Capítulo 08 Aurora
Na manhã seguinte, quando desci pelo jardim lateral, meus olhos pararam no que parecia ser um sonho impossível, um carro. Não era luxuoso, nada que chamasse atenção perto dos veículos que costumavam entrar e sair dos portões da mansão, mas para mim era quase inacreditável. Um presente que nunca pensei receber.
O coração bateu forte só de imaginar o que aquilo significava. Vicenzo não queria apenas me agradar, ele queria me afastar de qualquer perigo ou de qualquer olhar que ousasse me seguir enquanto eu andava de ônibus. Ciúme, proteção, possessividade... tudo misturado no gesto dele.
Passei a mão sobre o capô, sentindo a superfície fria, e sorri sozinha. Um carro simples, mas que para mim representava liberdade. A única condição era deixá-lo fora da mansão, bem estacionado na rua de trás, para não levantar suspeitas. Segredo nosso.
E esse segredo, como todos os outros que dividíamos, queimava em minha pele como o gosto do beijo que ainda estava fresco da noite pass