Os dias que se seguiram foram estranhamente silenciosos.
Lena não disse mais uma palavra ao Diogo desde aquela noite. Ela não chorava mais na frente de ninguém, mas seu silêncio era carregado de dor. Passava boa parte do tempo no quarto, ora com minha tia Helo, ora sozinha. Às vezes a encontrava no jardim, cuidando das plantas, como se cavar a terra com as próprias mãos pudesse livrá-la da mágoa.
Diogo, por sua vez, parecia um fantasma dentro de casa. Andava pelos corredores com os ombros curvados, o olhar perdido. Tentava se aproximar, mas Lena o evitava. Eu o via abrir a boca, como se fosse dizer algo, e então desistir no meio do caminho. Aquilo me partia o coração — não como mulher, mas como alguém que viu um laço forte se desfazer diante dos próprios olhos.
E no meio de tudo isso, havia Bernardo.
Ele não me cobrava nada, e talvez fosse exatamente isso que me prendia a ele de um jeito que eu não sabia explicar. Às vezes, ele apenas encostava a testa na minha e ficávamos assim p