Ponto de vista de Scott
No portão da escola, quando Kelly me disse que tinha sido demitida, foi como levar um soco. Eu ainda estava tentando lidar com a lembrança do beijo — o gosto dela ainda queimava na minha boca —, mas ver seu olhar cansado, seu semblante abatido, me tirou o chão.
Queria perguntar detalhes, queria entender, mas Hope apareceu e tudo mudou. Não podia transparecer a confusão dentro de mim, não na frente dela.
No carro, Hope se calou. Não pediu música, não fez nenhuma pergunta. Ficou olhando pela janela, o rosto encostado no vidro, e aquilo me incomodou mais do que qualquer silêncio. Normalmente ela não parava de falar da Kelly, sempre tinha uma história, uma frase engraçada para repetir.
— Está tudo bem, pequena? — perguntei, mantendo os olhos na estrada.
— Está. — respondeu baixo, e foi só.
Em casa, a situação não melhorou. Hope recusou o lanche, disse que não estava com fome. Mais tarde, no jantar, mal beliscou a comida. O olhar dela estava perdido, os ombros caído