Yasmin voltou para o carro.
A chuva ainda caía. No para-brisa, uma folha amarelada estava grudada. Yasmin acionou o limpador, mas a folha permaneceu no lugar. Ela se recostou no assento de couro e olhou para a água e para as luzes refletidas do lado de fora.
Ela não amava Hugo. Mas a traição dele a fez voltar à infância, àquele entardecer de coração partido...
O pai, sempre bondoso, agrediu a mãe, quebrando uma garrafa de cerveja na cabeça dela. Sangue jorrava. A lembrança mais marcante era que a mãe tinha cacos de vidro no couro cabeludo, extremamente aterrorizante. Nuvens escuras cobriam o céu. Yasmin chorava sem parar. Naquela vez, a mãe, suportando a dor, a abraçou e sussurrou: "Não tenha medo! A mamãe está bem."
As feridas da infância levariam uma vida inteira para cicatrizar.
Lágrimas escorriam pelo rosto de Yasmin. Mesmo após tantos anos, a lembrança ainda era chocante e inesquecível. Agora, a traição de Hugo era exatamente como aquela cena de outrora.
Ela estava mal, mas não qu