Olivia Harrys
A alta saiu no fim da manhã depois de uma semana. Papelada, assinaturas, receita de medicamentos, lista de cuidados, horários de fisioterapia, retorno com ortopedista e neuro. Eu conhecia aquele roteiro de trás pra frente, mas nada nele me preparava para o Enzo que eu trazia no banco do passageiro: de tipoia, calado, sombrio, sem o menor vestígio do humor que salvou tantas conversas nossas do abismo.
No caminho, perguntei duas vezes se ele estava com dor. Duas vezes ele respondeu “tô bem”. Mentira. O maxilar travado, a forma como ele respirava curto, o olhar fixo no nada… dor tinha. E muita. Mas a dor maior, eu sabia, era outra: a de encarar o fato de que o braço esquerdo dele não obedecia. O homem que sempre dominou a sala, a negociaç&