Narrado por Victor
A cidade parecia menor quando se está fugindo dela. Cada poste, cada carro, cada janela me lembrava que eu estava marcado. Que agora, meu nome não era só herança. Era guerra.Isabela dormia no banco do passageiro, a cabeça encostada no vidro. Mesmo ali, tão quieta, havia nela uma tensão viva. A serenidade dos que lutam de olhos fechados.O rádio falava sobre nós. Sobre a “rebelião emocional que ameaça destruir estruturas empresariais”. Usaram o termo “terror psicológico afetivo”. Inventaram um crime novo só pra nos encaixar.Mas sabíamos o que estávamos fazendo: quebrando um ciclo.Nos abrigamos na casa de uma professora de Isabela, uma mulher chamada Ana Clara. Ela vivia afastada, num sítio antigo, rodeado de árvores e silêncios. E nos recebeu como quem entende que os corações exilados precisam de chão.— Aqui vocês estão seguros — ela disse, servindo chá e olhares compreensivos. — Mas o mundo lá fora está mai