O detetive Franzino deve combater uma mente tão formidável quanto a sua, mas com a desvantagem de estar sempre um passo atrás. Nada que o surpreenda. Alunos enterram uma cápsula do tempo na promessa de desenterrá-la em dez anos. A situação torna-se crítica após os ex-alunos receberem o convite para uma festa de reencontro. Então, como ratos de laboratório, podem acabar diante da aceitação tácita de que não há como escapar de seus sonhos. A melhor história de amor e amizade dos últimos tempos pode se encontrar no Terceiro B.
Leer másCapítulo I
O convite da salvação
Após levantar-se da poltrona, já toda suada, devido a várias
horas em que ficara sentando com o olhar perdido, mas fixo
no canto da sala onde havia uma rodelinha de sujeira feita
pelo eletricista do prédio que arrumou a tomada, a qual há
muito tempo não funcionava, após horas naquela posição,
levanta-se, tenta calçar os sapatos, caminha até a cozinha ar-
rastando seus sapatos mal-calçados, pega o saco de arroz vazio
sobre a mesa, calça-o na cabeça, aperta firme no pescoço, solta,
tira-o novamente e diz, suspirando.
— Vai servir...
Olha para o botijão de gás, caminha até ele, abaixa-se e se-
gue com a mão esquerda a mangueira que leva para trás do
fogão. Usando os dedos, afrouxa a porca que segura a abraça-
deira, então, com pouca força, puxa a mangueira para si, que se
solta, segurando na ponta, leva a direita ao segurador do boti-
jão e o arrasta até o centro da cozinha.
Estava decidido... Estava finalmente pronto, não havia mais
razão para desistir de seu objetivo, mas antes precisava fazer
uma coisa muito importante. Larga tudo, levanta-se e vai à geladeira, não antes de pegar o copo na pia, então a abre, leva
a mão para dentro onde tira uma caixinha de leite ainda cheia,
mas já aberta. Então enche seu copo e dá uma golada, em se-
guida, outra, até dar uma suspirada, satisfeito, então diz, com-
pletando o copo novamente:
— Para o que vou fazer agora, isso não é bom, mas como
posso deixar de sentir a sensação e o gosto maravilhoso do lei-
te gelado descendo pela minha goela até chegar ao estômago
suavemente? Impossível!
Então bebe mais algumas goladas, em seguida põe o copo
vazio sobre a mesa, guarda novamente a caixinha, e assim bate
a porta da geladeira.
— Agora sim, tô pronto! — diz, limpando o bigodinho
deixado pelo leite e caminha novamente para o centro da
cozinha.
Pegando o saco de arroz, calça-o novamente na cabeça,
aperta no pescoço, então enfia por debaixo rente ao queixo a
ponta da mangueira do gás. Aperta bem com a mão direita,
não deixando vão algum, assim com a esquerda mexe na tor-
neirinha, liberando o gás, que rapidamente passa pela man-
gueira e sai no saco de arroz onde sua cabeça estava.
Então estava ali, pronto para dar fim a sua vida, o ar se con-
taminara e seus pulmões puxavam o veneno para dentro de si.
Seu olhar estava fixo, mas seu sentido já o deixava, pois uma es-
curidão dominava seu pensamento quando ouviu um barulho
na porta e uma voz grave que gritou pelo lado de fora.
— Correspondência!
Rapidamente seu sentido volta, então, solta o saco e o tira
da cabeça, tossindo, em meio ao desespero, caindo ao chão, se
recuperando, pensa:
Porteiro maldito! Vai ser ruim no inferno, pedi para não ser in-
comodado, mas não... Ele consegue me desobedecer. É, não se pode
nem cumprimentar esse tipo de gente que já acha que é seu amigo
de anos e fazem o que querem da sua vida, como se a casa fosse dele,
decide quem entra, nem interfonam, simplesmente liberam. Affff.
Pensando assim, quando um pouco mais recuperado, le-
vanta-se e vai para a porta. Abre, mas não havia ninguém, sente
algo embaixo de seu pé, então o levanta, olhando para baixo.
Seus olhos contemplam algo que jamais pensara que pudes-
se acontecer, um envelope azul, formato retangular, em papel
grosso, escrito em grandes letras de forma “convite aos alunos
do terceiro b. compareça. imperdível”.
Após ler isso, abaixa, pega o envelope, levanta, sorri com o
papel diante dos seus olhos, vira, caminha, até a sala, senta em
sua poltrona predileta, olhando para todos os cantos do papel,
mas não o abre, só se lembra de que foi muito boa sua adoles-
cência, dos amigos que conviveu que há muito não os viam.
Imaginava em que haviam se tornado.
Depois de pensar alguns minutos, Franzino, segurando
o envelope firmemente, vira-o e rompe o lacre azul feito a
vela, com um emblema grafado a letra FF. Abre a aba de uma das partes, vira para si, vê o papel dentro, então o puxa para
fora e lê.Franzino levantou e aplaudiu, enquanto descia triunfante em meu elevador. Desci, abaixei, abri a escotilha. Lembro-me que ria por dentro, minha boca esboçava toda minha satisfa-ção, não me aguentava de tanta emoção, enganei a todos, sou o melhor, o mais vivo o mais inteligente, fiz Franzino de idiota e... Sumiu? Como assim?Desgraçado! Não havia nada, mais nada lá, tiraram tudo, só deixaram um HT. Sentei-me sobre aquele piso gelado. Leva-ram tudo! Coloquei a cabeça entre as pernas. Levaram tudo! E chorei como criança. Levaram tudo!Todos na festa já sabiam, nem me lembrei da Fabiana, por essa razão, não falei dela, pois o plano foi tão bom. Franzino me enrolou tão bem que não me lembrei dela.Enquanto tudo acontecia, Fabiana avisou um por um das coisas que ocorriam, como disse antes, só eu não sabia.Depois que acabou de aplaudir, Franzino vai até a porta, abre
Preste atenção agora: No capítulo vinte e três, parei de falar quando Franzino viu a placa vermelha com grandes letras es-crita “perigo, não entre”. Olha para os três cadeados e sorri.Então! Ele entrou, pois viu no forro do salão uma planta do prédio e a lista de materiais comprados para construir um abrigo resistente, então veja:Entra após abri-los facilmente usando seu canivete, cami-nha, agachado, pois o túnel era apertado, vários cabos grossos passando pela parede, mas Franzino sabia que eram falsos, que o anfitrião misterioso escondia algo lá e não queria intrusos bisbilhotando.Para o bem dele, era melhor estarem certos, pois muitos da-queles cabos estavam desencapados, sua roupa molhada por causa da garoa.No final do túnel, encontra algo desagradável, uma quan-tidade tão grande de explosivos capaz de mandar o quarteirão inteiro para o espaço. Havia um
Amanheceu o dia, sábado ensolarado, Franzino já estava com Marquinho sobre custódia em seu carro. Marcelo e eu fo-mos acordados por Nanda. Depois de um bom banho, desce-mos para encontrá-los.Me inclinei para olhar no banco traseiro, ele estava lá, todo esfolado e sujo. Dali seguimos para minha casa, onde Marqui-nho e Jonas puderam tomar banho e se alimentar sob o olhar atento do melhor detetive do mundo. Enquanto comiam, per-guntei para Franzino:— Como sabia que Marquinho ia voltar?— Ele precisava eliminar as provas que temos contra ele.— Por isso tirou Jonas de lá? Estava pensando sobre isso, agora faz sentido.Ele balançou a cabeça e sorriu alegremente.— Mas ele conseguiu o que queria, agora vai ficar mais difí-cil ter provas que o levem para a cadeia.— Teremos muitas testemunhas hoje à noite, tive que sacri-ficar as provas materiais para pegá-lo.<
Tínhamos Jonas sob custódia, mas Marquinho havia desa-parecido. Franzino estava arrasado por não tê-lo encontrado.Jonas ficou sentado no sofá da suíte numero 15. Nanda, Garguinho e eu ficamos sentados na cama, não soltei a arma nem um segundo.O valente detetive abre a porta, entra, vai direto a Jonas e pergunta:— Aonde ele foi? Diga onde está.— Eu não sei, só ajudei-o porque pensei que ia matá-lo, seu olhar estava assustador.— Você o ajudou porque ele ia te entregar, então permitiu que ele fugisse para se safar, mas não vai, tenho provas contra você, sei dos seus envolvimentos. Marcelo e Diogo são os úni-cos laranjas dessa história.— Não vai adiantar te explicar, não é? Está convicto de suas verdades — argumenta Jonas tentando se safar. Mas Franzino é frio e calculista como uma serpente.Seu olhar demonstrava estar seguro das acusações feitas
Sexta-feira, 8h40, Franzino nos acorda para tomar café da manhã no hotel. Levei um susto, pois dormi feito pedra, estava muito cansado. Seu semblante era de muita tristeza e decepção pelo que fizemos, mal tão grande a ponto de entrar com os dois pés na cena do crime, contaminando assim a investigação.Infelizmente nosso álibi era fraco, fazer um detetive com a experiência que tinha acreditar em algo tão sem graça que chega a ser cômico. Só eu sabia o quanto aquele cara é esperto, sabia conduzir bem a investigação.O problema de ser como Franzino é o fato de ele acredi-tar piamente em seus instintos e seguia dessa forma, pois se estiver enganado e o verdadeiro inimigo estiver por aí, estava correndo grande risco, mesmo porque o anfitrião misterioso mostrou-se muito esperto. Não era bom subestimá-lo.Tomamos café juntos, enquanto comia, fiz uma pergunta retórica:
Esse jogo, cuja regra era dada pelo anfitrião misterioso, es-tava difícil para Franzino . Ele não podia ter acessos às provas, à perícia, interrogar suspeitos, investigar a fundo com poderes de detetive, pois não podia contar os fatos a ninguém. Estava como um rato no labirinto.Esteve muito perto de pegar seu inimigo e salvar a vida de Harlei. Agora imagine se lhe fosse dado mais liberdade.Franzino precisava ir mais rápido, pois o fim de semana se aproximava e o “cientista” pensava em lançar um “gato” no la-birinto para ver se o “ratinho” esperto sobrevive.Franzino leva Nanda para casa, pois estava muito ruim por exagerar na bebida, ela vai cantando e falando que o ama de todo coração. Já no hotel, Franzino leva-a para dentro da suíte 16, ela o agarra com força e ambos caem atrás da cama.Nanda canta mais alto e chora, pedindo para que fique. Fi-nalmente começaram a
Último capítulo