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Capítulo 5 – Antes do Amanhecer

O despertador tocou às quatro e meia da manhã. Lara abriu os olhos com dificuldade. Mal havia dormido depois da ligação inesperada de Leonardo Moretti, mas não podia se dar ao luxo de chegar atrasada. Não com ele.

Levantou-se em silêncio, para não acordar a mãe, e tomou um banho rápido. Escolheu a roupa mais sóbria que tinha: saia preta até o joelho, camisa branca e blazer cinza. Prendeu o cabelo em um coque simples, colocou maquiagem leve e encarou o espelho. Seus olhos cor de mel ainda denunciavam cansaço, mas havia também uma faísca de determinação.

Às cinco da manhã, já estava no ônibus. O céu ainda escuro refletia seu humor: pesado, incerto, mas cheio de expectativas. A cidade acordava lentamente, mas ela já estava a caminho daquele mundo que exigia muito mais do que podia oferecer.

Pouco antes das seis, entrou no saguão da Moretti Group. O silêncio era quase absoluto; apenas alguns seguranças e a equipe de limpeza estavam presentes. O contraste entre a grandiosidade do prédio e o vazio da madrugada lhe causava estranheza.

O elevador subiu rápido, e quando as portas se abriram no último andar, ela encontrou a sala iluminada, como se já fosse meio-dia. Leonardo Moretti estava lá, de pé, impecável em um terno azul-escuro, fitando a cidade através das janelas de vidro. Ele não parecia cansado nem sonolento, como se não precisasse dormir.

— Pontual. — disse sem olhar para ela. — Melhor do que esperava.

— Bom dia, senhor. — Lara respondeu, mantendo a voz firme.

Ele virou-se devagar, caminhando até a mesa.

— Temos uma reunião em trinta minutos. Quero que organize os relatórios de investimentos e prepare cópias para todos os sócios.

Lara piscou, surpresa.

— Relatórios? Mas eu não—

— Não há “mas”, senhorita Monteiro. — interrompeu, os olhos fixos nela. — Está em sua mesa. Mostre do que é capaz.

Sem mais explicações, ele voltou-se para o computador.

Lara correu até sua estação de trabalho, onde uma pilha de documentos a esperava. As folhas estavam desorganizadas, misturando números, gráficos e contratos. Respirou fundo, arregaçou as mangas e começou a trabalhar.

O tempo parecia correr rápido demais. Seus dedos voavam pelo teclado, organizando planilhas, destacando pontos importantes e revisando cada detalhe. Sentia-se pressionada, mas ao mesmo tempo motivada. Não podia falhar.

Às seis e vinte e cinco, Leonardo surgiu em sua frente, pegou uma das pastas e folheou com olhar crítico.

— Hm. — murmurou, antes de fechar a pasta e devolvê-la. — Serve.

Foi o elogio mais seco que já recebera, mas para Lara soou como um triunfo.

Poucos minutos depois, chegaram os sócios. Homens mais velhos, de ternos caros, com expressões arrogantes. Alguns lançaram olhares curiosos para Lara, outros a ignoraram completamente. A reunião começou em uma sala ampla, com mesa oval e cadeiras de couro. Lara sentou-se discretamente em um canto, apenas observando.

Leonardo comandava tudo com frieza calculada. Falava pouco, mas cada palavra tinha peso. Quando um dos sócios questionou os números, ele simplesmente empurrou a pasta em direção a Lara.

— Senhorita Monteiro, explique.

O coração dela parou por um instante. Todos os olhares se voltaram para ela. Engoliu em seco, mas se levantou. Abriu a pasta e, com voz trêmula no início, explicou os cálculos que havia organizado, mostrando os gráficos e as projeções. À medida que falava, foi ganhando confiança. Quando terminou, o silêncio pairou na sala por alguns segundos.

Um dos sócios, de cabelos grisalhos, arqueou as sobrancelhas.

— Nada mal para o primeiro dia.

Leonardo não sorriu, mas o canto de sua boca se curvou minimamente, como se estivesse satisfeito.

— Exatamente. É por isso que está aqui.

Lara voltou a sentar-se, o coração ainda acelerado. Não sabia se estava mais aliviada ou assustada. Ele a havia exposto diante de todos de propósito, para testá-la.

E, de alguma forma, ela passou no teste.

Ao fim da reunião, quando todos saíram, Leonardo aproximou-se dela. Seus olhos escuros a prenderam no lugar.

— Lembre-se, senhorita Monteiro: não confio facilmente em ninguém. Mas hoje você me mostrou que pode ser diferente. — A voz grave soava quase como um aviso. — Não me decepcione.

E, sem esperar resposta, ele deixou a sala.

Lara ficou sozinha, respirando fundo. O peso daquele mundo era sufocante, mas dentro de si uma chama começava a crescer.

Não era apenas medo. Era algo mais.

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