Diogo Ricci

Saí do galpão com os ombros tensos e a respiração pesada, como se o ar ao meu redor estivesse denso demais pra ser respirado.

O céu começava a mudar de cor, uma mistura de cinza e laranja, prenunciando o fim da tarde. Mas pra mim, o tempo parecia suspenso. Como se o mundo lá fora continuasse girando e eu estivesse preso num ciclo sem fim de ódio e cobranças.

Jack veio logo atrás.

— Tem certeza que quer deixá-la sem comida? — ele perguntou, com aquela expressão de sempre: entre preocupado e pronto pra cumprir qualquer ordem que eu desse, por mais absurda que fosse.

— Tenho. — Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar o cansaço que começava a pesar nas pálpebras. — Ela só vai comer quando eu disser. E só o suficiente pra continuar de pé. Nada mais.

Ele assentiu em silêncio.

Andei até o carro, mas antes de entrar, parei ao lado da porta, olhando pro chão de asfalto rachado como se ali estivessem enterradas todas as respostas que eu buscava.

As lágrimas da mi