— Vocês são uma família. Eu, não.

— Gisele, não é assim... — Bela tentou explicar, mas foi interrompida pela voz fria de Gisele.

— Então me diga, mãe. Por que, quando o Lorenzo nasceu, ele teve o amor e o cuidado dos pais, mas quando eu nasci, vocês me abandonaram? Por que meu pai nunca quis me reconhecer? Por que, todo ano, no aniversário do meu irmão, vocês preparavam presentes com tanto carinho, enquanto no meu aniversário eu ficava sozinha? O meu aniversário e o do Lorenzo têm uma diferença de apenas dez dias, mas vocês nunca se lembraram do meu.

Enquanto falava, Gisele não conseguiu conter a emoção. Seus olhos ficaram levemente vermelhos, e a voz começou a tremer.

O olhar de Bela vacilou, tomado pela culpa. Sua garganta parecia apertada, e ela não conseguiu dizer nada.

O quarto mergulhou em um longo silêncio.

Gisele ergueu a cabeça, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair:

— Na verdade, eu entendi tudo quando tinha seis anos. Eu era uma criança que não foi desejada.

Gisele