Luke estava estranho.
Não era o tipo de mudança que se percebia de imediato. Era sutil. Um silêncio mais longo. Um olhar que demorava a encontrar o dela. Um aperto na mão que não vinha mais na hora de dormir.
Na terceira noite seguida em que ele recusou o jantar favorito e ficou encarando o tablet sem som, Ketlyn se aproximou com cuidado.
"Filho…"
Ele não respondeu.
Ela se agachou, tocou de leve o ombro pequeno.
"Tá tudo bem na escola?"
Luke deu de ombros. Ainda não olhou. Apenas murmurou:
"Todo mundo tem mãe de verdade."
Ketlyn congelou.
A garganta apertou. A resposta não veio. Ela sentiu como se o chão sumisse sob os joelhos. Mas forçou um sorriso.
"Eu sou sua mãe, Luke. Mesmo que não tenha te carregado na barriga."
Ele assentiu. Mas não disse mais nada.
O celular de Derick vibrou às seis da manhã.
Ele ignorou. Queria mais dez minutos com Ketlyn dormindo ao seu lado, mesmo que de costas. O lençol marcava o contorno das pernas dela e o cheiro do cabelo ainda pairava no travesseiro.