~ LOGAN ~
Eu cheguei em casa cedo demais para o que eu estava habituado.
A mansão estava naquele silêncio de fim de tarde — ar-condicionado perfeito, piso que não range, funcionários que se movem como se tivessem sido treinados para não existir. Em dias normais, eu apreciaria. Hoje, parecia incomodo.
Eu atravessei o hall e encontrei Olívia na sala, sentada com um caderno aberto e uma caneta na mão, como se “suspensa” fosse só um detalhe administrativo.
Mareu estava perto, com aquele jeito dela de estar presente sem parecer submissa: atenção no ambiente, mas sem pedir permissão para ocupar espaço.
Olívia levantou o olhar primeiro. E eu vi ali, ainda antes de qualquer palavra, o eco do que ela tinha me dito. A frase que vinha me atormentando o dia inteiro.
Às vezes eu acho que não tenho pai também.
Eu engoli. Não era o tipo de coisa que se resolve com “filha, me desculpa”. Eu não era bom com o que não tinha protocolo.
Então eu fiz o que eu sempre fazia: comecei pela logística.
— Amanhã