Minha mãe e a Cris haviam chegado apenas no dia anterior, mas a presença delas já ocupava espaços em mim que estavam adormecidos fazia tempo. A alegria da Cris, o jeito observador da minha mãe, os comentários rápidos entre uma refeição e outra… Era como se, de repente, duas partes esquecidas de mim estivessem sentadas à mesa, caminhando pelo quintal, percorrendo os corredores do casarão como se pudessem, de algum jeito, recuperar o tempo que ficou pra trás.
À noite, depois do jantar, contei a elas sobre a chácara — que era onde Bernardo e eu pretendíamos morar assim que a reforma terminasse. Falei com calma, tentando não transformar o assunto num anúncio oficial, mas numa partilha verdadeira.
— E vocês vão morar sozinhos lá? — minha mãe perguntou, com a voz baixa, quase distraída, enquanto mexia a xícara de chá nas mãos.
— Sim. A casa vai ficar pronta em breve. Estamos decorando tudo juntos. A ideia é termos nosso espaço… algo que seja realmente nosso, sabe?
Cris lançou aquele olhar t