** Damiano **

A luz azulada do celular corta a escuridão do quarto, projetando sombras angulares no teto enquanto meu polegar desliza pela tela. Doze mensagens não lidas. Cinco chamadas perdidas.

— Adriane.

O nome pisca como um alerta vermelho que já não me causa mais que um incômodo passageiro. Posso quase ouvir sua voz aguda ecoando na minha mente: "Onde você estava? Você sabe que temos o jantar com meus pais hoje!" " Damiano, você vai mesmo passar outra noite fora de casa?"

Meus dedos se contraem ao redor do aparelho, os nós branquejando sob a pressão. Jogo o telefone na cama com um suspiro pesado, o colchão afundando levemente sob o peso. O tecido áspero do lençol de um hotel qualquer que busquei durante a noite para não fazer uma besteira e possuir Katerina, arranha minha pele nua enquanto me viro de costas, encarando o vazio do quarto.

A imagem de Katerina ontem à noite invade meus pensamentos, seus olhos vermelhos de tanto chorar, as unhas perfeitas mordidas até a carne