Era uma quinta-feira abafada de junho, o tipo de dia em que São Paulo parece uma estufa: sol forte, ar úmido, nuvens carregadas ameaçando chuva que nunca chega. Sofia tinha aula até as 17h — apresentação final de um projeto de iluminação residencial sustentável. Ela estava nervosa desde a manhã: slides revisados mil vezes, maquiagem leve para disfarçar as olheiras, vestido leve floral que balançava nas pernas.
Lucas sabia. Mandara mensagem o dia todo: “Você vai arrasar”, “Respira fundo”, “Tô orgulhoso pra caralho”. E no fim da tarde, outra: “Te espero na saída. Surpresa.”
Quando Sofia saiu pelo portão principal da PUC, suada mas aliviada (a apresentação correra melhor do que esperado, nota preliminar 9,8), viu a Toro preta estacionada na sombra de uma árvore, Lucas encostado na porta do motorista, óculos escuros, camiseta cinza colada no corpo pelo calor, sorriso torto que fazia o estômago dela dar cambalhota.
— Como foi, futura estrela do design? — perguntou ele, abrindo os braços.
E