Narrado por Simon
A última coisa que vi antes de partir foi o terraço da escola, lá de longe, pela janela do carro. Era pequeno, quase imperceptível, mas eu sabia que estava lá. Nosso lugar. Nosso silêncio. Nossa promessa.
Não tive tempo de me despedir. Meus pais estavam tensos, assustados. O Sr. Benson havia nos pressionado com palavras duras e ameaças veladas. E mesmo que meus pais não tenham aceitado o dinheiro, aceitaram o medo. E o medo nos fez partir.
Eu queria correr até Noah. Queria explicar. Queria dizer que não era escolha minha. Que eu não estava fugindo. Mas não houve tempo. Nem espaço. Só urgência.
Chegamos a outra cidade como quem chega de um naufrágio. A casa era menor, o bairro mais silencioso, e tudo parecia estranho. Meus pais tentavam manter a calma, mas eu via nos olhos deles a culpa. A dor. A dúvida.
E eu? Eu estava em pedaços.
Nos primeiros dias, não falei com ninguém. Não comi direito. Não dormi. Ficava horas encarando o teto, tentando entender como tudo desmoron