A copa da fábrica era um lugar simples, mas já me era familiar. Tinha estado ali outras vezes, e aquela mesa de madeira comprida, encostada na parede, com seu cheiro de café fresco misturado ao de pão recém-torrado, sempre me trazia uma sensação discreta de acolhimento.
Na mesa, havia queijos cortados, pão francês ainda quentinho, bolo de fubá coberto com açúcar cristal e uma jarra de suco de laranja recém espremido.
Bernardo preparava duas xícaras de café enquanto eu me sentava, observando-o com um certo silêncio entre nós. Ele se movia com a calma de quem conhece cada centímetro daquele lugar, mas não parecia exatamente em paz. Talvez fosse só impressão minha. Ou não.
— Tá forte? — ele perguntou, colocando a xícara na minha frente.
Tomei um gole antes de responder. — Tá ótimo.
Ele se sentou ao meu lado, e por um instante, tudo que se ouvia era o barulho dos funcionários se movimentando do lado de fora. Aquela pausa entre a chegada e o início do expediente.
— Obrigada por ter me tra