Fantasmas do Passado

Era uma tarde tranquila em Sateraite, e Free acabava de chegar em casa após o dia de aula e estava em seu quarto pensando em como tudo havia sido para ele.

— Hoje até que o dia foi legal, tirando o fato de que o Lean vive mexendo com a Sheele... — Free fala olhando para o teto, o olhar pensativo.

— Sinto que devo protegê-la, talvez assim eu possa honrar a memória da Chelsea... — completou ele, enquanto sua mãe chegava no seu quarto para o chamar para o jantar.

— Filho? Estamos lhe esperando pro jantar... — avisou Tomone, olhando para Free.

— Já vou, só um momento... — Free responde enquanto procurava seus aparelhos auditivos.

Após colocar seus aparelhos, Free foi até a sala de jantar para tomar café com a sua família e durante a conversa, lhe foi perguntado sobre como havia sido seu dia.

— Hoje o dia foi meio diferenciado do padrão... — começou Free, tentando lembrar dos eventos do dia na escola.

— Conheci uma garota chamada Sheele na minha sala e de brinde conheci o filho irritante do diretor, que fica importunando a Sheele... — completou ele, lembrando do momento que ele protegeu a Sheele.

— E você fez o quê sobre isso? — perguntou Sakumo, seu pai.

— A defendi daquele maluco, odeio ver uma garota ser agredida na minha frente e não fazer nada... — respondeu Free, olhando para seus pais.

— Só uma coisa que me pega é que a Sheele me lembra a Chelsea de alguma forma... — completou ele, desviando o olhar.

— Boa tarde ou boa noite? — perguntou Kurumi, avô de Free.

— Já é quase noite... — respondeu Tomone, enquanto Kurumi se juntava à mesa.

— Então, como foi o dia hoje, Free? — perguntou Kurumi, com um tom de curiosidade.

— Conheci uma garota chamada Sheele e acabei tendo que defender ela do filho irritante do diretor... — respondeu Free, olhando para seu avô.

Enquanto isso, Sheele estava com Mizuki conversando sobre o dia de hoje com Free na escola.

— Sobre esse garoto, qual o nome dele? — perguntou Mizuki, curiosa.

— Free Goshui... — respondeu Sheele, sorrindo um pouco.

— Agora eu fiquei me sentindo mal por ter perguntado da irmã dele... Vi que ele se culpa muito pelo que houve com ela. — completou, lembrando de como Free desabou ao falar de sua irmã.

— Entendo perfeitamente, deve ser doloroso demais perder um irmão... — respondeu Mizuki, com um tom suave e empático.

— E o que mais me intriga e chama a atenção é que ele me disse que eu lembro a irmã dele... — ressaltou Sheele, pensando nas palavras de Free.

— Ele deve se sentir na responsabilidade em te proteger do Lean... — comentou Mizuki.

— E como, ele não quer que outros passem pela mesma coisa que ele... — respondeu Sheele, olhando para a mãe.

— Ele tem um bom motivo pra ter te protegido hoje... — comentou Mizuki, olhando para Sheele.

Enquanto dormia profundamente em sua cama, Free foi engolido por um pesadelo inquietante. Ele se via acorrentado pelas mãos e pés, caminhando lentamente por um corredor escuro em direção a uma corte de julgamento. As paredes eram feitas de sombras pulsantes, que se contorciam e sussurravam, e as figuras indistintas no tribunal erguiam dedos acusadores, gritando em uníssono:

— Culpado... culpado... — elas falavam em sincronia total.

No centro da sala, um juiz esquelético trajando uma capa negra estava sentado em um trono imponente. Em suas mãos ossudas, segurava uma carta envelhecida, o selo de cera vermelho destacando-se na penumbra. Seus olhos vazios pareciam penetrar diretamente na alma de Free.

— O réu aqui presente está sendo acusado de falhar com sua irmã quando ela mais precisou. Isto é verdade? — ecoou a voz do juiz, fria e desprovida de emoção.

Free sentiu o chão tremer sob seus pés, seu coração disparando no peito.

— Não, isso não é verdade! Eu... eu fiz o que pude! — respondeu ele, mas sua voz soou frágil e insegura.

O juiz inclinou a cabeça lentamente, como um predador analisando sua presa.

— Se fez o que pôde, por que, então... logo você, que deveria protegê-la... permitiu que ela sofresse? Sua responsabilidade era clara, e você falhou. — perguntou o juiz, olhando friamente.

As palavras cortaram Free como lâminas. Ele caiu de joelhos, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto balbuciava em desespero:

— Eu imploro... não me condene! Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance! Por favor... — dizia Free.

O juiz ergueu a carta, selando o destino de Free com um movimento final. Sua voz reverberou como trovões em um céu vazio:

— Culpado! — anunciou ele.

O som das palavras ecoou infinitamente, misturando-se aos gritos das sombras. Free sentiu as correntes apertarem ainda mais, como se quisessem esmagá-lo, e o peso da culpa o afogava enquanto tentava respirar.

Ao acordar, Free soltou um grito de desespero e, ofegante, olhou em volta e viu que estava em seu quarto e que tudo era só um sonho, ao perceber o desespero de Free, Tomone foi até ele para ver o que havia acontecido, já que ela não sabia que ele havia tido um pesadelo.

— Free! O que aconteceu? — perguntou Tomone, a preocupação materna brotando em si.

— Foi horrível, mãe! Eu tive um pesadelo onde eu estava sendo julgado por causa da morte da Chelsea! E eu... Eu fui declarado culpado por não poder ajudá-la! — Free responde, as lágrimas correndo de seus olhos azuis-safira.

— Você não teve culpa, Free... Não teve. — Tomone responde abraçando seu filho.

— Você foi o melhor irmão que ela poderia ter na vida... — afirmou ela, enquanto Free se derramava em lágrimas no seu abraço.

— Mas, eu fui um bom irmão? — perguntou Free, a voz falhando.

— Sim, você foi um irmão excelente pra Chelsea, e ela com certeza ela acreditava nisso... — afirmou Tomone, com um tom sereno e suave.

— Obrigado, mãe... — Free agradece enxugando as lágrimas.

— Não carregue esse peso sozinho, divida-o comigo se precisar... — Tomone responde, o tom calmo.

— Eu estou aqui por você, meu filho! — afirmou ela, enquanto Free se recompunha aos poucos.

Após ali, a noite se seguiu turbulenta, com Free não conseguindo dormir direito pensando naquele pesadelo que teve e no dia seguinte, Free acordou mais tarde que o seu habitual e após se arrumar às pressas, ele foi em direção a casa de Sheele para irem juntos para a escola, visto que suas casas ficam pro mesmo lado.

— Será que ela está pronta? — Free se perguntava internamente, enquanto Sheele abria a porta.

— Bom dia Sheele, tudo bem? — perguntou Free, a voz saindo mais alta que o normal.

— Free! Meus ouvidos! — Sheele reclama tapando os ouvidos rapidamente.

— Ah, me perdoe... Devo ter falado um pouco alto... — respondeu Free, tirando os aparelhos auditivos e colocando as pilhas.

— Não tem problema, você só me pegou desprevenida... — ressaltou Sheele, indo para a escola com Free.

No caminho, Sheele notou a expressão cansada de Free e logo ficou um pouco preocupada com a situação dele.

— Free, você dormiu? — perguntou Sheele, com um tom de curiosidade e preocupação.

— Não muito, tive uma noite muito tensa... — respondeu ele, a expressão de cansaço ficando mais perceptível.

— Como assim? — Sheele pergunta com curiosidade.

— Pesadelos, tenho eles com uma certa frequência... — Free responde, lembrando da sua noite de sono e do pesadelo que teve.

— Entendi... — Sheele responde, olhando preocupada para Free.

Ao chegarem na escola, Free e Sheele logo deram de cara com Lean nos corredores, e logo, ele veio até Sheele para perturbá-la de novo.

— Olá, se não é a javalizinha medrosa e o seu fiel protetor! — Lean fala com um tom desdenhoso, olhando para Sheele e tentando agarrá-la pela mochila.

— O dia mal começou e você já tá infernizando a gente, você não cansa não? — perguntou Free, agarrando o braço de Lean.

— Você quase quebrou meu braço ontem! Eu não esqueci... — respondeu Lean, o tom raivoso.

— Você não vai incomodar a minha amiga, não enquanto eu estiver aqui! Ouviu bem? — Free ressalta enquanto tirava a mão de Lean da bolsa de Sheele.

— Ponha-se no seu lugar... — completou ele, o tom firme enquanto apertava o braço de Lean.

— Ou o quê? — perguntou Lean, com um tom arrogante tentando acertar um soco em Free.

— Eu disse pra você não mexer com ela. Não me obrigue a usar de força com você. — Free responde o imobilizando pelo braço.

— Eu ainda vou infernizar e muito a vida dessa gorda imunda aí! — reclamou Lean, enquanto o porteiro via a cena e intervia.

— Free, já está bom... Podemos resolver com ele na coordenação... — respondeu o porteiro, enquanto Free soltava Lean.

Depois que Lean foi levado pelo porteiro, Free se virou imediatamente para Sheele, preocupado. Ele se aproximou com cuidado, tentando avaliar se ela estava bem.

— Sheele, você está bem? Ele machucou você? — perguntou Free, o tom cheio de preocupação.

Sheele balançou a cabeça, tentando conter as lágrimas que já ameaçavam cair.

— Eu... estou bem, só que... — Sua voz vacilou, e as palavras começaram a sair em um desabafo. — Eu só queria que tudo isso acabasse... Eu tô tão cansada, Free. Cansada de ser lembrada de como eu sou apenas uma javalina gorda, feia e fraca... — ela completa começando a chorar.

As lágrimas vieram, e ela não conseguiu mais segurar. Free, sem pensar duas vezes, a envolveu em um abraço firme, deixando que ela chorasse em seu ombro.

— Sheele... — Ele afastou-se ligeiramente para encará-la, seus olhos azul-safira cheios de empatia.

— Você não é nada disso que está dizendo. Você é maravilhosa, linda e mais forte do que imagina. E, pra mim, não importa se você é gordinha ou não... Eu vou estar aqui por você, sempre que precisar. — completou ele.

Enquanto dizia isso, Free passou a mão gentilmente pelo rosto dela, enxugando as lágrimas que deslizavam.

— Muito obrigada, Free... — Sheele sussurrou, sua voz quebrada pela emoção enquanto o abraçava novamente, mais forte desta vez.

— Muito obrigada por estar aqui... de verdade. — completou, a voz quebrando.

Free apertou o abraço, oferecendo o máximo de conforto que podia. Ao acalmá-la, ele segurou sua mão com firmeza, guiando-a de volta para a sala. Naquele momento, enquanto olhava para Sheele tentando recompor-se, Free sentiu algo mais profundo. Ele sentiu que não só precisava protegê-la fisicamente, mas também emocionalmente.

— Eu vou te proteger não importa o que aconteça... — prometeu Free a si mesmo, em silêncio.

Enquanto a aula começava, Free ainda se mantinha preocupado com Sheele, visto que ela estava mais abatida hoje depois de Lean ter tentado importuná-la e durante o intervalo, Free foi com Sheele até o refeitório para pegarem sua merenda, mas Sheele nem sequer tocava no seu prato.

— O que houve? Você tá bem? — perguntou Free, o tom preocupado.

— Tô sim, eu só não me sinto muito afim de comer no momento... — respondeu Sheele, baixando a cabeça em sinal de tristeza.

— Sheele, eu entendo como você se sente... — Free responde envolvendo Sheele em seus braços como se a quisesse proteger da maldade do mundo.

— Eu só quero um pouco de paz, sabe? Não queria ter que passar por isso de novo todo dia... — Sheele responde com uma voz fraca, sendo quebrada por um choro baixo.

— Eu sei que você quer paz pra poder estudar sem se preocupar com alguém te enchendo o saco todo dia, e, se depender de mim eu não vou deixar o Lean sequer tocar em você... — respondeu Free, beijando sua cabeça.

— Muito obrigada, eu não sei o que seria de mim sem você aqui pra me proteger... — Sheele agradece, sua voz cheia de sinceridade e gratidão por tê-lo consigo.

— Desde que meu pai traiu a minha mãe e se separou dela para viver com outra, eu comecei a pensar que não havia motivo pra eu me envolver com alguém, mesmo que fosse só uma amizade... — Sheele comenta lembrando do dia em que seus pais se separaram quando ela era só uma criança.

— Eu não sabia desse detalhe sobre você... — Free responde, o tom de voz cheio de empatia.

— Admiro que você tenha sido tão forte mesmo passando por tudo isso... — comentou ele, enquanto Sheele ainda chorava um pouco.

— Faz tanto tempo, mas... Ainda dói como se tivesse acontecido ontem! — Sheele responde, enquanto Free enxugava suas lágrimas que corriam sem parar de seus olhos castanho-escuro.

Naquele momento, o refeitório parecia desaparecer ao redor deles. Era apenas Free e Sheele, compartilhando uma conexão que transcendia palavras.

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