Meus dedos estacaram no trinco por um instante que parecia comprido demais; a pele esfriou e a ponta dos dedos formigou antes que a fechadura cedesse sob a rotação da mão. A porta se abriu e Victor apareceu, sério, porém sem a explosão que temi encontrar; o peito afrouxou sozinho e o ar saiu num sopro curto, desorganizado. Os ombros dele baixaram um pouco ao me ver, e isso bastou para que a tensão na nuca aliviasse, ainda que o estômago continuasse enroscado.
— Você estava chorando? — Disse, a ponta dos dedos roçando meu rosto, recolhendo a trilha molhada que deslizava pelo queixo.
— Não... — murmurei, o olhar caindo para o chão; os lábios inferiores tremeu e os dentes encostaram de leve, tentando segurar a mentira no lugar.