Johnny carregava uma xicara nas mãos. Ele me deu a xicara e ficou me analisando.
- O que foi? - Perguntei com medo.
- Isso esta horrivel! - Ele virou e foi até um comodo da casa.
Fiquei pegando minhas coisas que estavam em cima da mesa.
Johnny voltou com um espelho e me mostrou. Meu olho direito estava roxo.
- Que droga! - Abaixei a cabeça.
- Diga-me, por que fizeram isto contigo? - Ele tocou meu braço e eu me afastei.
- Porque eu gosto de alguem, e acho que nessa cidade é crime! - Fui até a porta. - Pode abrir a porta? Quero ir para casa.
- Claro. . . - John abriu a porta e sorriu. - Acho que esta muito escuro para uma menina de 15 anos andar por ai, se você quiser eu te levo de carro.
- Acho que é muito perigoso uma menina de 15 anos andar de carro com um adulto desconhecido. - Virei-me e fui embora.
Cheguei em casa e meus pais me esperavam sentados no sofa.
- Mesmo assim você sai para ir para a escola e chega as SEIS HORAS DA TARDE! - minha mãe gritou me olhando.
Estava com as luzes apagadas e não dava para ver meu olho roxo.
Fui subir as escadas mas meu pai entrou em minha frente.
- Você não vai fugir, não dessa vez! - Meu pai me segurou.
Minha mão foi acender as luzes mas eu a empedi.
- O que é isso? - Minha mão percebeu e acendeu de uma vez a luz.
- O QUE ACONTECEU COM SEU OLHO? ? ? - meu pai deu um berro.
- Nada. . . e que. . . eu. . . entrei numa briga de bar! - Que mentira.
- Numa briga de bar? - Meu pai arregalou os olhos e minha mãe ficou pasma.
Eu não poderia contar a ele que eu gosto de uma garota.
- É a gota d'água Fátima, eu não vou mais permitir que faça tamanha besteira com sua vida! - Meu pai continuava gritando. - Você está de castigo para o resto da VIDA! ! !
Meu pai mandou eu ir para o quarto e trancar a porta. Pude ouvir os dois berrando e gritando.
Eu poderia ser um motivo para eles se separarem.
Depois de alguns minutos meu pai bateu em minha porta.
- O que foi? Se separaram?
- Aposto que é isso que você mais quer, não é?
- Claro que não! - Gritei.
- Você precisa de uma bolsa de gelo? - Ele estendeu a mão segurando uma.
Peguei-a da mão dele e apertei em minha face.
- Você vai ir e vir para a escola de carro se continuar fazendo essas coisas. - Ele se virou e foi embora.
Deitei-me na cama e suspirei, estava me sentindo horrivel.
Fechei os olhos e esperei. Ouvi uns barulhos vindos debaixo de minha cama. Abri os olhos e o barulho parou, fechei-os novamente e o barulho começou denovo. Decidi olhar em baixo dela mas não tinha nada. Deitei na cama e fechei os olhos e o barulho voltou a fazer, quando abri os olhos havia uma mulher flutuando em cima de mim, dei um grito e cai no chão. Fechei os olhos e aquela mulher já havia sumido.
Que vida eu tinha, aquelas visões já estavam me enlouquecendo, eu já estava louca.
Desci as escadas e olhei pelo buraco da fechadura do quarto de meus pais, só minha mãe está dormindo, meu pai havia desaparecido.
Coloquei meu casaco e fui dar uma volta na cidade.
Cheguei na ponte no meio da cidade e vi um casal aos beijos e abraços, esfreguei meus olhos e foquei neles, ERA
MEU PAI E UMA VAGABUNDA QUALQUER! !
Corri até os dois desnorteada.
- PAI, PAI, PAI? ? ? - eu berrava como uma louca. - TRAIDOR, TRAIDOR, TRAIDOR. . .
Meu pai tentou me segura, mas eu corri para longe. Eu queria morrer ou matar.
Cheguei na beira da praia e sentei me na areia. Eu não cheguei a chorar mas estava quase.
Eu fiquei lá até amanhecer.
Voltei para casa e meus pais tomavam café da manhã juntos.
- Você lembra que eu disse que estava de castigo? - Minha mão me disse encarando. - Você quebrou as regras novamente! O que você estava fazendo?
- Pergunte para o papai! - Eu subi as escadas para tomar um banho.
Quando desci as escada meu pai me esperava para irmos a escola.
- Fátima, entre no carro! - Meu pai abriu a porta do carro.
- Me obrigue, seu. . . merda! - Fui para a escola á pé.
James e os vermes vieram correndo atrás de mim e a unica coisa que fiz foi correr também.
Avistei Marie e seus amigos conversando, então corri para perto deles, os garotos fizeram uma barreira na minha frente fazendo com que James e os vermes parassem.
- Saiam da frente seus maconheiros! - James empurrou Markus.
- O que vocês querem com a Fátima! - Um dos garotos empurrou James.
Meus amigos começaram a gritar com James e os vermes que faziam o mesmo.
Marie olhou para mim e sorriu tentando me confortar.
De repente James deu um soco em Markus que devolveu, e todos começaram a se bater. Rapidamente Marie começou a ajudar a bater neles e eu também. Num piscar de olhos já haviam um monte de alunos assistindo e gritando a pancadaria, Melissa me olhava estática, como se estivesse torcendo para que eu ganhasse a briga.
Meus pais e os pais de todos foram chamados no colégio, Minha mãe olhava assustada com o tento de sangue que escorria de nossos rostos. Melissa entrou pela porta desesperada a procura do namorado. James me olhava com odio, e Marie e seus amigos riam. Pude ver que eles eram os melhores amigos que eu já pude ter.
Minha mãe levantou-se e foi para fora do colégio e meu pai me olhou com reprovação.
- Você não é a Fátima, você só dominou o corpo dela que agora é um monstro! - Meu pai me disse com lagrimas nos olhos.
Antes de eu responder a diretora chegou andando e entregou uma bolsa de gelo para todos.
- Senhorita Marie, não esperava que você voltaria a fazer esse tipo de coisa!
Marie abaixou a cabeça e ouviu quieta.
- Achei que depois daquela conversa você cumpriria com seus deveres. - Ela pegou uma caneta e começou a anotar. - Vocês todos estarão fora de meu colegio durante 2 semanas e meia.
Melissa olhou para mim e me reprovou dos pés a cabeça.
- Diretora, você viu que foi o James que começou, ele bateu em duas meninas, fala serio! - Marie chutou o lixo com raiva.
- Você ajudou sua amiga a bater neles, isso eu também não posso aturar! - A diretora cruzou os braços.
- Você esta brava comigo porque é uma fraca! - Marie bateu as mãos encima da mesa da diretora fazendo um copo d'água cair no chão.
Rapidamente a diretora pegou o copo e reprovou Marie.
- Se você continuar com essas atitudes não vai entrar em minha escola nunca mais!
Levantei-me.
- Diretora, a culpa é minha, deixa Marie e os outro fora dessa, a briga começou por minha causa!