231. De Volta Pra Casa
Nate Donovan
Cinco semanas depois
O sol daquela manhã parecia outro. Dourado, leve, sem pressa, como se o mundo tivesse, finalmente, lembrado de ser gentil com a gente.
Segurei o volante com uma mão e estiquei a outra até o banco de trás, onde Lúcia ajeitava Samuel na cadeirinha com o cuidado de quem manuseia o próprio coração. Eliza, ao lado dela, cantarolava uma música inventada, metade palavras, metade sorrisos.
“Ele tá olhando pra mim!” ela avisou, empolgada.
“Ele tá piscando porque tá tentando entender o tanto que você fala,” Lúcia respondeu, rindo.
Eu ri junto. Nunca pensei que o som da risada delas pudesse ser o melhor tipo de silêncio.
A estrada de volta pra casa parecia nova, embora fosse a mesma. As placas, os postes, o portão da vizinha, tudo parecia pertencer a um outro tempo. E, de certa forma, pertencia.
Paramos na frente da casa, e quando desci, percebi o cheiro familiar de pão e flores. Moira e Olivia estavam na varanda, com balões brancos e azuis improvisados.
“Bem-vi