Contrato de Casamento
Contrato de Casamento
Por: Lee-Jackie
Início de Tudo

Alice, uma jovem nascida no Brasil, ficou órfã aos quatro anos, junto de sua irmã Catarina, que tinha dois anos, elas cresceram sob os cuidados de sua tia, Helena, que criou as duas como se fossem suas filhas ao lado de seu marido, o espanhol Santiago Molina. 

A família vivia tranquilamente no Brasil, contudo o Sr. Molina teria que regressar a Espanha a pedido do seu irmão mais novo.

Essa mudança, apesar de repentina, não foi totalmente ruim, afinal durante as férias escolares eles viajavam para a Espanha visitar a família de Santiago. Alice iniciou a faculdade de gastronomia no mesmo ano, enquanto Catarina iniciava o ensino médio.

Ao concluir a graduação, Alice e seu colega de turma e amigo de infância Felipe Perez, com quem criou amizade em uma das visitas que fazia àquele país na infância, abriam seu próprio restaurante, com o apoio de suas famílias. O empreendimento obteve tanto sucesso que com pouco tempo eles abriram filiais pelo país e algumas até fora da Espanha.

Era quarta-feira um dia tranquilo no restaurante, a jovem encontrava-se em seu escritório conferindo algumas planilhas referentes a novos fornecedores, quando Felipe entra, ela não desvia o olhar do que fazia, mas estava atenta ao que ele iria dizer, independente do que fosse.

— Rafael ligou, disse que tem algo importante para lhe falar. — anunciou sentando-se na cadeira em frente a mesa dela.

— Ele ligou?! — pergunta surpresa, encarando o amigo e sócio, Rafael não costumava ligar para o seu trabalho.

— Sim e falou com a Srta. Lopez. — Felipe lhe conta.

— É assim que você trata sua cunhada? — a moça o questiona, afinal seu irmão já estava noivo há bastante tempo. 

— Só no trabalho! Pois, minha chefe preza muito pelo profissionalismo! — diz e lhe dá uma piscadela.

— Seu tonto! — Alice balança a cabeça em negação, eles eram sócios, ou seja, nenhum dos dois tinha um chefe. — Mas ele disse o que queria?

— Não! Só disse ser urgente! — ele responde.

— Bem é melhor eu me apressar! — a moça diz largando os papéis e se levantando.

— Eu me encarrego de abrir o restaurante e começar a preparar tudo, não sou seu Sous Chef à toa, não é mesmo? — fala erguendo as sobrancelhas. 

— Obrigada Lipe, fico te devendo! — pega seu casaco e a bolsa.

— Tá! Porei na sua conta. — fala rindo, colocando os pés na mesa.

— Mas é folgado! — ela dá um, tapa em seus pés — Baixa os pés! — diz e segue para a porta. — Prometo não demorar.

— Tudo bem Ali! — ele responde vendo-a sair do recinto.

Do lado de fora do restaurante ela pega um táxi, pois seu carro estava com a Catarina, que havia ido à Valência, preparar os últimos detalhes do seu casamento, um sorriso bobo vem aos lábios de Alice.

Ela estava feliz pela mais nova, sua irmãzinha está fazendo sua vida com o homem que ama, eles passaram por mal bocados. A família García, mais especificamente o Sr. e Sra. García, foram um pouco contrário a ideia de Rafael se relacionar com uma estrangeira, ainda mais uma brasileira, eles acreditavam que a moça estava apenas atrás do dinheiro do filho. Rafael chegou a ficar um mês sem falar com os pais por conta disso, mas agora está tudo bem e a Sra. García considera Catarina como uma segunda filha.

— Chegamos Srta. — diz o taxista tirando Alice de seus pensamentos.

— Obrigada. — ela paga pela corrida e adentra no prédio.

Segue pelo saguão vazio entrando no elevador onde aperta o botão do quinto andar, estava nervosa Rafael não costumava lhe chamar em seu escritório, além disso, ele e Catarina dividiam o apartamento com ela. 

“O que seria tão urgente que não poderia esperar até chegarmos em casa?” — ela pensa enquanto as portas do elevador se abrem. Assim que sai do elevador segue até o escritório, ao entrar logo observa o sócio do seu cunhado conversando com o secretário deles sobre garotas.

— Então Pablo, ela era tão gos… — Joaquin dizia.

— Que bonito! Falando das mulheres pelas costas, Joaquin! — Alice o interrompe de braços cruzados.

— Desculpe! — ele fala completamente sem graça.

— Oi! Alice, o Rafa está com um cliente agora, mas acho que não vai demorar, quer um café enquanto espera? — Pablo oferece.

— Aceito sim, obrigada Pablo. Joaquin… — ele a olha ainda envergonhado — Você só deve medir as palavras que se refere às mulheres okay? — aconselha.

— Sim, senhora! — ele termina o café em sua mão e volta para sua sala.

Alice aguarda alguns minutos enquanto bebe o café trago por Pablo.

— Fique tranquilo Sr. Fernandéz dará tudo certo. — Rafael diz ao senhor que sai por sua porta.

— Espero que esteja certo Rafael. — o homem fala ao sair do escritório.

— Ah que bom que veio cunhadinha! — Rafael agora se dirigia a moça, que apesar de ser mais velha que ele era mais baixa, então não podia contestar o uso do diminutivo e odiava isso!

— Também estou feliz em te ver. Rafa! — responde demonstrando o descontentamento com a fala dele.

— Seu sarcasmo é comovente! Entre. — ele lhe dá passagem a sua sala, e ela entra sem demora.

— Fale o que é tão urgente? — Alice não gostava de enrolação.

— Certo você quer ir direto ao ponto! — ele se senta em sua cadeira — É melhor você sentar! — a jovem respira fundo e faz o que ele pede — Seu visto expira no final do ano e o pedido de visto permanente foi negado.

— Por quê? — fica surpresa ela atendia aos requisitos de permanência, tinha moradia própria e emprego fixo.

— Você viaja demais para outras filiais do seu restaurante, se deixasse o Lipe resolver algumas dessas coisas…

— Ai! Você sabe como sou  se quer bem feito, faça você mesmo”. — lhe responde, ser perfeccionista era assim mesmo.

— Mas tem uma coisa que você pode fazer, só não sei se você vai gostar muito. — o homem coça a nuca um pouco desconfortável com o que estava prestes a dizer.

— Rafael… — Alice não estava gostando do rumo daquela conversa.

— Você precisará se casar. — ele fala.

— É O QUÊ? — a moça quase grita.

— Ah! Não se faça de surda agora! — diz ele.

— Rafael García! — o repreende.

— É isso ou voltar pro Brasil! — ele dá de ombros.

— Meu Deus! — cobre o rosto com as mãos.

— Calma serão só dois anos de casados. Ah! Veja pelo lado bom, de bônus você terá um pai para os seus filhos. — fala em tom animador.

— Certo, esse foi um bom argumento! — fala derrotada, não queria ter que concordar com isso, porém, ao que parecia não tinha opção.

— Okay! Agora só falta o noivo! — Rafael fica pensativo.

— Isso você vai ter que resolver! — ela diz jogando essa responsabilidade em cima dele.

— EU?! Por que eu se quem vai casar é você? — ele lhe olha erguendo as sobrancelhas.

— Você precisa encontrar um noivo para mim. — pede em tom de súplica.

— Você fala como se fosse algo fácil! — ele leva a mão ao rosto usando os dedos como se falasse ao telefone — Alô? É da loja de noivos? Minha cliente precisa de um noivo com urgência! — ele para de falar parecia, que estava ouvindo a resposta do outro lado da linha — Se ela tem exigências sobre esse marido? — continua com a brincadeira.

— Sem antecedentes, sem vícios, responsável e gay! — Alice lista os requisitos.

— É sério isso?! — diz incrédulo.

— Sim, Rafael! Eu pago o que for preciso! — fala ao levantar.

— Bem, então se é assim eu vou ver o que posso fazer. — diz ao suspirar.

— Obrigada Rafa! — sorri um pouco aliviada.

— Por nada, em breve seremos uma família, e família se ajuda! — ele retribui o sorriso.

— Só mais uma coisa. — a moça diz ao lembrar de outro detalhe importante.

— O que é?

— A Cat não pode saber! — diz enfática, se referindo a irmã

— Quer que eu minta para minha noiva? — ele fica ainda mais incrédulo do que antes.

— Não precisa mentir, é só não contar! — responde simplista.

— Como se fosse fácil! — ele exclama.

— Vamos nos preocupar com isso quando for a hora. — ela fala numa tentativa de tranquilizá-lo.

— Está bem, eu vou procurar por candidatos e depois eu te ligo. — diz ele ao passar a mão nos cabelos.

— Obrigada Rafa. — ela sorri abertamente.

— Por nada Alice. — o homem retribui o sorriso.

A mulher sai do escritório indo até o ponto de ônibus, com Lipe no comando do restaurante ela não tinha pressa de voltar. Ela estava atravessando a rua quando o som de uma buzina se faz presente e uma moto de entregas quase a atropela.

— VOCÊ ESTÁ MALUCA? — o rapaz da moto grita consigo.

— Não grite comigo! — ela retruca o desconhecido.

— Escuta aqui! Você não pode atravessar sem olhar! — diz ele retirando o capacete.

O rapaz de pele clara e cabelos castanhos a encara com um semblante zangado.

— Eu podia até estar errada de não olhar por onde ando, mas isso não te dá o direito de gritar comigo! — nessa hora mais buzinas são ouvidas, eles estavam trancando o trânsito.

— Viu o que você está fazendo?! Por sua culpa o trânsito parou! — ele coloca o capacete novamente. — Se me der licença… — ele diz acelera a moto, mas sem realmente sair do lugar.

— Você é muito grosseiro! — Alice se afasta dando passagem a ele que torna a acelerar a motocicleta seguindo pela estrada logo sumindo de vista.

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