A Escolha do Noivo

Fazia dois meses desde a conversa entre Alice e Rafael, contudo ela não obteve uma resposta do rapaz, para piorar não podia perguntar sobre isso em casa pela Catarina, então resolve dar uma passada no escritório e ver a quantas andam a procura pelo tal noivo.

Alice sai de casa se dirigindo ao metrô, já que seu carro estava no conserto desde o dia anterior, ela não entendia muito bem o que foi explicado pelo mecânico, contudo sabia que não era normal o veículo apagar do nada. Ela ainda estava na quadra de sua casa quando um carro se aproxima devagar.

— Ei, princesa, quer carona? — fala o rapaz de óculos escuros, mas para o azar dele ela reconheceu sua voz.

— Deixa a Maria descobrir que você anda oferecendo carona por aí e chamando as moças de princesa! É greve na certa, Fernándo! 

— Oh! Nem brinca com uma coisa dessas! — diz ele se benzendo para espantar o mau agouro.

— Você é mesmo um viciado em sexo! — Alice balança a cabeça em negação.

— Não! Sou viciado no sexo com ela! — a corrige. — É, diferente! Mas enfim quer carona “chefe”? — ele faz aspas, pois por mais que ele e seu irmão Felipe trabalhassem com ela, eram tratados como amigos mesmo em local de trabalho.

— Eu não estou indo para o restaurante ainda, Nando, tenho que falar com o Rafa, assuntos burocráticos. — conta o mínimo possível.

— Tudo bem, eu posso te deixar lá e depois vou pro restaurante. — diz com um sorriso leve.

— Okay, se é assim, vamos. — ele abre a porta e ela se acomoda no banco do caroneiro.

A viagem estava sendo tranquila até que…

— Alice você tá com algum problema? — ele pergunta de repente.

— Não por quê? — o encara com o cenho franzido.

— Você anda meio aérea nos últimos dias, parece preocupada com algo. — foi a vez dele franzir o cenho — Você sabe que pode me contar tudo não é?

A família Perez era muito próxima da família Molina, tanto que o responsável por Alice ingressar no curso de gastronomia foi Felipe, além de ter lhe dado todo apoio para abrir o primeiro restaurante.

— Eu sei Nando, mas é que isso é tão… — ela não sabia como contar o que estava acontecendo.

— Então tem algo te incomodando como eu imaginei! O Rafael sabe, não é mesmo? Mas a Cat não! — ele deduz — Porque seu cunhado sabe e sua irmã que é sua maior confidente não sabe? — ele para no semáforo e lhe olha.

— É complicado e constrangedor, ao mesmo tempo, Nando! Por favor, não me obrigue a te contar! — suplica.

— Não vou te obrigar a contar nada. Só acho que há coisas que você não deve guardar só para si, independente de qual seja esse problema, Catarina há de te entender e apoiar, a final de contas você sempre apoiou ela e o Rafael! Até comprou o duplex onde vocês moram para eles terem o seu próprio cantinho!

Ela lembra até hoje da carinha de bebê do Rafael quando lhes disse que poderiam ficar com o apartamento de cima. Ele fez questão de pagar aluguel, nenhum dos dois queria se sentir como se estivessem abusando da boa vontade dela, ou coisa do tipo. Alice pensou em bater o pé e não aceitar o pagamento, contudo, resolveu fazer outra coisa, usar aquele dinheiro e acrescentar um pouco, para comparar a casa que eles tanto queriam, seria seu presente de casamento.

— Não vai dizer nada? — Fernándo lhe tira dos seus pensamentos.

— O sinal abriu! — fala ele revira os olhos e segue pela estrada.

— Não era a isso que eu me referia!


— Você tem razão! Satisfeito! Estou concordando com você! Que saco! — cruzo os braços.

— Você assim parece uma criança mimada. — ri, sua risada é tão contagiante que não resisto o rio junto. — Mas enfim, me conta, você sabe que se estiver ao meu alcance eu te ajudo.

— Mas dessa vez não está!

— Okay, se você diz, mas então pelo menos me diga pra aliviar pouco o peso desse segredo. — insiste. 

— Você não vai parar de perguntar não é mesmo?

— Não. — sorri deixando evidente as suas covinhas.

— Mas que inferno! — exclama e suspira — Meu visto de permanência foi negado e se eu não me casar o mais breve possível, serei deportada pro Brasil! Pronto contei tá contente agora? — lhe olha séria.

— Nossa, realmente esse assunto é bem complicado! Mas como você vai arranjar um marido assim tão rápido? Você parece um ermitão! É de casa para o trabalho e do trabalho para casa! Nem com a gente você sai! — nesse momento ele estaciona em frente ao prédio onde o amigo trabalha.

— Rafa está providenciando isso!

— Não entendi! — confusão, essa era a palavra que definia a expressão no rosto dele.

— Rafael vai procurar alguns pretendentes e propor-lhes um contrato de casamento. — explica.

— Então você vai comparar um marido? — ele pergunta em tom de brincadeira.

— Vou! — não havia forma melhor de explicar — Irei me casar e ele seria pago para viver comigo durante esse tempo.

— Você é maluca! Como você vai se casar com um estranho? Você nem sabe que tipo de cara ele vai ser e se for um serial killer ou algo do tipo?

— Confio plenamente no Rafael, ele vai procurar a fundo cada detalhe da vida do meu futuro noivo! — fala convicta.

— Bem, se você diz! — ele dá de ombros desistindo de argumentar.

— Obrigada pela carona Nando, te vejo no restaurante. — abro a porta.

— De nada Alice até mais, e boa sorte. — fala antes que ela feche a porta e siga ao encontro do cunhado.

— Bom dia, Srta. Molina. — Pablo a cumprimenta assim que ela entra, a fazendo estranhar seu comportamento, ele sempre foi informal com ela, contudo, a presença de uma moça, a namorada do Pablo, se revela o motivo da formalidade do rapaz, ela tem muito ciúme dele!

— Bom dia, Pablo, mas eu já disse que pode me chamar só de Alice, você é como um irmão para mim. — diz mais para a moça do que para ele, então me viro para ela. — Olá, Inês, como vai?

— Bem, Alice,  eu vim só trazer o almoço do senhor esquecido, já estou indo meu trabalho na loja me espera. — ela dá um selinho nele — Tenha um bom trabalho, meu amor. — diz ela. — Até mais, Alice. — sorri para outra se retirando do escritório.

— Até! — Alice responde — Ele está ocupado? — pergunta a Pablo apontando para a porta do escritório de Rafael.

— Não, pode passar. — ele responde.

— Obrigada. — a moça b**e no portal de uma maneira que faça o rapaz saber que era ela, antes mesmo de abrir a porta.

— Que bom que veio, precisava mesmo falar com você em particular. — fala a encarando sério já indicando que entrasse.

— Nossa Rafa, assim você me assusta! — fala com semblante preocupado.

— É que o assunto, é sério, eu vou direto ao ponto! Não consigo achar o noivo do jeito que você quer! 

— COMO? Rafael! — acaba gritando sem querer.

— Abaixa o tom quer que Joaquin e Pablo escutem! — ele a repreende.

— Desculpa, mas… Como você não conseguiu achar?

— Encontrei vários possíveis candidatos, mas nenhum deles tem todos os requisitos que você exigiu! Você vai ter que abdicar, de alguns “itens” ou não haverá casamento! — responde simplista.

— NEM PENSAR! NÃO VOU ABRIR MÃO DE NADA! HOMEM NENHUM VALE ESSE SACRIFÍCIO!

— Já disse para abaixar o tom! — fala a olhando severo.

— Rafael você não entende! Abrir mão de qualquer uma dessas coisas vai acabar com todo o meu planejamento! — tenta se explicar.

— Você não devia ter exigido tanto, nem planejado algo que dependesse de outras pessoas!

— Senhor, o que eu faço?! — algumas lágrimas começam a escorrer, ela se sentia derrotada e odiava isso.

— Gente, desculpa atrapalhar… Mas eu ouvi os gritos e resolvi trazer chá, é de camomila vai te acalmar. Ali! — Pablo diz ao entrar.

— Obrigada Pablo, você é um amor! Pena que não é gay! — suspira secando as lágrimas logo bebendo o chá.

— Como é? Pena que não sou gay? Alice, você tá bem? — Pablo ficou confuso.

— Não, Pablo, eu não tô bem! Se eu não casar quanto antes terei que ir embora da Espanha!

— E o que tem a ver o eu não ser gay com isso? — ele não compreendia.

— Ela vai “comparar um marido” — Rafael fala ao mais novo.

— Quê? Como assim? — Pablo fica em choque.

— Eu fiz um contrato de casamento onde o noivo concorda em se casar com a Alice em troca de uma quantia X de dinheiro! Mas ela é muito exigente! Ela quer um noivo idôneo, responsável, sem vícios…

— Okay, mas essas são exigências plausíveis! — Pablo o corta.

— Tem razão, mas tem mais uma e é essa que empata todo o “processo” ele tem que ser gay!

— Ah! Agora faz sentido! — ele olha para Alice com um sorriso — Obrigado por me considerar um bom partido.

— Mas mesmo que você se enquadrasse em todos os requisitos o juiz de paz poderia achar suspeito, pelo fato de você trabalhar para mim, por essa mesma razão eu já havia descartado o Joaquin, que apesar de não ser gay tem a Alice como uma irmã, mais velha.

— Por falar em irmão mais velho! Acho que tenho o candidato ideal, não conheço uma pessoa mais responsável que ele, nunca se meteu em nenhuma confusão, exceto uma ou outra discussão de trânsito, mas isso quem nunca?! Ele não costuma sair para beber e quando sai normalmente pede uma água, e dá sempre a desculpa que tem que dirigir, mesmo que não seja a vez dele de ser o motorista da rodada.

— Ele realmente se encaixa no que a Alice precisa! — Rafael fala animado.

— Só tem um detalhe…

— Ele não é gay! — completa a moça.

— Exatamente e eu já tive o desprazer de “ver” isso com meus próprios ouvidos.

— Nas atuais circunstâncias, eu acho que não tenho muita escolha, não é mesmo? — Alice olha para os rapazes à sua frente.

— Sinto muito, mas não tem. — Rafael responde e ela suspira resignada — Quem é ele, Pablo?

— É o meu irmão! — ele sorri.

— O Guillermo? — Rafael pergunta desconfiado.

— E eu lá tenho outro? — responde ríspido.

— Mais respeito! Primeiro porque sou mais velho que você! E segundo porque sou seu chefe e você está em horário de expediente! — antes que Pablo lhe respondesse Alice se pronuncia.

— Pablo traga ele aqui amanhã para assinar o contrato às 8h a.m. — fala ao levantar — Só peça a ele que seja pontual. — diz saindo da sala.

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