Yolanda
O portão de ferro rangeu como se debochasse de mim, cuspindo-me de volta para a rua cinza, onde o vento trazia o cheiro de chuva e gasolina. Cruzei a linha amarela sem olhar para trás. Quase um mês mofando naquele buraco. Quase um mês ouvindo portas batendo, correntes arrastando, vozes mandando em mim. Eu, Yolanda, reduzida a nada.
“Respira,” disse a voz morta do meu advogado à esquerda, andando no meu ritmo, a pasta preta debaixo do braço. “Você está em liberdade provisória. Não é absolvição. É o que a gente conseguiu em tempo hábil.”
“Você acha que eu não sei?” cuspi as palavras, ajeitando a alça fina da bol