, contendo-se. Hesitava.Helena era de uma espécie rara de mulher, forte, imponente, exigia dele seu melhor. Ela arrancou a camiseta dele, beijava o peito nu do homem, acariciando a pele quente, do peitoral musculoso, de ombros largos. Ela lhe vendou os olhos, ainda que fosse menor, sabia dominar, lhe segurava os pulsos, desvendava a pele dele, a língua corria, em toques delicados e beijos ferozes. Gregory aceitava o domínio.
— Eu me casaria com você antes do almoço, inclusive. - Gregory respondeu, mais sério. - Aliás, por que não se defendeu ou, sei lá, procurou a polícia? — Querido, entenda: nós somos da polícia. - Ela sorriu, afável. - Eu preciso voltar por esse motivo simples. Treinar, voltar para o campo. Sabemos que temos duas hipóteses possíveis: ou Renard está sendo chantageado ou está envolvido nisso. - Ela deu de ombros. - De qualquer forma, isso vai cair no esquecimento em algum momento. Se ainda não fui exonerada, isso não passou de ameaça ou as identidades foram preservadas. Sou um tipo comum. - Ela concluía. - Pode ser qualquer mulher naquelas imagens. De qualquer forma, eu avisei a pessoa que não deveria fazer as publicações. Haveriam consequências. - Ela terminou seu café. - No resto, não conheço toda sua família e a que conheço me odeia. Nada além do lógico. Ainda assim, tem pouco tempo do seu divórcio e de namoro. - Ela disse divertia. — Está me enrolando, futura senhora Stuart. - Ele
Sara viu Helena se acomodar, dona da situação. Gregory recebia, de suas mãos, o tablet com a agenda, relatórios e alguns documentos para decisões. — Greg, vou sair. - Helena anunciou. — Cuide-se, querida. Gostaria de almoçar comigo hoje? - Ele pediu, esperançoso. — Farei meu melhor. A que horas devo estar disponível? - Helena perguntou, tranquila. - Dresscode? - Sara estranhava a pergunta. Aquela não era uma jovem inexperiente. — Você realmente se preocupa com isso, não é? - Ele riu, surpreendendo a secretária, com quem era sempre sisudo, ainda que fosse gentil. Àquela mulher, ele dedicava um raio de sol que Sara daria de tudo para sentir. — Pois sim. Imagine ficar com fome por causa de um pedaço de pano, Major! - Helena respondeu, ácida. — Pois bem, Tenente! Mall não tem Dresscode. - Sara se surpreendia, ambos eram militares e ambos oficiais. Isso explicava a cordialidade agressiva deles. "Tenente? Então não é uma qualquer?" Sara investigava a mulher que selou os lábios de G
— Ei, vovô. Tem câmeras aqui, não tem? - Helena perguntou, ainda ressabiada. "Estou ficando paranóica?" Ela se questionava. — E o que isso interessa? - O indiano perguntou. — Põe na conta de favor para sua nova amiga especial da Migra. - Ela respondeu, vigiando a porta, ostensivamente. — O que prova o que diz, garota? - O velho se interessava. — Aqui. - Ela jogou a identificação no pé do balcão. O velho pegou a carteira. Era, para além da Imigração, militar de patente. Tenente Brown, H. J. Ele fechou a carteira. — Vira a placa de "Fechado", Tenente. - O velho instruiu. - Vira e dá um passo atrás. - Helena o obedeceu. Pesadas portas desciam entre os vidros blindados, malhas de metal e cerâmica. Ela se surpreendia com o grau de segurança daquele lugar. Era bastante incomum. A loja de penhores era pequena, com prateleiras abarrotadas de objetos que pareciam carregar histórias esquecidas, tinha o ar, pesado, misturado ao aroma de madeira envelhecida e incenso. A mulher tinha o o