A manhã seguinte trouxe uma sensação de incerteza e ao mesmo tempo de renovação. Clara acordou cedo, como de costume, mas o peso sobre seus ombros parecia um pouco mais leve, como se, de alguma forma, ela tivesse tomado uma decisão importante. Mas, ao mesmo tempo, a inquietação sobre as promessas feitas por Gabriel ainda a atormentava. Ele tinha falado as palavras certas, mas será que elas eram suficientes para apagar o passado? Para preencher o vazio que ela ainda carregava dentro de si? Ela se levantou e foi até a cozinha, onde preparou o café da manhã. Enquanto a máquina de café sibilava e liberava o aroma que preenchia a casa, Clara sentou-se com o olhar perdido, olhando para a janela. A luz suave da manhã se filtrava pelas cortinas, e ela pensava sobre a conversa com Gabriel. Não seria fácil, ela sabia disso. Ele tinha muito a provar, e mais importante, ela mesma tinha muito a provar para si mesma. Aurora chegou minutos depois, correndo pela porta da frente com sua energia cont
O dia amanheceu nublado, como se o próprio céu estivesse refletindo os turbilhões internos de Clara. Ela acordou com a sensação de que o peso do mundo ainda estava sobre seus ombros, e embora a presença de Gabriel fosse reconfortante, ela sabia que as escolhas que estava prestes a fazer eram imensamente complicadas. A vida com ele, o reencontro, o recomeço, tudo parecia um jogo arriscado. Ela tinha que ser cautelosa, mas ao mesmo tempo, não queria deixar a oportunidade de reconstruir uma relação que já tinha sido marcada por tanto tempo de afastamento. Aurora, sua filha, dormia tranquila no berço ao lado da cama. Clara a observou por um momento, sentindo uma paz temporária. Ela sabia que qualquer decisão que tomasse afetaria o futuro da filha, e isso a fazia hesitar ainda mais. Depois de um café rápido e de um olhar para o relógio, Clara pegou sua bolsa e se dirigiu à porta. O dia estava começando, mas ela tinha algo importante a resolver. No fundo, sabia que Gabriel a estava esper
O vento gelado da manhã cortava o rosto de Clara como uma lâmina afiada enquanto ela caminhava pelas ruas do centro da cidade. Era uma manhã comum, mas, para ela, nada parecia ordinário. Seus pensamentos estavam dispersos, confusos, e sua mente ainda estava repleta das conversas com Gabriel na véspera. Ele tinha se mostrado tão paciente, tão disposto a esperar, mas havia algo dentro de Clara que a fazia questionar se ela estava realmente pronta para seguir em frente, ou se ainda estava presa ao passado. Enquanto caminhava, ela notava a movimentação ao seu redor. Pessoas indo e vindo, carros apressados, o som das conversas e os ruídos típicos de uma cidade que nunca dorme. A rotina das ruas parecia tão distante de seus dilemas internos, mas, ao mesmo tempo, era reconfortante ver que o mundo continuava seu curso. Não importava o quão turbulenta fosse sua vida pessoal, o mundo não parava por ela. Clara parou em frente à cafeteria onde costumava tomar seu café da manhã. Era um local sim
Clara passou os próximos dias imersa em seus próprios pensamentos, uma constante luta interna entre o desejo de seguir em frente com Gabriel e o medo de se entregar novamente. Cada vez que olhava para ele, via não só o homem que a fazia sorrir, mas também as falhas que os haviam levado a se separar no passado. A dúvida era como uma sombra que nunca a deixava, e, enquanto isso, a vida seguia, como um rio que corre sem parar. Na manhã de terça-feira, Clara se encontrou em seu apartamento, olhando pela janela da sala de estar. O céu estava cinza e nublado, e a cidade parecia ter entrado em um ritmo mais lento, talvez antecipando a chuva. Clara observava o movimento das pessoas lá embaixo: algumas caminhando apressadas, outras se refugiando sob guarda-chuvas, algumas perdidas em seus próprios mundos. Ela sentiu que havia algo em comum entre ela e aquelas pessoas — todos estavam lidando com suas próprias batalhas, mesmo que silenciosas. O telefone de Clara vibrou novamente. Ela não prec
Clara estava nervosa. A ansiedade de encontrar Gabriel novamente se misturava com uma sensação de incerteza sobre o que ela realmente queria. Ela não sabia ao certo o que iria acontecer, mas sentia que precisava se permitir sentir, vivenciar as emoções sem se pressionar demais. O que a angustiava, talvez, fosse a expectativa. Ela não queria dar falsas esperanças, nem se entregar a algo que ainda não compreendia completamente. No dia seguinte, ela se preparou para o encontro. Colocou uma roupa simples, confortável, mas que, de algum modo, a fazia se sentir bem consigo mesma. Ela escolheu um vestido leve, de cor neutra, e passou apenas o básico de maquiagem. Era uma escolha consciente — ela não queria parecer diferente do que realmente era, e isso a fez sentir-se mais à vontade. Quando saiu de casa, o clima estava nublado, como se o céu estivesse refletindo suas emoções. A cidade parecia mais calma naquele dia, quase deserta. Clara desceu as escadas do prédio com uma sensação de melan
Clara acordou no dia seguinte com a sensação de que algo dentro dela havia mudado. Não era uma grande transformação, mas havia algo leve, algo que parecia indicar que as coisas, aos poucos, estavam começando a se ajustar. O encontro com Gabriel, embora simples, havia lhe dado uma perspectiva diferente. Ela sabia que não tinha todas as respostas, mas estava disposta a seguir em frente, a caminhar passo a passo, sem pressa. O sol ainda estava fraco quando ela saiu de casa, com a mente agitada. Não sabia exatamente o que iria fazer, mas tinha a sensação de que as decisões que tomaria dali em diante iriam moldar seu futuro de uma maneira que não poderia mais ser ignorada. Ao chegar ao trabalho, Clara se sentiu mais calma do que nos dias anteriores. A rotina parecia confortável, e, de certa forma, ela gostava disso. Havia algo na previsibilidade dos dias que lhe trazia um tipo de paz, algo que a fazia sentir que, pelo menos, estava no controle de sua vida. Mas, no fundo, ela sabia que a
Os dias seguintes passaram de forma estranha para Clara. O trabalho, que antes parecia ser o seu refúgio, agora a fazia sentir-se dividida, sem saber o que fazer com a avalanche de emoções que surgiram após o encontro com Gabriel. Por mais que tentasse focar no presente, uma parte dela ainda estava presa no passado, nas memórias que construíra ao lado dele, nas promessas não cumpridas e nas palavras que ainda ecoavam em sua mente. Naquele dia, Clara foi para o trabalho mais cedo do que o habitual. Queria estar ocupada, queria que os minutos passassem rapidamente para que pudesse, de alguma forma, se distrair do que estava acontecendo dentro de si. Ela sabia que a vida estava prestes a dar um giro inesperado, mas ainda não sabia se estava pronta para isso. O peso das escolhas parecia estar em seus ombros, e ela se sentia cansada de ter que tomar decisões difíceis o tempo todo. Logo que entrou no escritório, Clara percebeu que algo estava diferente. O ambiente estava mais movimentado
O vento do parque já não parecia tão suave para Clara. O ar fresco que antes trazia um alívio, agora parecia mais pesado, como se estivesse carregando o peso das escolhas que ela teria que fazer. Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que tomar uma decisão. Gabriel estava novamente em sua vida, e o que antes parecia ser uma surpresa agora começava a parecer inevitável. Clara olhou para a mensagem que Gabriel havia enviado e, por um momento, pensou em ignorá-la. Mas sabia que isso não a faria seguir em frente. Na verdade, ela não sabia o que a faria. O passado estava novamente à sua porta, batendo forte, enquanto ela tentava desesperadamente encontrar uma maneira de viver no presente. Ela suspirou, guardou o celular na bolsa e ficou mais alguns minutos observando o movimento ao redor. Pessoas caminhando, crianças brincando, casais andando de mãos dadas. A vida seguia, indiferente ao turbilhão de sentimentos que Clara sentia dentro de si. Mas ela sabia que não poderia deixar o