— Ana Oliveira!
O grito de Bruno era contido e calmo, como se ele estivesse chamando alguém sem importância. No entanto, havia uma desesperança sutil, como um eco sombrio de um pesadelo.
A mão que estava sobre meu ombro apertou levemente, e o corpo de Rui tremeu um pouco. Ele murmurou baixinho, pedindo minha opinião:
— Ana, não olha para trás, tá bom? Vamos comer algo gostoso.
Olhar para trás?
Para onde eu poderia voltar?
Depois de todos esses anos de enredo com Bruno, o que restou além de lembranças ilusórias? Não havia mais nada para onde retornar. Levantei o olhar para o vazio à minha frente e soltei um sorriso de desdém.
— Você tem dinheiro no bolso? — Perguntei, resignada.
Atrás de mim, Bruno chamou meu nome mais uma vez, mas dessa vez fui eu quem se afastou primeiro, deixando-o observar minha partida decidida.
Havia muitas pessoas na entrada da emissora, e o chamado de Bruno já havia atraído alguns olhares curiosos. Alguns, inclusive, sacaram seus celulares para gravar o momen