A noite havia caído quando Clara voltou para casa. As luzes da cidade brilhavam através da janela do carro, mas nada parecia trazer conforto. O que havia acontecido naquele restaurante ainda estava fresco em sua mente, a tensão com Gabriel, o peso de suas palavras que a perseguiam, e a pressão crescente sobre suas escolhas. Ela estava perdida em seus pensamentos, e o vazio no peito parecia ser o único companheiro constante.Quando entrou em casa, os sons familiares a receberam. A cozinha estava iluminada, e sua mãe ainda estava lá, mexendo em algo no fogão. Seus irmãos estavam na sala, rindo e conversando sobre algo trivial. Tudo parecia tão... normal. Como se nada tivesse mudado. Mas Clara sabia que sua
Clara acordou no dia seguinte com a sensação de que algo havia mudado. A noite de reflexão havia sido longa e cheia de questionamentos. Ela sabia que tinha que tomar uma decisão, mas o peso dessa escolha parecia insuportável. O que ela queria para o futuro? A segurança que Gabriel oferecia? Ou a possibilidade de algo genuíno com Daniel, ainda que fosse um caminho incerto?Ela se levantou, observando os raios de sol que entravam pela janela, iluminando o quarto com uma luz suave. Era um novo dia, e o dilema persistia. Clara se sentia dividida, como se estivesse presa entre duas realidades. A responsabilidade que vinha com o casamento, a expectativa de seus pais, e o peso da dívida que estava sendo paga com a sua liberd
A tarde caiu preguiçosa, trazendo com ela um clima frio e cinzento que parecia refletir exatamente o que Clara sentia por dentro. Ela passou horas andando em círculos no quarto, evitando olhar para o celular, evitando pensar demais. Mas pensar era tudo o que conseguia fazer. Os passos no corredor foram os únicos a trazê-la de volta à realidade.— Clara? — Era sua mãe. — O jantar vai ser um pouco mais cedo hoje. Gabriel virá.O nom
A noite caiu com um silêncio estranho, como se o mundo ao redor tivesse parado para observar Clara desmoronar por dentro. Sentada na beira da cama, os olhos fixos na parede opaca do quarto, ela sentia a pulsação no pescoço como um tambor descompassado. A conversa com Gabriel ecoava na mente, cada palavra como uma lâmina.Ela não sabia se sentia alívio ou medo. Gabriel sabia. E embora ele não tivesse gritado ou ameaçado, sua última frase carregava uma força silenciosa que doía mais do que se ele tivesse partido algo contra a parede. Clara estava sozinha na casa, sentada no sofá da enorme sala que agora parecia mais fria do que nunca. Havia uma taça de chá esquecida sobre a mesinha de vidro, e a TV ligada sem som transmitia um noticiário qualquer. Ela olhava para a tela sem enxergar nada. Seu corpo estava ali, mas sua mente… estava em colapso.O telefone havia tocado há alguns minutos. Um número desconhecido. A voz do outro lado era formal, firme:— Senhora Clara Montenegro? Aqui é da delegacia central. Precisamos que compareça imediatamente. Trata-se de um assunto relacionado ao senhor Daniel Montenegro.O coração dela deu um pulo tão forte que parecia ter sido arrancado do peito.Capítulo 25 — O Preço da Mentira
Os dias que se seguiram foram como um mar revolto — intensos, imprevisíveis, e perigosamente profundos. Clara passava as manhãs respondendo a questionamentos da justiça, seus dias ocupados entre advogados e oficiais, e suas noites em silêncio absoluto, refletindo sobre os caminhos que a haviam levado até ali. A mansão Montenegro agora parecia uma gaiola dourada. Imensa, opulenta, mas vazia.Gabriel não havia voltado para casa desde a prisão de Daniel. Sua ausência era um lembrete constante de tudo que estava em ruínas: o casamento, a confiança, a família. E, principalmente, o futuro.Ela caminhava pelos corredores em busca de sentido, enquanto fotos antigas ainda pendiam das paredes — imagens de um tempo em que tudo parecia apenas uma fantasia
A sala de estar estava tomada por um silêncio denso. O tipo de silêncio que precede uma tempestade — não de gritos ou violência, mas de palavras duras e necessárias. Gabriel permanecia de pé, observando a moldura do casamento, enquanto Clara mantinha as mãos cruzadas, com os dedos trêmulos, à beira do sofá.— Recebi a carta — ele disse, sem rodeios.Ela engoliu em seco.— Eu não sabia se devia mandar.— Mandou. E foi o suficiente.Gabriel caminhou lentamente até o sofá oposto, sentando-se com um suspiro cansado. Seus ombros estavam curvados, como se os últimos me
Daniel observava os noticiários em silêncio. As acusações se empilhavam como cartas prestes a desmoronar. Desvio de verba, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro... A lista crescia a cada dia. Mas ele não demonstrava desespero. Ao contrário, mantinha a expressão fria e controlada de sempre, como se ainda pudesse manipular os fatos a seu favor.— Eles não têm provas suficientes — murmurou para si mesmo, servindo-se de um copo de uísque caro. — Tudo que têm... veio dela.Ele odiava admitir, mas Clara o havia traído da pior forma. E agora, estava protegida sob o guarda-chuva da justiça. Arrependida, colaborando com a promotoria. Um escudo que ele não podia mais atravessar com palavras doces ou ameaça