Desci as escadas com a caixa de veludo preto firmemente presa em minha mão. A mansão estava envolta em um silêncio incomum, apenas o tilintar distante de talheres e o aroma do jantar que Joana preparara quebrando a quietude.
Ao entrar na sala de jantar, meus olhos encontraram Clara imediatamente. Ela usava um daqueles vestidos novos, azul-cobalto, que fazia seu tom de pele parecer ainda mais delicado sob a luz do lustre.
— Você está linda — disse, surpreso ao perceber que minha voz soara mais suave do que pretendia.
Ela ergueu os olhos, claramente surpresa pelo elogio.
— Obrigada — respondeu, os dedos apertando levemente o guardanapo no colo.
Aproximei-me, parando atrás de sua cadeira. O perfume dela - algo floral e discreto - invadiu meus sentidos, e por um momento absurdo, simplesmente parei para apreciar aquela cena.
— Trouxe algo para você — anunciei, colocando a caixa diante dela sobre a mesa.
Vi seus olhos se moverem entre o presente e meu rosto, hesitantes.
— O que é?
— Abra e