Gisele secou as lágrimas, retocou a maquiagem e saiu do banheiro. Assim que abriu a porta, viu Simão e Nanda entrelaçando os braços enquanto brindavam.
— Hahaha, Simão, já que é para beber, que tal fazer o papel completo? Vocês devem dormir na mesma cama depois!
— Esse Simão é mesmo um sortudo. A esposa é elegante e refinada, enquanto a assistente é jovem e encantadora!
— Comentaram os amigos.
Gisele fixou o olhar nos dois, com os braços entrelaçados. Seu coração parecia ser cortado em pedaços. Aquele era o homem que ela amava há dez anos...
Um dos amigos notou Gisele se aproximando e cutucou Simão, murmurando:
— Simão, para com isso. Gisele está vindo.
Então, ele tentou acalmá-la:
— Gisele, é brincadeira, só para animar o ambiente. Não fique...
Simão o interrompeu imediatamente:
— Eu não vou alimentar essa mania irritante dela!
Depois, ele lançou um olhar desafiador para Gisele e disse com desprezo:
— Se não gosta do que está vendo, pode ir embora. Não fique aqui estragando minha diversão!
Gisele reprimiu a dor que apertava seu peito e sustentou o olhar de Simão. Palavra por palavra, ela declarou:
— Simão, vamos terminar.
O silêncio tomou conta da sala. Todos ficaram paralisados. Estavam ouvindo direito? Gisele, a sempre submissa Gisele, estava pedindo o término?
Simão ficou atônito por um momento. Ele jogou o cigarro no chão e soltou uma risada de escárnio:
— Está falando sério? Não venha depois chorando e implorando para voltar.
Antes que Gisele pudesse responder, Nanda se aproximou rapidamente, agarrando a mão dela com uma expressão de falsa humildade:
— Srta. Gisele, por favor, não brigue com o Sr. Simão por minha causa. Ele só sentiu pena de mim por eu não ter amigos e quis me fazer companhia no meu aniversário. Se estiver chateada, pode me dar alguns tapas, só não termine com ele.
Gisele não hesitou. Levantou a mão e deu um tapa forte no rosto de Nanda.
O som do tapa ecoou pela sala. Nanda ficou paralisada, o rosto queimando de dor. Ela jamais esperava que Gisele realmente fosse agir. A maquiagem impecável que ela havia feito estava arruinada.
— Gisele, você ficou maluca? — Simão gritou, se recuperando do choque. Ele avançou rapidamente e empurrou Gisele com força, protegendo Nanda atrás de si.
Gisele tropeçou e caiu perto da mesa de centro. Seu braço foi cortado por uma faca de frutas que estava sobre a mesa, e o sangue começou a escorrer.
Simão viu o sangue e, por um breve momento, sua expressão mudou. Ele deu um passo à frente, como se fosse ajudá-la, mas Nanda segurou seu braço.
— Sr. Simão, foi tudo culpa minha. Não brigue com a Srta. Gisele. Se isso a fizer se sentir melhor, eu aceito mais tapas.
Simão olhou para o rosto inchado de Nanda e, em um instante, qualquer traço de culpa que sentia por Gisele desapareceu. O que restou foi apenas raiva e desprezo.
— Olhe para você agora, Gisele. Está agindo como uma pessoa cruel e venenosa. Nem chega perto da bondade da Nanda. Quero que peça desculpas a ela, agora mesmo!
A voz de Simão era firme, mas seu tom era de total proteção a Nanda.
Gisele fechou os olhos, tentando conter as lágrimas. A dor do corte em seu braço não era nada comparada à dor em seu coração. Durante todos esses anos, ela havia corrido atrás de Simão, acreditando que ele um dia olharia para ela. Mas o garoto que ela uma vez salvara de um incêndio já não existia mais.
Ela estava cansada. Não queria mais continuar nessa perseguição.
Gisele abriu os olhos, levantando-se devagar. O sangue tingia o vestido branco que ela havia escolhido com tanto carinho, enquanto seu rosto pálido contrastava com sua expressão fria e decidida:
— Eu não vou pedir desculpas. Ela mereceu o tapa.
Com essas palavras, Gisele virou-se e saiu, empurrando a porta com firmeza. Seu andar era resoluto, sem qualquer hesitação.
— Simão, ela está sangrando muito. Você acha que não pode acontecer algo sério? — Um dos amigos perguntou, preocupado.
— Ela não vai morrer. — Simão respondeu, irritado, franzindo as sobrancelhas.
No entanto, mesmo tentando disfarçar, ele estava visivelmente incomodado.
— Será que ela realmente vai terminar com você? Como você vai explicar isso para sua família depois? — Outro amigo perguntou.
As famílias Cardoso e Valente eram amigas de longa data, e todos já esperavam que Gisele e Simão acabassem juntos.
Simão deu uma risada curta, colocando outro cigarro na boca:
— Ela não vai terminar. É só uma birra. Vou deixá-la sozinha por alguns dias, e ela mesma vai se convencer a voltar rastejando.